Um conto – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Vamos para Índia, na cidade de Porbandar, em Guzerate, fronteira com o Paquistão. Nos anos de 1860, existia um político. Karamchand era seu nome. Um dewan (ministro chefe), que estava disposto a conquistar o mundo, marcar uma época, libertar a Índia da Inglaterra, ecoando suas ideias para o resto do mundo.
Casou-se pela quarta vez com Putliba, uma mulher religiosa, devota de Vaisnava, que certo dia, chegou cantando o mantra supremo, Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare e contou que estava grávida.
Karamchand não gostou da notícia e disse a ela que essa criança seria um problema em sua carreira, pois estava destinado a marcar a história da Índia, e avisou que em breve iria arranjar o casamento de seu filho, para tão logo seguir seu destino.
Nasceu então um menino, passados 13 anos, Karamchand fez o casamento arranjado, conforme os costumes hindus. Disse então para seu filho seguir o seu caminho e nunca mais lembrar que tinha pai, e que ele faria o mesmo em relação ao filho.
E aqui inicia um belo conto que não é de fadas, mas sim de um simples descendente de Brahmanes, que com o apoio da mãe, desafiou os regulamentos de sua casta, que proibia a viagem para a Inglaterra, e foi cursar Direito naquele país.
Diferente de Códigos e Leis manuseava as leituras do Bhagayad-Gita, escritura Hindu, juntamente com o Evangelho e o Sermão da Montanha. Afirmava a simplicidade como o valor principal, agregando-se à crença hindu de Satya (verdade) e da Ahimsa (não-violência).
Sua mãe morreu. E neste período recebeu convite de uma empresa Hindu para ir à África do Sul, em Kwa Zulu, defender um cliente em um processo judicial.
Na África do Sul, onde o racismo era notório, aguçado ainda mais pela sua consciência social, fez sua defesa em uma causa que era extremamente difícil, e com isso, obteve uma grande projeção.
Neste período, surge uma lei na África, privando os hindus de votar. Alguns amigos, já adeptos aos seus pensamentos, insistiram para que defendesse a causa dos seus direitos. Então fundou em KwaZulu-Natal o Congresso Hindu. Iniciava a estratégia política, jejuar por dias e dias.
O menino diferente de Porbandar confeccionava suas próprias roupas, também passava um dia da semana em silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, trazia-lhe paz interior.
Um novo modo de vida é construído pelo filho do político Karamchand. Mas onde está Karamchand? É certo que não conseguiu méritos políticos…morreu sem fazer história, e no caminho alguém lhe superou. Uma grande alma, assim denominada Mahatma Gandhi, o maior legado da Índia. Suas palavras são sábias, e em se falando de paz, registrou: “Não existe um caminho para Paz! A Paz é o caminho!”.
E na lápide do Sr. Karamchand está gravado: KARAMCHAND – Foi o pai do maior pacifista que a Índia já teve: MAHATMA GANDHI.
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
@vitorhugoaf
Meus caros, registro aqui que o texto de hoje teve participação especial da patroa, Andrea Deprá. Abraços, Vitor Hugo