A voz do povo – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Aquela máxima, a voz do povo é a voz de Deus, até que se presta em avisar, mas não se deu relevância, e então ela se transformou. Por certo, na contemporaneidade, eu diria, a voz do povo é a voz do voto. Pois bem, quero acreditar que não serei ingênuo ao afirmar que viveremos novos tempos. Talvez, não em sua plenitude, mas novos olhares sim.
Minha perspectiva fixa-se em uma nova política, novas caras. Tivemos que ir até o fundo do poço para assistirmos uma nova frente, um novo tempo. Em analogia ao poço, é do fundo que se toma o impulso para sair do abismo. Passei a acreditar!
Já escrevi em outras linhas que os meus 33 e poucos anos se cansaram da desta política. No alto da minha indignação admirava, confesso sem entender, como aqueles nobres senhores de idade mais apurada ainda encontravam forças, entusiasmo em discutir política. Se ao meu mundo, pouco me motiva, imagina ao deles que já estiveram diante de tanta sacanagem, roubalheira, malandragem. Eis que vem a esperança!
Em uma espécie de esquizofrenia, lutava para deixar de gostar de política (nas minhas confissões, fazia esforço para ser o sujeito que diz não gostar desta maldita cachaça). E agora? Como não gostar disso tudo? Como não me envaidecer ao estar na rua? Dividi espaço com amigos, alunos, desconhecidos. E na rua, ao cobrar simplesmente pela dignidade, pela liberdade de reivindicar, percebi que a esquizofrenia não era mérito meu. Oh, meu Deus! Ela era coletiva. Salvo!
E aqui, não vejo mais a necessidade de ser o cara diferente que julga tanta gente, acreditando que vivia em uma política incrédula. Redescobri que há pessoas bacanas e dispostas a reinventar.
Passei a acreditar que podemos debater com seriedade a corrupção, a construção de escolas, educação, saúde, a impunidade, a violência urbana, a inflação, os impostos, o salário dos professores, o alto salário dos políticos, falta de oposição, transporte público, o superfaturamento.
A Constituição Federal tratou de cuidar da dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado. Concordo que é um princípio tão amplo, como digo aos meus alunos, capaz de ser, ao mesmo tempo, um tudo e um nada. Por teimosia, sigo acreditando na primeira ideia.
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
*ops: meus 33 anos, ou meus 30 e poucos anos