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”Imparcialidade”. Estadão fala da duplicação das importações. E ‘esquece’ das exportações

O Brasil exportou nada menos que US$ 137 bilhões, em bens e serviços, durante 2006. É o segundo maior exportador da América Latina. É verdade que bem abaixo do México, que vendeu ao exterior, especialmente aos seus vizinhos ianques, que fazem do território mexicano o seu quintal, graças ao Nafta, quase o dobro: US$ 250 bilhões.

 

Aliás, o Brasil também é o segundo maior importador ao sul do Rio Grande, fronteira mexicano-estadunidense. No ano passado, os tupininquins compraram do exterior nada menos que US$ 90 bilhões – contra US$ 268 bilhões dos mexicanos. Números extraordinários, cá entre nós.

 

Aliás, os brasileiros tiveram uma umento das exportações de 16%, em 2006, em relação ao ano anterior. Pouca coisa, 1%, mas ainda assim mais que a média mundial de 15%. Estima-se que, inclusive, esses números devam ser maiores em 2007. Não muito, mas maiores. Assim como as importações, que devem aumentar talvez até mais, reduzindo-se o superávit comercial que foi de R$ 46 bilhões no ano passado e que colaboraram em muito para o aumento fantástico das reservas nacionais em dólar. E que são um verdadeiro acolchoado para uma crise externa.

 

Atenção: o que você leu aí em cima, sem qualquer juízo de valor, são números oficiais. A partir deles é possível fazer qualquer ilação. Sem nenhum problema. O que não pode, sob pena de distorção, é esquecer uma das partes. Isto é: supervalorizar as exportações e desvalorizar as importações pode ser um erro. Mas a partir de dados de lado a lado. O inverso também é possível; isto é, supervalorizar as importações, dando-lhes conotação negativa, de desvalorizar as exportações, acusando por exemplo o câmbio desfavorável.

 

Com certeza, quem ler uma reportagem com todos os números poderá bem avaliar o trabalho do jornalista e do jornal. Mesmo que eventualmente não concorde. É do jogo. Agora, cá entre nós, esquecer um lado e tratar apenas do outro, como é que fica? Pois é, foi exatamente o que fez o jornal O Estado de São Paulo neste domingo (veja sugestão de leitura, mais abaixo).

 

Escudando-se numa cínica imparcialidade, o jornalão paulista conseguiu produzir uma notícia em que apenas um lado é citado. Só, no caso, o das importações. E fez as ilações que bem entendeu. Sem simplesmente citar (não é nem comentar) os números das exportações. Isso tem um nome: parcialidade. Ou desonestidade jornalística. Escolha o termo que quiser. Exceto isenção.

 

SUGESTÃO DE LEITURAconfira aqui a reportagem “Importações dobram no governo Lula e vão superar US$ 100 bilhões”, assinada por Marcelo Rehder, e publicada no jornal O Estado de São Paulo.

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