Se é um editor qualquer de um bloguezinho, é apenas um despeitado ou rejeitado – como este escriba já ouviu e leu e riu. Mas se trata da análise de alguém que é, inclusive, afeito a esse tipo de debate. No caso, o jornalista e sociólogo e pesquisador Venício A. de Lima – autor, entre outros livros, de “Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010)”.
Do que ele fala abaixo é da vetusta Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), fundada em plena guerra fria, na Cuba pré-Fidel. E que, definitivamente, não mudou nada, de lá para cá, ao contrário do mundo. A entidade reúne os grandes jornais do continente Americano, inclusive os brasileiros, que até já tiveram alguns de seus presidentes. O texto foi originalmente publicado no sítio especializado Observatório da Imprensa. A seguir:
“Nada de novo na SIP
Fundada em Cuba, ao tempo de Fulgêncio Batista (1943), com sede em Miami, EUA, a SIP reúne os donos dos principais jornais privados das Américas e é fruto do ambiente de disputa ideológica da guerra fria, pós-Segunda Guerra.
Entre as posições que tem defendido, a SIP se opõe obstinadamente à revolução cubana, foi contra o sandinismo na Nicarágua, apoiou o golpe contra Salvador Allende no Chile, foi contra o debate sobre a Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (Nomic), na Unesco, na década de 1980. Mais recentemente, tem sido crítica implacável dos governos latino-americanos que propõem a regulação democrática do mercado das empresas de comunicação.
Ao longo das últimas décadas, por óbvio, o mundo mudou. A América Latina mudou. Em particular, o mundo das comunicações mudou. A revolução digital e a convergência tecnológica refundaram os conceitos e a prática da produção e da distribuição de notícias. A mídia impressa passa por transformações profundas e até mesmo a sobrevivência dos jornais – no formato atual – tem sido questionada.
Mas a SIP não mudou. Suas bandeiras e sua linguagem não mudaram. A cada ano, a cada assembleia, reafirma seu repúdio aos avanços que a maioria da população latino-americana vem conquistando, democraticamente, nas últimas décadas. Seu ideário continua o mesmo dos velhos tempos da guerra fria e das ditaduras militares e/ou civis que ajudou a instalar e com as quais colaborou em todo o continente…”
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