Aos 154 anos, um presente ao futuro – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Engraçado como são as coisas, dividimos o tempo em passado, presente e futuro. Passamos, por vezes, a remoer passado, que pelo próprio nome já nos diz que se foi, passou; ou ainda despejamos nossas forças ao futuro, que ainda está lá, por vir; e neste contrassenso deixamos o presente.
Na leitura que me proponho, não repudio as lembranças do passado, pois inevitavelmente elas construíram o presente; tampouco abandono o futuro, este também é resultado daquele. Apenas quero instigá-los (não no meu agora, pois enquanto escrevo estou no meu presente, mas quando estiverem lendo, estarei no passado da escrita, mas no presente dos leitores, e esperançoso no pensamento futuro de vocês).
Continuemos! Tenho certa preocupação que tenhamos nos perdido em expectativas futuras, ou nas recordações do passado. E o hoje? O Agora? A contemporaneidade?
Talvez justamente esta aproximação entre futuro e passado que prejudique o presente. Vejam só! A velocidade dos nossos tempos nos faz instantâneos, pois o nosso presente já é, muito brevemente, passado. O que é, rapidamente, foi. Do início deste parágrafo, aos que chegaram até aqui, já é passado; às linhas adiante: o futuro.
O futuro está sempre na imaginação. E se nos cabe imaginar, o que teria dito Shakespeare à frase de Einstein “a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente”, arrisco-me a pensar em um encontro entre passado, presente e futuro, que tivera Shakespeare respondido, “o passado e o futuro parecem-nos sempre melhores; o presente, sempre pior”. Tal como o sujeito, de canto, ao fundo do balcão de um bar, na espera de uma conversa, eis que Nicolau Gogol pudera, diante dos notáveis, ter arrematado: “a única coisa que vale a pena é fixar o olhar com mais atenção no presente; o futuro chegará sozinho, inesperadamente. É tolo quem pensa no futuro antes de pensar no presente”.
Em dias de festa, nossa aniversariante, a jovem senhora Santa Maria, espera nos seus 154 anos um presente chamado futuro. Sendo este o desejo da nossa Maria, cá entre nós, já dizia o desconhecido, a melhor forma de prever o futuro é criá-lo, eis o presente.
Felicidades, Santa Maria!
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
@vitorhugoaf
Grande texto Vitor, tu és orgulho de nossa cidade!
O agora é uma dádiva, por isso se chama presente! Santa Maria é uma centenária com muitos anos pela frente, e que necessita de cidadãos engajados em seu processo de desenvolvimento econômico e social. Que nossa juventude honre essa tarefa.
Vitor Hugo, sábias palavras! Quando a maturidade me chega e torna mais lento meu físico, aguça meu cérebro e atiça meu espírito ao te ver como uma jovem liderança acadêmica, cheia de sonhos e ideais. Como nossa “aniversariante” precisa dessa energia que sei/sabemos o quanto poderá inspirar os jovens que farão nossa Santa Maria chegar ao lugar que merece. Você já é importante no contexto do Coração do Rio Grande, mas tenho certeza que chegarás muito, muito mais longe.