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É GREVE. Bancários param a partir do dia 18. Saiba o que eles pedem e os banqueiros dizem não pagar

A decisão sobre iniciar o movimento paredista foi praticamente unânime, na assembleia

O movimento é nacional. Assembleias como a da noite desta quarta-feira estão acontecendo em todo o País. Mas é fato: a greve é iminente e deve começar no dia 18, a próxima terça. Taí um movimento que é difícil ser contra, não obstante os percalços que atingirão boa parte da população.

Os banqueiros, definitivamente, são os grandes sanguessugas da sociedade. E não querem oferecer o mínimo pedido por seus funcionários. Logo, esse tipo de movimento parece ser uma norma anual. Em 2011, foi só dessa maneira que os bancários conseguiram avanços sobre a proposta inicial.

Mas, o que querem agora os trabalhadores e oferecem os banqueiros? E como foi a assembleia que decidiu pela paralisação em Santa Maria e região? Confira no relato, com foto, de Maiquel Rosauro, da assessoria de imprensa do sindicato da categoria bancária. A seguir:

Bancários de Santa Maria aprovam greve por tempo indeterminado

Os bancários de Santa Maria e região aprovaram a greve da categoria a partir da 00h da próxima terça-feira, 18 de setembro. A decisão foi tomada em uma assembleia realizada na noite desta quarta-feira, na AABB, com dezenas de bancários presentes.

A greve visa pressionar a Fenaban a apresentar uma proposta condizente com os anseios da categoria, que pede reajuste salarial de 10,25% e piso salarial de R$ 2.416,38.

– Não há outra maneira de negociar com os banqueiros a não ser abaixo de greve, é só assim que eles nos escutam – afirma o diretor do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, Claudenir Freitas.

Além de aprovar a greve de forma quase unanime, os bancários recusaram a proposta de reajuste de 6% apresentada pela Fenaban em agosto. A assembleia permanece suspensa e será reaberta na próxima segunda-feira (17), às 19h, na AABB, quando a categoria irá definir os encaminhamentos para o primeiro dia de greve nacional. A paralisação seguirá por tempo indeterminado.

Entenda os motivos da greve

O Comando Nacional dos Bancários considerou insuficiente a proposta dos bancos apresentada no dia 28 de agosto, de 6% de reajuste sobre todas as verbas salariais, o que significa aumento real de 0,58%. Na rodada de negociação realizada no dia 4 de setembro, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) frustrou a expectativa dos bancários e não apresentou nenhuma nova proposta, forçando o Comando Nacional a orientar os sindicatos pelo encaminhamento da greve.

A quase totalidade dos acordos salariais assinados no primeiro semestre em setores econômicos menos lucrativos que o financeiro teve aumentos reais. Os ganhos dos trabalhadores desses segmentos chegaram a mais de 5% acima da inflação. É um gritante contraste com o 0,58% de aumento real proposto pela Fenaban aos bancários.

Os seis maiores bancos, que empregam mais de 90% da categoria, lucraram R$ 25,2 bilhões somente no primeiro semestre. E ainda provisionaram R$ 39,15 bilhões para devedores duvidosos (PDD), 64,3% a mais que o lucro líquido. É um disparatado truque contábil para uma inadimplência que cresceu apenas 0,7 pontos percentuais no mesmo período.

Com essa maquiagem nos balanços, diminuindo artificialmente os lucros, as instituições financeiras apresentaram proposta que reduz a PLR da categoria. Para fugir dessa armadilha, os bancários reivindicam uma nova forma de cálculo da PLR, equivalente a três salários mais R$ 4.961 fixos. Mas os banqueiros rejeitam.

Ao também negarem reajuste decente no piso, os bancos mais uma vez demonstram ganância excessiva e falta de respeito em relação àqueles que produzem os seus resultados fantásticos. 

Pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) junto a entidades sindicais sul-americanas mostra que o piso salarial dos bancários brasileiros é um dos mais baixos no continente. Enquanto os bancos pagam piso de 1.090 dólares no Uruguai e de 1.200 dólares na Argentina, aqui no Brasil é de apenas 681 dólares (ou seja, R$ 1.400). Isso significa que o piso do bancário hoje é 58% do salário mínimo do Dieese de R$ 2.416, o que está sendo reivindicado.

Os banqueiros recusam-se ainda a discutir o emprego e mecanismos que dificultem as demissões imotivadas, além do fim da rotatividade, política deliberada que eles empregam para fechar postos de trabalho e reduzir a massa salarial da categoria. 

Nos últimos oito anos, os bancários conquistaram com grandes mobilizações e greves 13,9% de aumento real nos salários e 31,7% no piso. Mas a média salarial da categoria cresceu apenas 3,6% nesse período, em razão da rotatividade, pela qual bancários com salários mais altos são demitidos para a contratação de outros com remuneração mais baixa, principalmente nos bancos privados. É preciso pôr um fim a esse mecanismo nefasto, que não existe em outros países, só no Brasil.

Ao contrário desse tratamento de arrocho para com os trabalhadores, os bancos aumentam de forma desproporcional a remuneração já milionária de seus altos executivos. É uma premiação àqueles encarregados de promover a redução de custos com enxugamentos de salário e emprego, de fixar as metas abusivas, incentivar o assédio moral e investir pouco em segurança.

Segundo dados fornecidos pelas próprias instituições financeiras à CVM, a remuneração média dos diretores estatutários de quatro dos maiores bancos em 2012 será 9,7% superior à do ano passado, o que significa um aumento real de 4,17%. Assim, cada um desses diretores do BB receberá este ano mais de R$ 1 milhão, os do Bradesco embolsarão R$ 4,43 milhões, os do Santander R$ 6,2 milhões e os do Itaú R$ 8,3 milhões cada um.

É essa diferença de tratamento entre a base e o topo da pirâmide social que dá ao Brasil papel de destaque em um vergonhoso ranking: é um dos 12 países mais desiguais do planeta e o quarto com a pior distribuição de renda na América Latina.

Principais reivindicações dos bancários

● Reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%);

● Piso salarial de R$ 2.416,38;

● PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos;

● Plano de Cargos e Salários para todos os bancários;

● Elevação para R$ 622 os valores do auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição;

● Mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade;

● Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral;

● Mais segurança;

● Igualdade de oportunidades.”

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2 Comentários

  1. Acho que i pessoal do sindicato poderia pelo menos dizer como fica o atendimento nos bancos em Santa Maria a partir de terça-feira.

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