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Gerador de blá blá blá – por Daiani Ferrari

Ando sem paciência. Isso é fato. Nada tem a ver com TPM e essas coisas de mulher. Ando sem paciência com quase todo tipo de gente.

Essa semana está fria. É inverno. No meu mundo perfeito, no inverno faz frio. Irritam-me as pessoas que reclamam do frio e quando chega o verão, reclamam do verão. Decidam-se, ou mudem de hemisfério a cada estação.

Em dias como esses em que, numa escala de 0 a 10, minha falta de paciência está em 12, uso cada vez mais uma técnica que inventei, meu gerador mental de blá blá blá.

O que é isso?

Eu identifico potenciais chatos e quando eles abrem a boca e começam a falar, ligo o gerador de blá blá blá e não escuto nada. Só sorrio. Imagino imagens do mar caribenho de Isla Mujeres, o mar mais lindo que já vi na vida. Penso em uma tarde no Central Park, sentada na grama sem fazer nada por horas. Penso na próxima viagem grande que quero fazer e fico indecisa entre Roma e Paris. Lembro do sabor maravilhoso do chocolate Lugano, de Gramado, ou da música do Beto Pires sobre Santa Maria e no apito dos trens. Cada um usa a imagem que quiser.

É batata. Me livro rapidinho dos chatos. E não fico tomada pela raiva.

E tem mais. Meu gerador tem velocidades. Como eu fico olhando para a pessoa quando ela fala, meu gerador identifica a velocidade da fala e se adapta a ela. Pode ser um blá blá blá rápido ou um blá blá blá arrastado, tipo fita cassete estragada.

Sabe aquele colega de trabalho que fala sobre outro colega para um terceiro colega? Com o gerador de blá blá blá, essas picuinhas não fazem nem cócegas, porque você simplesmente não escuta.

Isso sem falar naquela pessoa que chega, conta uma história do tamanho do mundo que você sabe que não tem nada a ver com qualquer coisa que você faça, mas, de acordo com o moço da palestra motivacional do último encontro da categoria – a qual eu não assisti, apenas obtive relatos -, você deve ouvir. Quando isso acontece, tenho vontade de ligar o gerador na potência máxima, para que esse momento dure o menor tempo possível e me leve a pensar na minha cama, meu travesseiro supermacio e um balde de pipoca para ver um filme.

Eu já fui menos nervosinha, por isso, podem acreditar, esse artifício faz toda a diferença quando eu entro em casa no final da tarde e só quero aproveitar o que resta do dia.

Brincadeiras à parte, na atual conjuntura em que estamos vivendo, cada um encontra um meio de separar vida pessoal de profissional. De deixar lá fora o que é de fora e aqui o que é de dentro de casa. Como tenho a característica de carregar para todo lugar as aporrinhações do mundo e ficar remoendo uma por uma, já nem deixo que elas me atinjam lá fora para garantir o bem estar aqui dentro.

Fones de ouvido também resolvem. Mas o blá blá blá é mais divertido.

E uma superdica: façam isso quando o Lasier estiver falando no Jornal do Almoço. A satisfação é garantida.

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