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“UFSM tem mais de 1,6 mil vagas” – por Carlos Costabeber

Essa foi a manchete da Zero Hora (pg. 45) da última 5ª feira, e que me deixou perplexo. Até porque, precisei tomar conhecimento desse fato por um jornal de fora, pois a imprensa local não repercutiu esse fato, como deveria. Segundo a ZH, a “Instituição federal de Santa Maria atribui a fatores como abandono, reprovação e troca de cursos pelos alunos”.

Ora! Há bastante tempo falo e escrevo sobre os problemas da nossa educação, tanto na fundamental como na universitária. Os problemas vem se acumulando, se arrastando, na falta de políticas públicas mais concretas e atualizadas, objetivando a melhoria na qualidade, e a adequação do ensino à nova realidade mundial.

Especificamente quanto ao problema na UFSM, segundo a ZH, “enquanto alguns passam se preparando para conquistar a tão sonhada vaga no Ensino Superior, muitos estudantes da UFSM interrompem a jornada no meio do caminho”.

Isso é grave! Gravíssimo!

Sei que a Instituição está muito preocupada com isso, e até já criou uma política para a ocupação dessas vagas. Mas, na prática, é o mesmo que tentar estancar uma hemorragia com um bandaid. O furo é mais embaixo!

Ninguém tem dúvida de que a UFSM é o maior patrimônio de nossa cidade. Se não fosse a coragem e determinação do Dr. Mariano, Santa Maria seria uma cidade interiorana sem maior expressão. Graças a ele e a todos que o seguiram, podemos nos orgulhar de ter uma universidade reconhecida internacionalmente. Só que estou convencido de que está na hora de se reavaliar muitas coisas dentro da UFSM. E essa opinião se deve ao meu envolvimento como Professor da Instituição, e como um cidadão que se preocupa com as coisas da sua terra e de sua gente. Afinal,

# é o futuro de milhares de jovens que está em jogo;

# é o sacrifício das famílias para que os filhos possam ter uma profissão de nível superior;

# é a nação que precisa de profissionais cada vez mais qualificados;

# são os professores que têm a missão de formar bons profissionais para o mercado;

# enfim, é o dinheiro do contribuinte que está sendo desperdiçado.

Conter o crescimento da evasão escolar deve ser a maior prioridade da Administração da UFSM. Já estamos suficientemente  estruturados fisicamente, graças aos recentes investimentos com recursos do Reuni, e o quadro docente é muito qualificado. Só que o crescimento da Instituição para fora dos muros do Campus de Camobi, também gera dificuldades de gestão e de resultados.

Então, resta colocar uma lente de aumento nas causas, já  que os efeitos se fazem sentir de forma acentuada. E a Instituição é conhecedora da gravidade do problema. Só que algumas medidas serão dolorosas, pois existem situações de obsolescência que devem ser atacadas. Algumas áreas pararam no tempo, enquanto o mercado está a exigir profissionais realmente competitivos.

No entanto, existe uma variável incontrolável, que é a qualidade dos alunos oriundos do ensino fundamental. Sei que os cursos de graduação que têm na matemática a sua matéria prima (informática, engenharia…) sofrem muito com os jovens que estão chegando. E aí reside um das causas da evasão escolar.

Por isso a sociedade brasileira está questionando a qualidade do ensino como um todo. O Brasil está se inserindo como uma potência mundial, só que precisa corrigir o rumo do ensino, cujas carências são cada vez mais visíveis.

A educação sempre fez a diferença (e vai fazer cada vez mais), entre os países desenvolvidos e os demais. Por isso, a importância de atacarmos os problemas, tanto em nivel macro, como lá na ponta, na sala de aula.

Alunos, pais, professores e todos os contribuintes esperam que as autoridades responsáveis façam a sua parte.

Acabemos com a evasão!

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2 Comentários

  1. Com certeza, o ensino deve ser avaliado como um todo e precisando de reformas inteligentes onde o professor que ensina deve ter importante atuação, pois ele, é que administra as aulas. Mas essas reformas, são feitas de cima pra baixo. Às ordens emanam de cima, do Ministério da Educação. De gente que nunca administrou aulas e nunca tiveram contato com aluno.São conchavos políticos, conseqüência de uma forma de eleição do “toma lá da cá”, demagógica de palanque e populista, característica da América Latina. O Brasil está se tornando Potência Mundial, e precisando de profissionais com maior qualificação. Mas a evasão é muita, pois o ensino ainda é eletivo e poucos os preparados e vão fazer mestrado e doutorado fora. E parece que o brasileiro gosta mais é de carnaval e futebol. Entretenimento 100%. Carrão, roupa de grife, tudo muito caro. O clima propicia “sombra e água fresca”. Onde o clima é temperado e setentrional, o povo veste-se mais de acordo com o clima e não como a moda manda. Isso é cultural. No nosso país, há muita corrupção, “madre dio” e até em prefeituras de municípios pequenos as verbas não são aplicadas por falta de um profissional que entenda essa aplicação ou são desviadas. No geral, é assim que o Brasil funciona. Precisa mais consciência e mais exemplos que não são dados pelos que deveriam dar. Vejo, muita política e discursos demagógicos que não levam a nada, mas sim, a gastos exorbitantes e sempre há quem lucre com isso. Mas a luta deve continuar…jornalistas com o constante trabalho de imprensa, muito louvável e incansável em denunciar essas falcatruas todas, e até fotografar, outras áreas, porque compõe o todo e todas são importantes e imprecídíveis para que melhore o ensino, sua qualidade com melhores professores, a estruturas das casas e instituições. E deter essa cachoeira, esse turbilhão de roubalheiras. Acho que isso começa na família e no ensino fundamental. Ensinar a criança, desde pequena, a ter caráter e ser honesta, e não trazer pra casa objeto nenhum que não sendo dela. A maioria dos políticos corruptos voltam à cena política e o povo vota. Tudo é muito estrutural e cultural. Uma cultura corrompida, má, hedionda, pífia, mas é cultura. Uma reforma política seria prioridade, também, e muito urgente, creio.

  2. “Já estamos suficientemente estruturados fisicamente, graças aos recentes investimentos com recursos do Reuni, e o quadro docente é muito qualificado.”

    Acho que não estamos vivendo na mesma realidade. Os recursos do Reuni vieram, mas ainda existe uma falta de docentes muito grande (é só observar esse último concurso da UFSM com 48 vagas para Doutor).

    A infraestrutura dos cursos novos também deixa muito a desejar. É claro que existem umas 100 obras no campus da UFSM tratando disso, mas é impossível não traçar um paralelo entre o abandono e a falta de laboratórios ou condições satisfatórias para o ensino.

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