Conforme a historiadora Roselaine Casanova, “a memória cultural gaúcha foi construída a partir de referência do “gaucho”, o campeador, o homem sem lei, sem família, que depois foram unidas a elementos inventados por jovens fazendeiros, quando criaram o CTG, em meados dos anos 1940”.
Essa é uma das muitas avaliações disponíveis em excelente material publicado no sítio da Unifra, através da Agência Centralsul. Vale a pena conferir, nem que seja para discordar (sim, aí, definitivamente, não há unanimidades), a reportagem assinada por Laiz Lacerda. A seguir:
“Gaúcho não só em setembro
A cultura gaúcha começa a ser enaltecida todos os anos quando se aproxima o dia 20 de setembro, data que se comemora o “Dia do Gaúcho”. Durante todo esse mês ou na semana que antecede a data, uma série de costumes e tradições conhecidos como típicos dos gaúchos são valorizados ainda mais nas escolas, nas ruas e por todos os veículos de comunicação.
O quê vemos é uma espécie de gaúcho fantasiado, um gaúcho de época – a semana Farroupilha -, que por esses dias frequenta CTGs, vai ao Parque da Harmonia, veste sua bombacha esquecida no armário, exibe seu chimarrão com orgulho nas praças e nas redes sociais, cola adesivos da bandeira do Estado no carro, e até exibe uma na sacada.
Há, claro, uma parte da população que mantém esses hábitos em qualquer época do ano, como o comerciante santa-mariense Edson Batista Stribe, 46 anos. “Costumo participar e até patrocinar rodeios, bailes, shows tradicionalistas durante o ano inteiro. Acho errado as pessoas deixarem de lado isso o resto do ano”, afirma. A comerciante Tereza de Fátima, 52, acredita que as crianças e os jovens de hoje em dia trazem de família esse costume deveriam cultivar esse legado cultural. “Ser gaúcho é a vida toda”, afirma Tereza…”
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Cultura é sempre invenção. Ponto. Nada tem de “natural”, “original” ou “sempre foi assim”.
Para começo de conversa, os primórdios do MTG ocorreram por mão de Cezimbra Jacques. A criação do 35 CTG envolveu pessoas de todas as procedências, muitas com origens urbanas. O “jovens fazendeiros” fica por conta do ranço marxista que todo professor de história tem. Se cabe uma “luta de classes” certamente ela aparece, mesmo artificialmente. O primeiro CTG também envolveu descendentes de alemães e italianos, fato pouco mencionado.
O “elementos inventados” também tem um certo corporativismo. Paixão Cortes é agronomo e Barbosa Lessa advogado. Depois de um viagem ao Uruguai resolveram fazer um trabalho de pesquisa, um levantamento etnográfico dos costumes no interior. Algumas “reconstituições” ocorreram, mas na falta de outra explicação ficaram valendo. Como o trabalho deu resultado, historiadores acadêmicos (de gabinete é redundante) ficaram com inveja e tentam incansavelmente desqualificá-lo.
Os CTG’s inspiraram os centros de tradições nordestinas, mas para estes tudo é bonito e ninguém fala nada. Em SM já fizeram até festas de cowboys, mas isto é bonito, é chique.
Outro aspecto interessante, na época de fundação dos CTG’s quem vestia uma pilcha sofria preconceito. Hoje existe a patrulha da vestimenta.