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CPI DA KISS. “Verifiquem muito bem quem são os culpados e apontem”, cobram familiares das vítimas

Adherbal: “se não apurar nada, estará assinando atestado de inoperância do sistema”
Adherbal: “se não apurar nada, estará assinando atestado de inoperância do sistema”

Com certeza, trarei outras informações acerca da reunião de hoje da CPI da Kiss, na Câmara de Vereadores. Mas antecipo, por sua óbvia importância, a manifestação feita por Aderbhal Ferreira, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da tragédia.

O texto, na íntegra, foi originalmente publicado no perfil do colega Luiz Roese, no feicebuqui. A foto é de Rubia Keller, da assessoria de imprensa do Legislativo. Acompanhe:

 “De nada adianta criar leis. Em alguns casos, basta adequar em alguns casos. Pois muito antes dessa triste tragédia que levou nossos filhos e filhas, já existiam estas leis, e não foram cumpridas. Inclusive a proibição daquela espuma. Tanto é verdade que boates e clubes foram fechados. Cabe a esta casa fazer a verificação muito antes desse fato e ver documentos anteriores. Então, apontar culpados pelo não cumprimento do dever. Pois culpados existem. 

O tempo passa de uma forma ou de outra, com favores, trocas ou desatenção, ou ainda, do jeitinho brasileiro. Não importa como. O fato é que aconteceu. Nós votamos para vós nos representar, não pra ato de briga política, pois devemos pensar no ser humano em 1º lugar.

241 votantes ativos, lindos, em plena atividade, que escolheram vocês nesta casa, não podem mais votar na próxima eleição. Por isso, houve um atraso, no Brasil e em nossas vidas, de 80 anos. Mas o povo já está conhecendo quais poderiam não ocupar mais os cargos eletivos. Então, digo para o bem de toda a população, e principalmente por nós (pais). Verifiquem muito bem que são os culpados e apontem. Munição e fatos já existem em suas mãos, conforme indicações policiais. Cobramos também do MP.

Por favor, não omitam nossa ânsia por justiça, sejam contundentes. O mundo sabe. Ainda existe confiança nesta Casa do Povo, e assim deve ser. Todos precisamos acreditar em vosso trabalho. Se esta Comissão Parlamentar de Inquérito não apurar absolutamente nada, estará assinando o próprio atestado de inoperância do sistema. Sei que é difícil cobrar, mas minha dor me dá o direito por todos os pais em cobrar por suas dores, porque elas não passam. Somos assim enfáticos e transparentes, pois nossa dor ninguém vê. Pois só sentimos e dói muito. É a dor da alma. O pior de tudo é a perda de um filho.”

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6 Comentários

  1. A mudança na lei pode provocar alterações sim. Claro que precisa pressão da sociedade para a lei ser cumprida!
    Um exemplo de que mudanças na lei podem provocar mudanças, que venho comentando desde que ocorreu a tragédia, é o da Australia. Em 2000 eles aprovaram uma lei prevendo a responsabilização das chefias, e desde então, as mudanças foram implementadas de cima para baixo como em um passe de mágica. Ou seja, da noite para o dia os chefes deixaram de apenas de receber mais pelos seus cargos de chefia, mas começaram a responder também pela segurança do ambiente sob seu comando, acabando com a possibilidade de usar o “eu não sabia como desculpa”. A reação em cadeia foi imediata com: implementação da obrigatoriedade de atividades de treinamento de prevenção a incêndio, acidentes pessoais, coletivos e ambientais em empresas, orgãos públicos, formação de brigadas entre os funcionários, reformulação de embientes, etc…
    Na Universidade, por exemplo, nem estudante, nem funcionário, nem professor entra em um laboratório sem receber treinamento. Se alguém se ferir todos que possuem responsabilidade relacionada com o ambiente podem ser implicados com multa, ou até prisão.
    Essa é uma boa mudança para batalharmos em Santa Maria.

    Uma perguntinha eu ainda não ouvi: E o papel da UFSM nisso tudo?
    O orgão que mais recebe dinheiro público em Santa Maria não teria nenhuma contribuição a dar para melhorar a segurança na cidade? Ao menos no seu próprio campus, disseminando a cultura da segurança para a sociedade?
    Senão, de onde mais poderia conhecimento para isso?

  2. O Adriano do Canto resumiu exatamente o que penso. Acho que os integrantes da CPI já se deram conta que atos protelatórios são a única saída política e vão tentando de tudo para que este fato gravíssimo caia no esquecimento. E a Associação das Vítimas tem um papel importantíssimo para que o desfecho desta “averiguação” não seja uma desprezível pizza.

  3. Desculpem, mas, na condição de quem lutou e esteve ao lado de mutos familiares, me dou o direito de sonhar com uma associação menos passiva e um líder mais veemente, mais indignado, e que saiba expressar melhor os sentimentos e as necessidades das famílias. E que a associação, um dia, se interesse pela causa dos vitimados que ainda estão entre nós, os mais de 600 feridos, em especial, aqueles que permaneceram mais de dois, três meses internados. Respeito – e muito – a dor do seu Adherbal e de todos os pais, mas sonho com uma associação mais atuante, que dê tapas na mesa, que vire o jogo, que coloque o dedo na cara dos culpados assim como eles têm feito ao se eximirem de sua culpa.
    Enquanto Schirmer, Mânica e seus comparsas gritam, esperneiam e se apresentam de dedo em riste, a sociedade santa mariense se cala, afrouxa as rédeas e se ocupa de esquecer o que houve.
    Desculpa, mas precisava desabafar!

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