A irritação, real e absolutamente inteligível, de todos quantos respeitam os seres humanos, contra a nomeação do pastor Marco Feliciano, do PSC paulista, pode ficar ainda maior. A bancada dita “evangélica”, que já tem, individualmente, o maior número de integrantes da comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, se prepara para ocupar novas e importantes posições no parlamento.
São quase 70 deputados com pensamento semelhante, e que cuidam, especialmente, de mandar contra projetos ditos mais progressistas e com um pé na realidade objetiva. Mas, e como isso acontece? É do que trata material publicado nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de São Paulo. A reportagem é de Bruno Boghossian e Roldão Arruda. Acompanhe:
“Evangélicos miram comissões que têm poder de barrar temas sensíveis à igreja…
…A presença do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara não é um fato isolado. Faz parte de uma estratégia mais ampla da Frente Parlamentar Evangélica, que reúne 68 deputados. Ela tem direcionado forças para as comissões que tratam das reivindicações dos gays por direitos iguais aos dos outros grupos da sociedade, da flexibilização das normas sobre aborto e de políticas sobre drogas.
Os atritos com grupos de direitos civis, movimentos de direitos humanos, pró-aborto e em defesa da laicização do Estado só tendem a intensificar nas comissões que tratam desses temas. Desde o início do ano, a frente ocupa 18 das 72 cadeiras da Comissão de Seguridade Social e Família, cuja atribuição é analisar projetos ligados à saúde pública, como consumo de drogas e bebida alcoólica por jovens, e à família, como aborto e proteção à criança. Do grupo evangélico, seis são titulares na comissão e os outros 12, suplentes.
Na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, a frente conquistou 14 dos 36 postos e a presidência – na partilha das comissões, o colegiado ficou para o PSC, partido essencialmente formado por evangélicos. Isso significa quase 40% das vagas. Sua tarefa é avaliar denúncias e projetos ligados à violação dos direitos humanos. Passa por ali o debate do projeto que pretende classificar a homofobia como crime…”
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