Ódio e nojo à ditadura – por Daniel Arruda Coronel
No dia 31 de março, completaram-se 48 anos do Golpe Militar que depôs o presidente João Goulart, e tal dia deve ser sempre lembrado como uma data perversa e monstruosa aos valores morais, éticos e democráticos. O presidente João Goulart assumira a Presidência em função da renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e começou a implantar um projeto de desenvolvimento econômico e social jamais visto até hoje no país, que pode ser sintetizado nas reformas de base. Tais ações e medidas reformistas foram rotuladas pelos setores reacionários de “comunistas”, e, a partir de então, esses opositores começaram a acelerar, com o apoio dos Estados Unidos, de setores conservadores da Igreja Católica e dos governadores Magalhães Pinto, Carlos Lacerda, Ademar de Barros e Ildo Meneghetti, a queda do presidente Goulart.
Os 21 anos de ditadura deixaram centenas de pessoas mortas, torturadas, exiladas e desaparecidas, além de uma situação caótica do ponto de vista econômico, com altas taxas de inflação e aumento da dívida extena. Não obstante a isso, na semana passada, alguns militares da reserva comemoraram, na sede do Clube Militar, no Rio de Janeiro, os 48 anos do golpe militar.
Comemorações como essas só podem partir de pessoas que não respeitam as instituições e os valores democráticos, que não suportam um jornalismo livre, autêntico e independente, que preferem os porões da ditadura às vozes e ecos democráticos, a tortura e o sangue ao bom debate.
Quando se observam comemorações como estas, mais do que nunca, são pertinentes as palavras de Winston Churchill: “a democracia é o pior sistema de governo já inventado, salvo todos os outros”, ou seja, por mais que a democracia apresente falhas, ela é o pior sistema políticos depois de todos os outros. Enfim, mais do que nunca, devemos lembrar algumas das palavras do ex-deputado Ulysses Guimarães, as quais são um canto lirico à democracia: “temos ódio e nojo à ditadura… a sociedade é Rubens Paiva e não os fascínoras que o mataram”. Tais palavras, apesar de terem sido pronunciadas há 24 anos, ainda são atuais e pertinentes, principalmente quando ainda se louva o dia 31 de março de 1964.
P.S. Gostaria de cumprimentar a todos os internutas do site do Claudemir Pereira e informar que, a partir de hoje, uma vez por mês, estarei enviando um texto em que abordarei diversos temas locais, nacionais e internacionais. Sinceramente, é motivo de honra e orgulho poder contribuir com este site por dois motivos: primeiro, pelo nível intelectual dos que acessam esse site; segundo, porque venho acompanhando há muitos anos o trabalho do Claudemir, o qual atua numa das áreas por que tenho o maior respeito e admiração, ou seja, o jornalismo político. Sou de opinião de que a imprenssa não é isenta, pois é constituída por profisisonais que têm suas posições e opiniões, contudo tais posições não devem ser externadas a seu público, sob pena de termos um jornalismo viesado. O Claudemir vem fazendo análises políticas principalmente com foco na região, se não me falha a memória, desde a segunda gestão do Dr. Farret, e o que temos sempre visto é uma maneira qualificada, sem ofensas à honra das pessoas, séria, ética e sem demagogia, de tratar as questões políticas e os seus atores sociais, algo que muitas vezes não acontece no jornalismo.
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Daniel Arruda Coronel é Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
onde está meu comentário ? Não encontro
Em nome de que se mantém até hoje a impunidade dos torturadores, estupradores e assassinos da ditadura militar ?
Esses terroristas do Estado merecem punição rigorosa. Sua impunidade é uma vergonha e um risco para a democracia brasileira.
E o general que ordenou as torturas em Rubens Paiva tá em casa palitando os dentes enquanto um ministro do STF sentou em cima do processo que apura o crime. ACORDA BRASIL !!!!!
