Festejar o olhar – por Bianca Zasso
Cinéfilo que se preze adora um festival. Isso porque estes encontros são uma oportunidade ótima para descobrir diretores, trocar ideias com outros amantes do cinema e também assistir a filmes que talvez nunca passem perto de uma sala de exibição comercial. Desde segunda-feira, minha terra natal sedia a décima primeira edição de um festival bacana, acolhedor e que conquista mais fãs a cada ano.
O Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC) me traz a tona muitas histórias… Workshops divertidos e esclarecedores, como o que fiz com a Ana Paula Penkala, moça que de professora passou a querida amiga. Os papos sensacionais que tive com os diretores Carlos Reichenbach e Sílvio Tendler. As sessões de curtas-metragens cheios de cenários conhecidos e a torcida pelos filmes dos amigos. É coisa demais para um texto só.
Mas este não é um texto saudosista. Ao invés de ficar descrevendo com detalhes minhas doces lembranças, vou usar este espaço para fazer um pedido ao prezado leitor: vá ao festival. Ele acaba depois de amanhã, ainda dá tempo. Se você nunca foi, se dê o direito a mais essa primeira vez. Se fizer tempo que não vai, tire o atraso. Não gosta de filmes feitos na cidade que você mora? Livre-se deste preconceito. Acha que não vai perder nada? Depois não fique se lamentando caso um dos concorrentes ganhe o mundo e você tenha perdido a oportunidade de assistir a sua obra antes da fama.
Brincadeiras à parte é preciso dar valor a um festival que, neste ano, homenageia a mais cinéfila das formas de divulgação da Sétima Arte, o cineclubismo. Em tempo de exibições digitais e formato 3D, a árdua batalha de formar um público crítico se torna ainda mais complicada. No último dia 4, perdemos Roger Ebert, de 70 anos, um dos nomes mais importantes e admirados quando o assunto é crítica de cinema. Acima de tudo, Ebert amava filmes e falava deles sem rodeios, sem grosseria, sem aquela pose de superior que alguns de sua classe adoram mostrar. Ebert, antes de crítico, era cinéfilo.
E é isso que queremos ver por aí, mais cinéfilos e menos “sabidos em cinema”. Os cineclubes espalhados pelo mundo podem ser a saída para que essa geração que baixa filmes como quem troca de roupa, aprenda a desfrutar as dores e delícias que um filme pode proporcionar. Ver muitos filmes pode não significar nada. Ver um filme com dedicação e pensar sobre ele significa muito não só para quem trabalha com crítica, mas também para profissionais de qualquer área. Cinema é, antes de tudo, a arte da vida. Seja a real ou a inventada.
O festival vai passar e ano que vem tem mais. Porém, meu pedido fica para todos os dias que estão por vir: veja, pense, sinta o cinema. Seu olhar nunca mais será o mesmo.
Valeu, Cassol!
Belíssimo artigo, Bianca. É exatamente isso! Um grande abraço.