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CULTURA. Athos Miralha da Cunha lança um livro que faz pensar em tempos toscos: “Contos de Chumbo”

Autografando “Agachados”, um dos vários livros de Athos. E amanhã tem mais um, e dos bons
Autografando “Agachados”, um de seus vários livros. E amanhã tem mais um, e dos bons

Não perguntei ao Athos (Ronaldo Miralha da Cunha) qual a rotina dele, como escritor. Mas imagino que tenha um método. Afinal, o cara é engenheiro por formação, com tudo o que isso significa, e bancário por profissão. A convicção deste editor é que ele seja organizado.

Mas é mais que isso. Da minha geração nos tempos de chumbo, ainda bem que já na parte final – do contrário poderíamos ser uma das personagens do livro, e não sei se esse texto laudatório poderia ter sido escrito. Você leu certo. Repito: laudatório. Afinal, sou fã de carteirinha do cronista Athos, e estou me inteirando dos seus contos. Como estes, que compõem os “de chumbo”.

Não vou descer a detalhes (aliás, expressão daquela época, convenhamos, ainda que “baixar os detalhes” talvez fosse mais apropriado), mas só digo uma coisa; aliás, duas.

Uma é que dá pra ler de uma tocada só e ficar pensando de duas ou três. Porque há o que refletir, nesses tempos em que muita gente acha que é fácil protestar. E é, porque a democracia foi conquistada pelos que foram martirizados (alguns, literalmente) naqueles tempos. E outra é apenas repetir algo que está escrito lá na orelha do livro (não li só ela, pode apostar): “aqui tudo é ficção, mas bem que poderia ser verdade”. Verdade. Verdadeira.

Sobre o lançamento do livro “Contos de Chumo” e outros detalhes sobre seu autor, confira o material originalmente publicado no sítio da Cesma, onde, por sinal, acontece o lançamento, no final da manhã deste sábado. Ah, a foto lá de cima é do Feicebuqui do Athos. Acompanhe:

athos livroLançamento da obra “Contos De Chumbo” na CESMA

No dia 8 de agosto, às 10h30min, na CESMA (Prof. Braga,55) será lançado o livro “Contos De Chumbo”.

Nos últimos anos o Brasil foi tomado por grandes manifestações. Multidões nas ruas expressando seu descontentamento com os rumos da política e da economia. O que mais causou polêmica nos protestos foi a reivindicação, através de palavras de ordem e faixas, pela volta dos militares ao poder.

Como sabemos, a ditadura brasileira foi cruel para quem não concordava com o regime. Até hoje famílias amarguram o desaparecimento de seus entes queridos e rezam diante de sepulturas vazias. Um período de chumbo para a democracia, para a liberdade de expressão e para os brasileiros. E para sintetizar nosso anseio uma frase é significativa: ditadura nunca mais.
Esse “Contos de chumbo” retrata um pouco da história recente do país. Os percalços de quem era contra e a desumanização das forças de segurança. As contradições e utopias dos guerrilheiros, da imprensa cerceada no ato de informar e das atrocidades dos militares cumpridores do seu dever. Alguns dos contos remontam à época e o ápice da ditadura na sua fase mais implacável e outros são memórias de quem sobreviveu e resolveu contar suas sombrias reminiscências.

Sobre o autor:
Athos Ronaldo Miralha da Cunha nasceu em Santiago-RS, 30.10.1960, é graduado em Engenharia Civil pela UFSM e funcionário da Caixa.

Integrante de várias coletâneas, dentre elas os livros de contos: A frase do doutor Raimundo – ed. Movimento 2009 [Finalista do Prêmio Açorianos 2010]; Milongueiro – ed. Movimento 2011; O colecionador de cuias – ed. Movimento 2012; Bastardo – ed. Movimento 2013 e 4-3-3 e o porteiro do estádio – ed. Movimento 2014. Um dos autores e organizador dos romances coletivos Os dez mandamentos – ed. Movimento 2008 e Arquimedes – ed. Movimento 2010.Organizador da coletânea O bom cabrito berra edição do Sindicato dos Bancários 2008.Autor do livro Os agachados – crônicas da Era Lula, edição 2012.

Lançamento “Contos De Chumbo”

Dia: 8 de agosto

Horário: 10:30

Local: CESMA (Prof. Braga, 55)

Entrada Franca

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Um Comentário

  1. "As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro. Eu não compartilho da lenda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática" Daniel Aarão Reis Filho (historiador, fez parte do MR8, foi exilado e foi um dos fundadores do PT). Tese de doutorado: As organizações comunistas e a luta de classes no Brasil.
    "A essência da estratégia do Partido, definida em seu Manifesto-Programa, é a conquista de um governo popular revolucionário através da luta armada, da guerra popular." in Guerra Popular, caminho da luta armada no Brasil- Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Rio de Janeiro, janeiro de 1969.
    "Erram – e erram gravemente, porém –os que pensam poder apressar esse processo pelo jogo de pressões manipuladas sobre a opinião pública e, através desta, contra o Governo. Tais pressões servirão, apenas, para provocar contrapressões de igual ou maior intensidade, invertendo -se o processo da lenta, gradativa e segura distensão, tal como se requer, para chegar-se a um clima de crescente polarização e radicalização intransigente, com apelo à irracionalidade emocional e à violência destruidora. E isso, eu lhes asseguro, o Governo não o permitirá" Geisel ainda em 1974.
    Daria para achar muito mais. Só que "a democracia foi conquistada pelos que foram martirizados (alguns, literalmente) naqueles tempos" não procede. Nem queriam democracia e nem foi "conquistada".

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