TRAGÉDIA. Arquiteto critica análise feita pelo CREA
O profissional é também professor da UFSM. E fez sua avaliação em encontro realizado na Seção Sindical dos Docentes, para a criação de um fórum de entidades destinados a acompanhar as investigações acerca da tragédia da boate Kiss.
Para saber o conteúdo das críticas, e também outras informações, confira o material produzido e distribuído pela assessoria de imprensa da Sedufsm. O texto é de Fritz R. Nunes. A seguir:
“Questionada a responsabilidade de entidades no caso da Kiss…
… Para o professor Hugo Gomes Blois Filho, do departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSM, a prefeitura de Santa Maria e os bombeiros têm que ter suas responsabilidades em relação à tragédia da Kiss apurada de forma bastante intensa, mas não apenas os dois entes do poder público. Segundo ele, todos os projetos realizados na casa noturna deveriam ter um responsável técnico, seja ele um arquiteto ou um engenheiro.
Nesse sentido também faria parte das atribuições de entidades como o Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU), criado em 2010, ou o Conselho Regional de Engenharia (CREA) fiscalizar essas questões, destacou Blois. O professor é crítico em relação às análises feitas pelo CREA após o incêndio. Segundo ele, a avaliação técnica feita por membros do Conselho teria sido apenas visual, sem os equipamentos necessários. As declarações de Blois foram feitas na tarde desta quarta, 20, durante a reunião das entidades que criaram o Fórum de Acompanhamento das Investigações em relação à tragédia da boate Kiss…”
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Um profissional, que suponho esteja regularizado em seu conselho profissional, não deve, por questões acima de tudo éticas, falar sobre outro conselho, de outra categoria profissional, sem ao menos saber qual é a função real de um conselho de fiscalização e controle do exercício profissional, como é o caso do CREA, ou ainda melhor, do sistema Confea. Para esclarecimento: “No desempenho de sua missão, o Crea é o órgão de fiscalização, de controle, de orientação e de aprimoramento do exercício das atividades profissionais da Engenharia, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, em seus níveis médio e superior, no território de sua jurisdição.”
Também para conhecimento, acrescento texto retirado do site do próprio CAU-RS: “O CAU e os CAUs são autarquias federais com autonomia administrativa e financeira e que têm como funções orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da Arquitetura e Urbanismo.”
Como se pode ver, estes órgãos não tem (e nem poderiam ter) função técnica, portanto em nenhum momento eles poderiam emitir opiniões, laudos, pareceres, etc. sobre questões técnicas, apenas sobre questões legais e relativamente ao exercício profissional. Profissionais ligados a estes órgãos, no pleno exercício de suas atribuições profissionais, estes sim, poderiam fazê-lo. E aí concordo com o entrevistado, quando ele afirma que o Crea não efetuou nenhuma análise técnica sobre o caso da boate Kiss. Na verdade o que se viu, por parte de diferentes órgãos de fiscalização do exercício profissional, inclusive o próprio Crea, foi a busca desenfreada por espaço na mídia, como que a procurar mostrar serviço. E agora o CAU aparece, reivindicando seu espaço. A OAB já o tinha e busca cada vez mais ampliá-lo até se tornar o quarto poder, de repente o CRMV acha que deve ser ouvido porque haviam alunos da veterinária, etc. etc.E assim qualquer outro Conselho.
Por outro lado, concordo com o sr. Hugo quando ele afirma que os procedimentos lrgais devem ser padronizados e esclarecidos, para não termos mais o famoso sombreamento que permite a dúbia conclusão: se for bom para mim, eu me omito e transfiro a culpa, se não eu assumo e tiro proveito.
Se um engenheiro dimensionar uma viga de acordo com as normas correspondentes, quem poderá dizer se isto está ou não correto? Apenas outro engenheiro. Eu, como agrônomo, não tenho atribuição para julgar aquele trabalho do outro profissional. Isto, aliás, foi o que provocou a criação do malfadado SGPI porque quem analisava os projetos de prevenção de incêndio eram os bombeiros, muitas vezes um soldado apenas com o 2º grau. E o Crea cobrou que apenas engenheiros, com as devidas atribuições, poderiam fazê-lo ou estaria se caracterizando exercício irregular da profissão. Então foi mudado o nome de Projeto para Plano, elaborado dentro de uma plataforma de software, com informações do interessado. Senhores, tenhamos um pouco de coerência, aconteceu uma tragédia coletiva, deixemos que os órgãos encarregados de esclarecer os fatos apresentem a conclusão dos seus trabalhos, e aí então a Justiça, dentro de seus ritos adequados criados pelos nossos representantes (portanto legitimados por todos nós)decidirá se e quem e em que grau tem culpa no acontecido. Enquanto isso, não pre-julguemos nem façamos do fato, tão triste para todos nós, sntamarienses, um lúgubre palanque para atender interesses nem sempre tão claros o altruístas. Santa Maria é muito mairo que tudo isso. Nós merecemos muito mais.