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A nossa história – por Daiani Ferrari

Sou jornalista. Não sou repórter de jornal, rádio, televisão ou internet. Sou assessora de imprensa – um repórter diferente, como costumo dizer. É o que eu sei ser. Aprendi a ser assessora de imprensa na prefeitura de Santa Maria. Aprendi vendo a Fabi fazer. Vendo a Jaiana escrever. Aprendi porque não queria decepcionar as pessoas que acreditavam em mim. Mas isso não seria possível sem o Bebeto despertando a vontade pela assessoria, sem que ele batesse na tecla do que importava para desempenhar a função.

Eu aprendi muitas outras coisas em dez anos de jornalismo, entre academia e profissão, mas não aprendi a ser repórter de jornal diário. Tentei por 45 dias, e foi só o que consegui. O jornalismo diário é desumano (na minha opinião). Acredito que cheguei ao fundo do poço no dia em que tive que fazer uma reportagem sobre uma mulher que teria morrido de tanto apanhar do companheiro. Cheguei na casa vizinha à da vítima e a senhora disse que as sessões de violência eram constantes. Disse, também, que o companheiro  costumava deixar a mulher passar a noite do lado de fora da casa, mesmo nos dias chuvosos. Aquilo acabou com meu dia e a minha semana.
Vi que aquela rotina não era para mim também no dia em que um senhor chegou e pediu que eu colocasse no jornal a denúncia de que o cunhado agredia o filho diariamente no pátio de casa, e que por vezes teria feito a criança comer fezes. Eu gosto da editoria policial, é a primeira sessão que olho no jornal, mas são coisas como essas que temos que lidar no jornalismo diário e em 45 dias eu tive a certeza de que ali não era meu lugar.

Me arrependi de ter pedido demissão do local no qual eu trabalhava pra tentar ser repórter. Depois de um tempo, voltei para a assessoria de imprensa, a profissão que a Unifra me apresentou e peguei com as duas mãos com mais força ainda depois de descobrir que era isso mesmo que eu queria e sabia fazer.

Pensando sobre escolhas, sobre minha caminhada, olho para trás e vejo como o tempo passou e quanta água já cruzou embaixo da ponte, embora no espelho seja, ainda, a mesma imagem que vejo. Muitos dos meus colegas parecem, ainda, aqueles jovens que chegaram à universidade com sonhos na mochila (como eu) e hoje são belos contadores de história.

Eu completei seis anos com diploma na mão e o curso de Jornalismo da Unifra está fazendo dez anos de história, tempo em que já formou muita gente boa que está espalhada pelo país e pelo mundo. Vou levar a Unifra para sempre comigo por ter me mostrado um caminho a seguir. E, junto às primeiras jornalistas que vi colocando a mão na massa, por ter me ensinado a escrever a vida. A minha e a dos outros. Que esse curso ainda possibilite infinitas histórias para contar. Infinitas realidades para mostrar. Infinitas injustiças a reparar. Que mostre infinitos horizontes para os nossos futuros colegas.

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Um Comentário

  1. Prezado Claudemir Pereira, saber que sou uma referência importante na vida profissional da colega e amiga, Daiani Ferrari, não tem realmente preço. Agradeço de coração a citação no teu texto, Dai. Estamos sempre aprendendo e, com certeza, tu ensinastes a mim e teus colegas muitas lições no nosso convívio. Grande abraço!

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