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Futebol, suor e lágrimas – por Bianca Zasso

Família é um assunto que sempre rende no cinema. Seja para a comédia ou para a tragédia, a mistura de pai, mãe, avó, avô, cachorro, tio, tia e o que mais couber sempre deu um bom caldo. Mas e quando falta um pedaço? Uma família incompleta é uma família? Os diretores Walter Salles e Daniela Thomas provam que sim na produção Linha de Passe. Lançado nos cinemas em 2008, o filme foi bem recebido nos festivais de Toronto e Cannes, onde a atriz Sandra Corveloni saiu com o prêmio de melhor atriz pelo papel da mãe batalhadora Cleuza.

Também pudera, pois Sandra tem mais que um personagem marcante. Ela é o fio condutor que ajuda o espectador a conhecer melhor a história de quatro irmãos diferentes nos seus sonhos, mas praticamente iguais nas suas atitudes.  Assim como fazem as mães da vida real, ela é o porto seguro dos filhos, apesar de ter seus segredos.

Do ponto de vista do roteiro, Cleuza é a protagonista. Mas ao longo de Linha de Passe, nos damos conta que ela é apenas uma das peças que compõem o personagem principal, que não tem rosto certo, é uma grande mistura de quatro garotos e uma mulher encarando a dura batalha que é sobreviver.  Mesmo que a busca pelo pão de cada dia seja o grande objetivo dessa família, os sentimentos permeiam cada bico, cada teste e cada trabalho.

São Paulo e suas ruas movimentadas, congestionadas e abarrotadas de gente de todos os cantos do Brasil é o cenário da reinvenção da família de Cleuza.  O filho mais novo (e único negro da família), Reginaldo, busca compulsivamente conhecer seu pai; Dario quer ser jogador de futebol, mas a idade não ajuda; Dinho busca consolo na religião e Dênis arrisca a vida em cima de uma moto para ganhar dinheiro. E, em breve, os meninos terão mais um companheiro, já que Cleuza está grávida.

Entre um jogo do Corinthians e outro (só o fanatismo da mãe já daria uma crítica), Cleuza carrega na barriga mais um menino sem pai, que em pouco tempo vai ganhar o mundo e, quem sabe, ter uma história tão dura quando seus irmãos. Olhando assim, parece que estamos diante de mais um filme sobre a dura vida da classe baixa brasileira. Mas é bem mais que isso.

Walter Salles e Daniela Thomas repetem o que fizeram em trabalhos como Terra Estrangeira e Central do Brasil e deixam o lado humano falar mais alto. A pobreza é um detalhe. O que importa de verdade são a família e suas escolhas, seus erros e acertos, suas buscas. Se vai dar certo, aí já é outra história. É linha de passe. O que vier é preciso encarar.

Linha de Passe

Direção: Walter Salles e Daniela Thomas

Ano: 2008

Disponível em DVD

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