Argentina: uma economia preocupante – por Carlos Costabeber
Anteriormente, escrevi como um simples turista; agora é a vez do acadêmico dar a sua opinião sobre a difícil situação em que se encontra a economia da Argentina.
Cada vez mais, existe no ar uma preocupação com o futuro daquele país. Conversando com as pessoas e com empresários, percebi um desânimo generalizado. E, sem dúvidas, o maior sinal de perigo está na INFLAÇÃO, que oficialmente é de 9%, mas que na prática, vai de 25% a 30% ao ano.
Nós, brasileiros, sabemos muito bem o que representa uma situação dessas. E nesses casos, o ônus maior recai sempre sobre a população de menor renda, que não tem instrumentos para se proteger.
Quanto à balança comercial com o Brasil, o déficit é crescente: em 2011 foi de 5,8 bilhões de dólares.
Pudera!
A Argentina vem num processo de desindustrialização acelerada, onde poucos setores, como o automobilístico, continuam competitivos.
As exportações são basicamente de commodities, com destaque para a soja, milho e trigo; e de vinhos, frutas, carnes e couros.
Então, enquanto o Brasil importa de lá produtos de origem primária, exporta só produtos industrializados.
Assim, a Presidente Cristina Kirchner vem endurecendo o jogo, impondo aos nossos exportadores barreiras de toda a ordem.
Com isso, também o Governo Dilma tem feito retaliações no mesmo sentido, fazendo com que as relações entre os dois principais parceiros do Mercosul se tornem cada vez mais tumultuadas.
Mas a situação atual vem de muito longe!
A Argentina, durante a 1ª Guerra Mundial, chegou a ser um dos 4 países mais ricos do Mundo. Era um grande exportador, e autosuficiente em tudo!
De lá para cá, o país vem empobrecendo ano-a-ano. Inclusive, deixando de ser exportador de petróleo para se tornar importador de energia.
O responsável mais recente por essa situação, foi o então Presidente Carlos Menem, que decretou em 1989 a paridade entre o “peso” e o “dólar”. Como consequência desses 10 anos de funcionamento da referida paridade, ficou muito mais vantajoso importar do que produzir internamente.
Vocês irão se lembrar, de que os turistas argentinos invadiam o Brasil com a sua “moeda forte”, comprando de tudo; foi a fase do “dá-me dos” – pois aqui tudo era muito barato para eles.
Mas para nós ficou proibitivo viajar para lá! Eu mesmo fiquei 10 anos sem ir para Buenos Aires.
Só que essa loucura cobrou um preço muito alto, acelerando a desindustrialização, e levando a uma crise política e econômica sem precedentes.
Foi quando, no começo de 2001 o então Ministro da Economia, Domingo Cavallo, decretou o CORRALITO, que congelou os depósitos e aplicações financeiras. Foi uma tentativa para evitar a quebra do sistema financeiro argentino, mas que, de tão impopular, levou à renúncia do então Presidente Fernando de la Rúa.
Mas coube ao Presidente Interino, Adolfo Rodriguez Saá, a decretação em dezembro de 2001 da MORATÓRIA da dívida externa argentina, estimada na época em US$ 130 bilhões (até hoje, a Argentina ainda não quitou a sua dívida com o Clube de Paris).
O preço da moratória persiste até hoje, com a dificuldade na obtenção de empréstimos internacionais (públicos e privados); e, quando consegue, os juros são muito elevados.
Como o assunto é muito complexo, encerro por aqui, esperando ter dado aos nossos leitores, uma idéia sintética sobre o drama vivido pelos nossos “hermanos argentinos”.
É uma pena! Um país tão maravilhoso, não merecia chegar a esse ponto.
E que sirva de alerta para todos os brasileiros; afinal, não estamos livres dos riscos decorrentes da atual crise mundial.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.