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Sem análise, por favor – por Daiani Ferrari

Em conversa com a Maria Luiza, ela me relatou que tem dias em que a tensão e a angústia são fardos tão pesados que ela gostaria de ficar invisível. Disse-me que prefere ficar invisível a sumir. Ir embora, segundo ela, implicaria em não saber o que está acontecendo em seu mundo, não saber se o marido está trabalhando direito, almoçando legal e jantando cedo para poder dormir bem. Se sumisse, se deixasse a casa, não saberia se o cachorro está fazendo xixi no lugar certo ou roendo o pé da mesa. Se apenas ficasse invisível, ela ainda saberia como estariam cuidando de seu filho, afinal de contas, ele é seu bem mais precioso.

Mostrando certo distanciamento do mundo, ela disse que só gostaria de desaparecer em dias como aquele em que conversamos. Ela poderia chorar sem que ninguém ficasse fazendo perguntas sobre o motivo e tentando encontrar uma resposta. Poderia correr de um lado para o outro, socar a parede buscando o fim da dor que não sabia onde começava ou terminava. A dor física já não importa para ela. O que ela sente no coração é bem pior, porque não sabe como controlar. Não há um remédio que possa fazer aquilo cessar. E como socar a parede pareceria estranho e maluco aos olhos dos outros, ela gostaria de ficar invisível para fazer isso e, quem sabe, abafar o que sentia, embora não soubesse o que era.

No meio da conversa, Mariazinha, apelido que ganhou ainda criança, disse que não se considera uma pessoa sozinha. Tem amigos, família, um bom marido e um filho lindo, mas não sabe o que acontece. Às vezes, ela não é feliz como no comercial de margarina e só quer ficar sozinha e tentar se entender. E gostaria de fazer isso ficando invisível, porque há dias em que a dor é insuportável.

***

Eu entendi seus motivos para querer se esconder. Ninguém é capaz de entender melhor que nós mesmos o que se passa aqui dentro. Tem dias em que queremos correr e gritar, só isso, sem ninguém olhando e passando a mão na nossa cabeça.

Nossas dores, às vezes, não precisam ser analisadas e não queremos que ninguém nos indique um rumo a seguir. Não queremos conselhos e experiências de outros, queremos só entender o que temos aqui dentro e fazer o melhor possível.

Já diz o ditado, muito ajuda quem não atrapalha. Mesmo que as intenções sejam boas.

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