Os empresários devem ser parceiros das escolas – por Carlos Costabeber
Se você perguntar para 10 empresários qual é o seu maior problema, os 10 responderão: FALTA DE MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA.
Mas esse não é o meu problema.
Desde 1999, elegi como prioridade na empresa, os RECURSOS HUMANOS.
Desde lá, adotei como filosofia: “o cliente em segundo lugar”, porque conclui que, se eu tratar bem os meus funcionários, eles tratarão muito bem os meus clientes.
E, desde então, provei para mim mesmo que colocar o FOCO NAS PESSOAS é o que faz realmente a diferença.
Mas esse cenário de falta de mão-de-obra qualificada pode ser mudado.
Mas, antes disso, vou mostrar alguns dados preocupantes, e que são consequência do nosso sistema educacional.
Vejam uma síntese do que foi divulgado pela Confederação Nacional da Indústria:
(1) A produtividade do operário brasileiro é um quarto de um alemão, operando máquinas de um mesmo padrão tecnológico (1/3 de um coreano e 1/5 de um americano);
(2) Cerca de 80% dos alunos do 2º grau não vão para a universidade. Mas temos uma pedagogia formada, como se todo mundo fosse para a universidade. E não vai !
(3) Apenas 6,6% (repito: apenas 6,6%) dos jovens de 15 a 19 anos têm educação profissional, junto com a educação regular;
(4) Grande parte do abandono do estudo ocorre porque os jovens do ensino médio não veem relação entre o que estão aprendendo e a vida lá fora.
(5) A baixa produtividade de trabalhador brasileiro decorre do padrão educacional oferecido no país. Grande parte dos problemas é resultado de deficiências em raciocinio abstrato e matemática.
E daí ?
Os empresários vão ficar de braços cruzados, esperando que alguma coisa possa ser feita ?
Mas existe uma alternativa, ainda pouquíssimo explorada: O ENVOLVIMENTO DAS EMPRESAS JUNTO ÀS ESCOLAS.
Na semana passada, participei como um dos quatro painelistas do programa Debates do Rio Grande, promovido pela RBS. E lá, aproveitando que a discussão focava no baixo desenvolvimento de Santa Maria, resolvi sugerir:
Os empresários de Santa Maria devem se aproximar das escolas. E as escolas, devem chamar para dentro dos seus conselhos escolares, representantes da classe empresarial.
Hoje, cada um vive para o seu lado ! No geral, os empresários só conversam com empresários; e os professores só se reúnem com seus colegas de classe.
Além dessa proposta, me ofereci para ser voluntário nessa missão. E ali mesmo a Diretora do Colégio Santa Maria me convocou para atuar junto ao corpo docente do colégio.
E mais:
Vou tentar montar dentro de um colégio público de 2º grau, uma sala para o ensino de “Mecânica Básica de Automóveis” (uma cadeira extra-classe), onde os professores serão os profissionais da Superauto – que trabalharão de forma voluntária.
Espero que essa ideia dê resultados, para que eu possa estimular outros empresários a fazerem o mesmo.
O amigo Neimar Beschoren, diretor da RBS em Santa Maria, se propôs a apoiar essa iniciativa.
Concluindo:
Está ao alcance dos próprios empresários a solução (parcial) para a falta de mão-de-obra qualificada em Santa Maria.
As boas iniciativas têm que ser reconhecidas.