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KISS. Familiares não esquecem jamais. De novo, a busca por Justiça chega às ruas do centro da cidade

Em frente à boate, local da tragédia de 27 de janeiro, momentos de emoção. E muita tristeza
Em frente à boate, local da tragédia de 27 de janeiro, momentos de emoção. E muita tristeza

Há os que imaginam ser possível o esquecimento. Não, não é. E os familiares das vítimas da tragédia de 27 de janeiro lembram a cada momento. E mais: espalham isso pela cidade inteira. Foi o que aconteceu, mais uma vez, na tarde deste sábado chuvoso em Santa Maria.

Quem relata a manifestação desse dia, que antecede em uma semana o sexto mês do incêndio em decorrência do qual morreram 242 jovens e mais de 600 foram feridos, é a repórter Gabriela Peruffo, do jornal A Razão – que trará mais detalhes em sua edição desta segunda-feira. A foto é de Rafael Dias. Confira:

Familiares pedem por justiça e caminham até a Kiss

kiss seloEm consequência das últimas decisões judiciárias, relacionadas ao caso da Boate Kiss, alguns pais e familiares de vítimas da tragédia, se concentraram na Praça Saldanha Marinho, para pedir justiça. “Nossa caminhada é contra a impunidade e pelos movimentos sociais”, explicou Adherbal Ferreira, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria (AVTSM).

“Estamos frustrados, ainda existe um sentimento de injustiça entre nós”, completou o presidente da Associação. A caminhada foi até o local onde funcionava a boate, provocando o choro e tristeza dos manifestantes. Um deles chegou a atirar alguns objetos em direção a parede da Kiss, sendo contigo pelos outros.

“A justiça é contra o que é certo, é a favor de quem tá no poder”, gritou Marta Beurer, mãe de uma vítima, em frente a boate. Os familiares gritavam palavras de ordem como “justiça” ou ainda “fora Schirmer” ao longo do ato.

“A pergunta que fica é: e se fosse um filho teu?” defendeu Flávio José da Silva, do Movimento Santa Maria do Luto à Luta. “Se fosse o filho de um juiz, de um desembargador, de um político, eles também iriam querer justiça”, completou. Da frente da Kiss eles retornaram para a praça, onde teve espaço para todos falar.

“Sábado e domingo é uma tortura. Eu sei que estão cansados das nossas manifestações, ouço comentários no ônibus. Mas enquanto eu estiver forças estarei lutando”, defendeu Helen Figueira, sogra de uma vítima. “Tem gente que ainda diz que queremos dinheiro, que vamos ser candidatos políticos. A gente queria era os nossos filhos ao nosso lado, estudando, trabalhando, e agora queremos justiça”, defendeu Helen.

Os familiares de vítimas devem organizar outros atos, para pedir por justiça. Conforme o presidente da Associação, a intenção é mobilizar cada vez mais pessoas. “Não podemos deixar cair no esquecimento, e precisamos de cada vez mas apoio”, afirmou. Há uma semana de completar seis meses da data do incêndio, que causou 242 mortes e deixou centenas de feridos, no próximo sábado, dia 27, deve acontecer outro ato de homenagem e protesto.” 

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5 Comentários

  1. A situação que está se criando, com algumas pessoas “cansadas” das manifestações legítimas dos familiares e demais pessoas atingidas brutalmente pelo assassinato coletivo em uma câmara de gás denominada kiss, nada mais é do que parte (grande) do mosaico de nossa sociedade. Sociedade hedonista, individualista, narcisista, avessa à solidariedade, à empatia, ao altruísmo e à liberdade de expressão. É um bom momento para rediscutir esta sociedade. Quem somos? O que queremos? Para onde vamos? De que forma? É isto que queremos? Lei da selva? Cada um por si? E mais uma série de questionamentos. Faço apenas uma comparação. Será que a sociedade israelense está cansada da lembrança do holocausto? Todo ano há manifestações, inclusive há momentos em que todos param o que estão fazendo, mesmo os que estão no trânsito. Aqui provavelmente seria invocada a liberdade de ir e vir. Não vou escrever mais porque esta reflexão me entristece muito com alguns concidadãos. Mas como diz a Irmã Lourdes: “Força e Coragem”.

  2. Meus filhos perderam amigos,e eu, sinto uma dor muito grande com isso. Não posso tocar no assunto que choro. Agora, imagino como se sentem pais, mães, irmãos, namorados(a), familiares! E o Judiciário,surpreendendo negativamente. Embora, para mim, não seja surpresa, pois estou no meio há 36 anos, e advogo há 31. Sei como funciona!

  3. Apesar das tentativas forçadas,com textos e videoclipes, apesar da Promotora ter dito “o que passou,passou”, apesar do constrangedor descaso de grande parte da população, JAMAIS seremos os mesmos. Os que sofrem e os que são solidários ao sofrimento alheio, tem direito SIM, de manter viva a memória das vítimas. TECNICAMENTE não recomendáveis, foram permitidas a aquisição e utilização de sinalizadores em um ambiente que, TECNICAMENTE não estava adaptado a isso. Aí, TECNICAMENTE, a justiça prendeu(e, depois soltou) quatro pessoas. TECNICAMENTE, denunciou bombeiros,mas, TECNICAMENTE,alega não poder fazer o mesmo com agentes políticos. Apesar de, TECNICAMENTE,ocorrerem 242 óbitos e um sofrimento imensurável de pais,familiares e amigos, e a incredulidade de milhares pessoas no Brasil e no mundo. Viva Santa Maria, a Capital Nacional dos Blindados.

  4. Estou viajando em ferias,mas nao esqueço um só dia o que vi naquela noite,nos dias que se seguiram e ate hoje atendendo as vitimas no HUSM,com múltiplas seqüelas. A nossa luta tambem tem sido grande para que as autoridades da Sáude nao saiam de cena, como as outras já saíram. Vamos fazer nosso papel, atendendedo e “brigando”por cada uma das vitimas, que pasmem, se sentem culpados pelos amigos e colegas que nao puderam salvar e /ou ficaram para trás . Juventude de caráter, lição e esperança de futuro melhor.

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