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Hallelujah – por Luciano Ribas

A cena é bizarra: um senhor de cabelos brancos, arrastando um cachorrinho e dizendo-se neto e sobrinho de ex-presidentes, avança sobre um grupo de profissionais. Aos berros, o velho homem “alerta” que o inferno seria o destino de todos eles. Sua motivação? O comercial d’O Boticário, que mostra o amor sendo celebrado de diversas formas. Um simples comercial, onde não aparece nada mais grave do que alguns abraços.

Se bizarra é a cena, dantesca é a atitude. Isolada, ela seria só excentricidade. O problema, porém, é que ele não está sozinho e nem todos os haters são movidos por desvarios. Há gente que raciocina (e muito bem) promovendo o ódio nas redes sociais e na “vida real”. Que sai da gritaria e parte para o ataque, ou que incentiva os mais simplórios e influenciáveis a fazê-lo. Estes, seguem o comando e, dessa ciranda, nem o túmulo do Chico Xavier escapa…

Aí está o verdadeiro problema. Contra todos os alvos, “eles” saíram da toca. “Eles” e “elas”, gente intolerante e mesquinha que se aproveita da liberdade duramente conquistada para vomitar todos os seus preconceitos, escudados pelo “direito à opinião”. As redes sociais lhes fez sumir a vergonha, pois o primeiro que ruge excita os demais. Tomados pelo gozo, são como um bando de hienas se refestelando na carniça.

Entretanto, não estou aqui para falar de teorias que expliquem o “fenômeno”. Meu objetivo é afirmar que é preciso pará-los, denunciando, processando, expondo quão ridículo é o seu comportamento, ocupando os espaços públicos, respondendo violência com lei, defendendo cada atingido ou atingida como se um irmão ou irmã de sangue fosse.

Esta é uma das grandes batalhas do nosso tempo, a luta da razão contra o obscurantismo, da aceitação contra o ódio. Nenhum ser humano decente pode fugir dela, pois a verdadeira decência não é o moralismo (religioso ou não), mas o respeito a todas as formas de vida.

Ouço Leonard Cohen cantando “Hallelujah” enquanto escrevo este texto. Nela, ele diz que “Há uma chama de luz em cada palavra / Não importa qual você ouviu / O sagrado ou o sofrido Aleluia”.

Como ele, também acho que pode haver luz nas palavras, embora seja nas atitudes que ela pode alcançar seu pleno efeito. É o que ainda me move, mesmo nesses tempos em que muita gente quer ouvir apenas a própria voz, enquanto impõe dor e sofrimento a quem não lhe diz amém.

Para quem quiser ouvir a música de Leonard Cohen, “Hallelujah”: http://migre.me/qpSev

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