TRAGÉDIA. Pode apostar: qualquer que seja o resultado do inquérito, polícia será questionada

Na última semana, o editor do sítio, ainda que por razões colaterais, conversou com dois policiais, um deles delegado, que trabalham no inquérito que trata da tragédia na boate Kiss. A ambos, com base no conhecimento histórico desse tipo de investigação, mas também e sobretudo pelo contato feito com pelo menos outros dois experientes operadores do Direito, o professional ousou dizer: “os senhores vão se incomodar”.

Quais as razões para acreditar que as autoridades que, até prova (inexistente) em contrário, estão realizando um trabalho criterioso e correto, possam ser questionadas? Simples: os inúmeros interesses surgidos a partir da tragédia, e que não remetem necessariamente ao que se poderia chamar Justiça.

A mídia local e estadual registrou as manifestações, por exemplo, do governador Tarso Genro e do Prefeito Cezar Schirmer. Diga-se o que se quiser dizer, mas ficou claro que cada qual procurou eximir a sua parte (agentes dos governos estadual e municipal) das maiores responsabilidades. Dá para entender – sem fazer juízo de mérito. Sim, dá. Mas isso não interfere no trabalho policial – aliás enaltecido também por Tarso e Schirmer.

Então, por que o incômodo? Simples: é consenso entre os juristas com os quais o editor papeou, que a tendência é pelo indiciamento de vários agentes públicos, inclusive alguns graúdos, além dos músicos e dos empresários detidos provisoriamente. Ora, é inevitável a grita. Dos a favor. E dos contra.

Quanto às autoridades principais, no âmbito do Executivo, como o inquérito é criminal, uma eventual denúncia não pode ser descartada. Mas partirá não necessariamente da polícia, e sim do Ministério Público.

No entanto, e essa é uma possibilidade, ainda que mais remota, no caso do não indiciamento de autoridades, o questionamento poderá ser até maior, numericamente. Pode aguardar.

DETALHE: os policiais com os quais o editor conversou (repita-se, por razões colaterais, o que não impede o exercício do jornalismo, cá entre nós) pareceram extremamente tranquilos. O que é, convenhamos, uma garantia para a sociedade.