CPI DA KISS. O dia é sem reunião. Mas é mais que hora de a Comissão resolver para o que serve, afinal
A semana inicia sem depoimentos ou reuniões (pelo menos aos olhos do público), na CPI da Kiss. Mas pode servir de momento especial de reflexão para seus integrantes e aos demais vereadores. Poderia começar, por exemplo, negando o que se disse até até aqui, e soa quase como um deboche: que a CPI não te poder algum e outros blablablás que fizeram até os representantes dos familiares das vítimas da tragédia subir nas tamancas, na semana passada.
A CPI pode, SIM. E isso está mais que explícito, no Regimento Interno do Legislativo. São quatro artigos (do 91 ao 94) que explicitam com clareza as atribuições e possibilidades da Comissão. O editor não crê que os edis desconheçam o documento legal que baliza as atividades no parlamento. Deveriam saber que podem até, em última instância, pedir o afastamento de agentes públicos. Quaisquer agentes públicos.
E isso, embora não seja conclusivo, seria um evidente sinal de influência do parlamento na vida de uma comunidade. E é, também, função precípua do legislativo. Que pode não querer cumpri-la, claro, mas assim estará contribuindo para a desmoralização da instituição parlamentar.
Só como curiosidade, o sítio reproduz o artigo 94 do Regimento (se quiser conferi-lo na íntegra, basta clicar AQUI):
“Art. 94. Ao término dos trabalhos, a Comissão fará relatório circunstanciado, concluindo por projeto de resolução ou pedido de arquivamento, encaminhando:
I. à Mesa Diretora, para as providências de sua alçada, oferecendo, conforme o caso, proposição que será incluída em Ordem do Dia, no prazo de oito (08) dias;
II. ao Ministério Público, com cópia da documentação, para que promova sobre a responsabilidade civil ou criminal pelas infrações apuradas e adote as medidas decorrentes de suas funções institucionais;
III. ao Poder Executivo, para a adoção de providências saneadoras, de caráter disciplinar e administrativo, em conformidade com a legislação vigente, assinalando prazo hábil para seu cumprimento;
IV. à Comissão Permanente que tenha maior pertinência com a matéria, à qual incumbirá fiscalizar o atendimento do prescrito no inciso anterior;
V. ao Tribunal de Contas, para as providências cabíveis…”
Portanto, há poder, sim, na CPI. O que se está vendo, no entanto, é um total desinteresse em exercê-lo. O que pode ser bom politicamente para os integrantes da Comissão. Mas é péssimo pra a imagem deles na comunidade. Gostem ou não.
Os sinais enviados semana passada precisam ser assimilados. Ou não. E esta segunda-feira pode ser um bom dia para exercitar o pensamento.
EM TEMPO: a CPI vai convidar o ex-comandante regional dos Bombeiros, Ten. Cel. Moisés Fuchs, para depor na quarta-feira. Fará o mesmo com o ten.cel. reformado Daniel Adriano. Eles não precisam ir, se não quiserem. Da mesma forma que os delegados Marcelo Arigony e Sandro Meinerz, a ser convidados mais para o final do mês.
Na mesma quarta pode comparecer, se for de fato convocado, o atual secretário de Relações Institucionais, Giovani Manica. Só não se sabe, ainda, por que não foi convocado o secretário de Controle e Mobilidade Urbana, Miguel Passini – também uma sugestão da oposição, como todos os demais depoentes dos últimos dias e que levaram os representantes das vítimas a se manifestar, exigindo ação dos integrantes da CPI.
EM TEMPO (2). A presidente da Comissão declarou, no final da semana, que não há mais que se falar em depoimentos sugeridos pela oposição. Todos são da CPI. São, é verdade, mas se duvida muito da convocação de quaisquer deles, não fosse a pressão oposicionista. Simples assim. A coisa se encaminhava celeremente para uma pizza gigante. Agora, talvez seja apenas, como se dizia antigamente, um brotinho. Ainda assim, uma pizza.
Os 11 vereadores da base governista, entre eles um citado no relatório final do Inquérito Policial, quebraram o decoro parlamentar para criar essa verdadeira fraude, uma CPI que não é para investigar, é para blindar o governo municipal.
É impressionante observar que os vereadores do governo, que compõem a CPI, não tem nada a perguntar e ainda pressionam os vereadores da oposição para que sejam suscintos em suas perguntas, tentando claramente calar a oposição.
Assisti a pelo menos duas reuniões da “CPIzza”, servidores do município foram ouvidos, com destaque para o depoimento do Arquiteto Rafael Escobar. A oposição pergunta pouco, deveria impor-se, ser mais veemente!
Lembren-se: “O que não está no processo não está no mundo”, e eu complementaria dizendo que não estará no relatório.
Só de saber que temos que guentar quatro anos essa gente me anoja.