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Disputa. Confronto garantido no PMDB. Jobim não abre mão de concorrer à Presidência

No dia 11, em Brasília, reúnem-se os convencionais do PMDB. Na pauta, a escolha da nova direção do maior partido do País. São cerca de 800 votos, de mais de 700 delegados do Brasil inteiro. E uma disputa inevitável: de um lado, o atual presidente, o deputado paulista, Michel Temer. De outro, o gaúcho – aliás, santa-mariense – ex-deputado, ex-ministro (de Fernando Henrique Cardoso, e do Supremo Tribunal Federal) Nelson Azevedo Jobim.

 

Se imaginava, e vários comentaristas publicaram, e os reproduzi aqui, a possibilidade de um acordo. Não haverá. Pelo menos se depender de Nelson Jobim, como ele conta em entrevista ao repórter Fernando Rodrigues, da Folha de São Paulo. Ao contrário, seus apoiadores, e ele próprio, imaginam ter a maioria dos votos dos convencionais, o que significaria que uma eventual desistência (para assumir outro cargo) não deveria ser do gaúcho.

 

O próprio Jobim, na entrevista, admite que seu único risco é a derrota – o que faz parte do jogo democrático. Portanto, não há por que mudar de idéia. E desfia, também, a série de apoios recebidos oficialmente, inclusive o de cinco (podendo chegar a seis) governadores. De maneira que teremos disputa, e das grandonas, pelo controle da direção do maior partido da coalizão governista, junto com o PT, que tem o Presidente da República.

 

No que vai dar tudo isso? Não tenho a menor idéia. Exceto que vale a pena ler a argumentação de Jobim, um nome muito menos santa-mariense hoje (embora seja) e mais nacional. Uma conquista dele, e de nenhum outro peemededebista local, aliás. Confira o que ele pensa sobre o episódio eleitoral interno do PMDB, inclusive com críticas políticas a seu adversário. A seguir:

 

“Temer é estagnação do PMDB, diz Jobim

 

Nelson Jobim quer ser presidente do maior partido político do Brasil, o PMDB. Está em campanha há três meses. Quer retirar da cadeira o deputado Michel Temer (SP), que comanda a sigla desde 2001. A convenção do PMDB está pré-marcada para o dia 11 de março.

A permanência de Temer e de seu grupo, segundo Jobim, será a “continuidade de uma estagnação” no PMDB. Ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso (1995-1997) e integrante do Supremo Tribunal Federal de 1997 a 2006, o gaúcho de Santa Maria é hoje um dos peemedebistas mais admirados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula o desejou ministro ou candidato a vice-presidente. Jobim não quis. Ao deixar o Supremo, filiou-se novamente ao PMDB, partido pelo qual foi eleito deputado em 1986.   Jobim acha que o PMDB precisa ter uma presença nacional e liderar os sete governadores da sigla numa negociação que apresente soluções aos problemas de caixa dos Estados. Aos 60 anos, Jobim diz não correr nenhum risco nessa sua empreitada. “Só o de ser derrotado. Faz parte do jogo.”

FOLHA – Por que um ex-ministro da Justiça e ex-presidente do Supremo se interessa pela disputa da presidência de um partido político?
NELSON JOBIM
– Depois de sair do Supremo, resolvi retornar à minha atividade, que é a advocacia. Ao mesmo tempo, queria ter uma atividade política, porém nada governamental, como ser ministro. Voltei ao PMDB para contribuir com o partido, que nos últimos anos se tornou uma grande confederação de partidos regionais.

FOLHA – Sempre foi assim.
JOBIM
– Não necessariamente. Houve um período no passado que não. Precisamos reconstituir o partido no sentido de transformá-lo em uma agremiação nacional. O partido não tem bandeira nacional. Minha idéia ao me candidatar a presidente é fazer com que as posições assumidas pelo partido sejam relevantes nacionalmente.

FOLHA – Dê exemplos.
JOBIM
– A questão financeira, a tributária e a reforma política. O partido não se reúne há quanto tempo para tratar desses temas? Um exemplo concreto são os governadores. O PMDB tem sete governadores. Todos têm os seus problemas fiscais. Em que momento a direção nacional se reuniu para tentar formular um modelo de solução fiscal para os Estados? Nunca. Os governadores, individualmente, tentam buscar soluções, todas díspares. O partido deve fazer um exame da situação econômica dos Estados e engendrar uma solução perene, que respeite a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas que viabilize o funcionamento dos governos estaduais.

FOLHA – Por que, na sua visão, houve uma abulia no comportamento do PMDB como sigla nacional?
JOBIM
– A direção atual não tem uma visão nacional.

FOLHA – Será que o sr. não exagera? O fracionamento do partido nos Estados não inviabiliza sua tese?
JOBIM
– Acho que não. Há uma falta de perspectiva individual dessas direções em termos de visão nacional.

FOLHA – Falta ao presidente Michel Temer esse tipo de atitude?
JOBIM
– Falta. Falta formulação de um projeto nacional. Algo que passe por questões objetivas – como os problemas fiscais dos Estados, que eu já citei. Por que não se tomou a iniciativa de o partido estar à frente de seus governadores para encontrar uma solução?

FOLHA – Há tempo para o PMDB construir uma candidatura própria ao Planalto em 2010?
JOBIM
– Acho possível.

FOLHA – Mas com quem?
JOBIM
– Se começarmos a dizer que tal ação servirá para fulano ou para beltrano, as coisas não andam.

FOLHA – Aliados seus dizem que o ideal para o partido seria a filiação do governador Aécio Neves (PSDB). Esse será o nome forte do PMDB?
JOBIM
– É uma hipótese. Mas são situações que podem surgir depois. As estruturas regionais do PMDB são fortes e só apostarão numa saída nacional se isso representar um reforço local. Se formos pensar primeiro em nomes, e só depois na…”

 

SE DESEJAR ler a íntegra, clique aqui.

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