Parabéns ao Professor Daniel,pelo texto educativo,pois nossos jovens deveriam estudar essa lição. Dilmar
A ditadura ao contrário do que pensam os maus militares, não foi um sistema de governo, foi só um ato de COVARDIA!!!
Cumprimentos ao Professor Daniel pela reflexão oportuna e consciente que fez sobre este período monstruoso da histórria do país, mas que muitos ainda sentem orgulho.
Como disse o inesquecível Ulisses Guimarães, em seu discurso de promulgação da Constituinte, “Ódio e Nojo á Ditadura”. Sempre,sempre. Tão lamentável quanto a “comemoração”no Clube Militar”,é a presença,hoje,nas salas e ante-salas dos poderes,nas bases aliadas, etc.de políticos e seus descendentes que,na época de triste memória,foram sustentáculos desse regime que empobreceu a cidadania brasileira,entristeceu, calou e enlutou tantos lares.Parabéns pelo seu artigo e por sua presença no mais valorizado espaço jornalístico de Santa Maria,o sítio do Claudemir.Um abraço.
Parabéns ao Prof Daniel pela postura cidadã ao rememorar uma das etapas mais sombrias da história brasileira em que vozes e bandeiras foram sufocadas e ceifadas pela repressão violenta. É essencial manter viva a memória para que os barbarismos medievais jamais turvem a democracia e a cidadania que devem ser os alicerces do processo civilizatório. A propósito, é preciso que haja maior mobilização da sociedade brasileira para, dentre outras tantas lutas democráticas, apoiar a formação da Comissão Nacional da Verdade, criada pela Lei nº 12.528/2011, e que tem como um dos objetivos norteadores promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior (art. 3º, II). A Comissão da Verdade terá, portanto, a missão de esclarecer fatos e circunstâncias dos casos que envolvam graves violações de direitos humanos, revelando páginas que ainda continuam obscuras. O processo de construção e consolidação da democracia estará incompleto sem que se esclareçam profundamente todos os crimes praticados no período da Ditadura Militar. Não se trata de revanchismo, mas, sim, do direito de conhecer a história, mesmo que esta seja permeada por fatos lamentáveis e desumanos praticados pelos gorilas e pelos sabujos que envergonharam nossa Pátria.
A mim me repulsa qualquer ideologia ou sistema político onde interesses de poucos se sobrepõe aos interesses da maioria. Em história tenho lido a ação patrótica de ilustres homens que se destacaram com nobreza e lealdade visando o bem comum e engradecimento da pátria e pertenciam as mais variadas classes: Tiradentes, o alferes; Barão do Rio Branco, demarcou nossas fronteiras com brilho e inteligência, selou nossa soberania; Duque de Caxias, se destacou em lutas em defesa da pátria e estruturou o Exercito Brasileiro;D. Pedro II, o mais nobre e democrático de todos os governos, foi banido e seguiu para o exílio de uma forma patética e pobre, pois não aceitou indenização e nem ajuda financeira ao contrário de muitos políticos que se locupletam com o dinheiro público visando seus nteresses particulares. Em todos os tempos há bons e maus governos em todos os regimes e sistemas. Poderia citar até um Péricles, Sólon ou Júlio Cézar, mas o que dignifica um país é o bom caráter do cidadão, muito precário nos dias de hoje. O que eu observo: é muita vaidade, banalizações e beligerâncias,numa maioria expressiva, e, não em todos encarregados e responsáveis por setores e áreas da administração do bem público. Infelizmente a política é feita nos palanques, com teor demagógico e populista,aguerrido e acusatório. Infelizmente essas mazelas todas vão continuar onde haverá sempre vítimas e heróis, perdedores e vencidos e vencedores até que surja uma universidade de corações enobrecidos, o que acho difícil, visto que a mesquinhez, o egoísmo, a inveja e outros sentimentos negativos fazem parte da conjuntura do ser humano. Mas a força de mercado governa e estamos todos com uma cordinha no pescoço, então vamos esperar pela evolução pela concretização de nobres ideais.