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ELEIÇÕES 2018. A novidade: dispara o número de mulheres militares que decidiram entrar na disputa

Candidatura do ex-capitão Jair Bolsonaro à Presidência de República é considerada chamariz para mulheres militares na corrida eleitoral

Do portal especializado Congresso em Foco, com texto de ISABELLA MACEDO e foto Divulgação/Exército

Como milhões de mulheres no país, Fátima Souza chefia seu lar desde o divórcio, há 11 anos. Ela conta que, desde então, é “pai e mãe” e cuidou sozinha dos cinco filhos enquanto lutava contra uma depressão. “Quando o pai separa da mulher, ele esquece também que é pai. Muitas passam por isso”, conta ao Congresso em Foco a cabo da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), que dá palestras e é instrutora do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). E, como se isso não bastasse, é uma das cerca de 200 mulheres ligadas às forças militares que deverão disputar algum cargo eletivo em outubro.
O número estimado de mulheres militares na corrida eleitoral em 2018 deve crescer 57% na comparação com o total desse tipo de candidatura registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2014, quando 127 da ativa concorreram.

Aos 50 anos de idade, dos quais 20 dedicados à PM, Fátima deverá concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em outubro. Ainda não sabe se pelo PSL, pelo DEM ou pelo PR, legendas que abrigam aliados e simpatizantes à candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), militar da reserva, ao Palácio do Planalto.

O partido de Bolsonaro deve lançar cerca de 20 candidatas militares da ativa e da reserva apenas em São Paulo, o equivalente a pelo menos 10% do total esperado de candidaturas de militares femininas neste ano.

O número de mulheres deve satisfazer o mínimo de 30% exigidos por lei dos aproximadamente 600 candidatos ligados ao serviço militar. São policiais, bombeiros e membros do Exército que devem se candidatar aos cargos deputado estadual, federal e senador, de acordo com estimativa do deputado Major Olímpio (PSL-SP), presidente do partido em São Paulo e responsável pela coordenação das candidaturas dos militares. O número já havia sido adiantado pelo próprio Major Olímpio ao Congresso em Foco, em meados de junho.

“Nós teremos, sim, no estado de São Paulo candidaturas de militares femininas, entre deputadas federal e estadual, pelo menos umas 40 candidaturas, sendo metade delas comigo no PSL. Naturalmente, por eu ser presidente do partido [no estado] e pelo Jair Bolsonaro, o PSL acaba tendo uma tendência maior de procura”, disse o deputado à reportagem.

Segundo ele, o crescimento do número de candidaturas de mulheres militares não está ligado à exposição que a também cabo da PM paulista Kátia Sastre teve recentemente. Após reagir a uma abordagem e matar o homem que tentou assaltá-la na porta da escola de sua filha, no domingo de Dia das Mães, a policial foi homenageada pelo governador do estado, Márcio França (PSB), e convidada a concorrer a uma vaga na Câmara pelo PSL e pelo PR. Deve disputar uma das 513 cadeiras pelo PR.

“A maioria dessas mulheres que estão participando do processo [eleitoral] já vinha de entendimentos conosco, mesmo antes da ação da Sastre. Então, eu não vejo que possa ter aumentado a procura”, disse Major Olímpio.

Sem “suavizar”

Fátima, que deve sair com o nome de urna Fátima “Pérola Neggra”, afirmou à reportagem que não sabia quantas mulheres serão ser suas correligionárias e quantas colegas de profissão vão concorrer este ano e que desconhecia a opinião delas sobre o presidenciável.

“Também gostaria de saber que mulheres são essas que estão apoiando o Bolsonaro. Até porque a gente só vê o contrário, que mulher não vota no Bolsonaro, que as mulheres não votam nele… E eu estou muito curiosa para entender as razões”, diz Fátima.

Para o deputado, as pré-candidatas procuraram o partido por identificação dos propósitos delas como mulheres e como policiais. Olímpio afirmou à reportagem que a imagem de Bolsonaro não precisa ser “suavizada” das frequentes acusações de machismo. “Nós não temos esse tipo de preocupação porque nós sabemos que [repercussão de declarações] foram mais distorções e foco de interesses escusos para tentar diminuir a imagem do Bolsonaro para a opinião pública. Não tem essa história de suavizar o que não deve ser suavizado”, afirma ele.

Fátima contou que faz parte de grupos de mulheres que apoiam o pré-candidato do PSL ao Planalto, mas que considera que ainda há poucas, no geral, apoiando o deputado fluminense”. “Estou achando poucas. Não sei se é por conta do militarismo”, diz ela, que também afirma ter “apreço” pelo deputado e que não vê machismo nas atitudes e declarações dele. “Mas quero saber qual a opinião das colegas. Vou estudar um pouco nos próximos dias”, disse ela.

Financiamento de campanha

Em 22 de maio, o TSE determinou que os partidos deverão repassar no mínimo 30% dos recursos recebidos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as candidaturas de mulheres. Além dos recursos, o tempo de rádio e TV também deve ser 30% delas.

Segundo Fátima, o partido ainda não havia abordado a questão do financiamento, mas as chamadas “vaquinhas” eleitorais e as doações voluntárias devem ser a base de sua campanha.

De acordo com Major Olímpio, o PSL não deve usar recursos do fundo especial, criado no ano passado e apelidado de “fundão”, por considerá-lo “imoral”. A sigla, que cobrou uma fatia maior do FEFC ao mesmo tempo em que tentava extinguí-lo, terá direito a R$ 9,2 milhões apenas deste fundo.

Prazo de filiação

O prazo para a filiação partidária de uma pessoa ligada ao serviço militar é mais flexível, o que dá mais tempo para que os partidos cortejem possíveis candidatos vindos do militarismo. Como aatividade partidária é proibida aos militares, eles só podem se filiar na época das convenções partidárias – desde que não ocupem posições de comando nas corporações.

As convenções partidárias deste ano ocorrerão entre 20 de julho e 5 de agosto. A filiação passa a ser entendida a partir do momento em que ele é confirmado pelo partido para concorrer a uma vaga, quando o então candidato deve comunicar a decisão ao seu superior.

As regras também são diferentes para aqueles que têm mais ou menos de dez anos de serviço nas corporações. O candidato que tem mais de uma década como militar é considerado “agregado”, o que significa que ele é afastado para que possa exercer uma outra função temporariamente. Se eleito, ele passa à reserva, do contrário poderá voltar ao posto.

Os que têm menos de dez anos de serviço são considerados militares inativos a partir da filiação e não podem voltar ao posto se não forem eleitos.

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