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KISS. Limpeza da boate, determinada pela Justiça, deve preservar o cenário. E esse é o maior problema

Para realizar a inspeção – que duraria 40 minutos -, preparação especial dos técnicos que…
Para realizar a inspeção – que duraria 40 minutos -, preparação especial dos técnicos que…

kiss seloPara que seja possível uma reconstituição, que é o desejo das partes e que ainda será analisado pela Justiça, o cenário da tragédia deve ser minimamente preservado. Esse é um dos problemas a ser enfrentado pela empresa contratada para o serviço, acordado entre a proprietária do imóvel e o Ministério Público.

Na inspeção prévia feita na sexta, todos os cuidados foram tomados e a constatação de que há muita coisa ali que não poderá ser tirada (exatamente por conta da necessidade de manter-se as circunstâncias do acontecido) levou à conclusão de que não será assim tão fácil, nem rápido, realizar o trabalho. Um problema e tanto, ninguém duvida.

Sobre a inspeção de sexta e outras informações, vale conferir o material publicado neste final de semana pelo jornal A Razão. A reportagem (texto e fotos) é de Luiz Roese. Acompanhe.

Técnicos fazem vistoria na Boate Kiss para fins de limpeza

…no interior, constataram (chocados) presença de muito material que não poderá ser retirado
…no interior, constataram (chocados) presença de muito material que não poderá ser retirado

Para definir o que será necessário para a limpeza da Boate Kiss, em Santa Maria, quatro técnicos da empresa Sulclean, sediada na cidade, fizeram uma vistoria no que restou do estabelecimento na manhã desta sexta-feira. Um engenheiro químico, um engenheiro florestal, um técnico de segurança no trabalho e um gerente operacional ficaram pouco menos de 40 minutos no local. Eles tiraram vários fotos.

O resultado da vistoria vai ajudar a Eccon Empreendimentos de Turismo e Hotelaria, dona do imóvel, a escolher a empresa que fará a limpeza do local. São seis candidatas: cinco empresas de Porto Alegre (RS) e a Sulclean.

A limpeza do local foi acertada entre a Eccon e o Ministério Público Estadual, que abriu um inquérito civil para investigar a presença de produtos tóxicos na Kiss. Pelo acordo com a promotora Rosangela Corrêa da Rosa, a dona do imóvel se comprometeu a contratar o serviço e custeá-lo. Para isso, recebeu prazo até a próxima quarta-feira, dia 23, para informar ao MP qual empresa irá fazer a limpeza. O advogado Paulo Henrique Corrêa da Silva, que representa a Eccon, diz que deve pedir uma prorrogação do prazo. “A gente resolveu se adiantar. Por isso, entramos em contato com a Sulclean e pedimos para eles fazerem uma vistoria e um orçamento”, explica o advogado.

Os técnicos da Sulclean não tinham uma noção exata do que iriam encontrar. Por isso, entrar pela primeira vez no local que foi cenário do incêndio que causou a morte de 242 pessoas, foi chocante. “Encontramos muitos resíduos, muitos calçados… É uma cena terrível. É algo que choca muito entrar lá e se deparar com o palco, os banheiros…”, comentou o gerente operacional da Sulclean, Vanoly Vasconcelos.

De acordo com o técnico, o trabalho de limpeza será complicado, porque não é possível retirar os entulhos, para deixar o local preservado para fins judiciais. Se houvesse essa possibilidade, o trabalho de limpeza e desinfecção duraria de uma semana a 10 dias, de acordo com Vanoly. Como não dá para retirar entulhos, ele não estima uma prazo para fazer o serviço.

Vanoly diz ainda que serão feitas reuniões entre os técnicos da Sulclean para saber se a empresa tem meios possíveis para realizar a limpeza. Ele não deu um prazo para uma resposta à Eccon. Segundo o técnico, o mais complicado é a existência de buracos no tablado da pista de dança, em frente ao palco. “Um funcionário pode cair ali, há riscos. Tem também ferros soltos, que podem cair. Talvez tenham áreas que não possam nem ser acessadas”, opinou Vanoly.

Para entrar na Kiss, os técnicos da Sulclean vestiram roupas especiais, luvas e máscaras. O trabalho foi acompanhado, do lado de fora, por dois oficiais de Justiça. Um deles levou até o local as chaves do imóvel e o alvará que liberava o acesso ao interior do prédio.

O certo é que a limpeza, quando for realizada, deve preservar ao máximo o cenário do incêndio. O juiz Ulysses Fonseca Louzada, responsável pelo processo criminal da tragédia da Boate Kiss, não descarta que ainda seja feita uma reconstituição. Defesas dos réus já pediram ao magistrado para entrar na casa noturna, mas os pedidos foram negados.

O projeto para a limpeza e a remoção dos produtos tóxicos deverão ser feitos sob responsabilidade da empresa ou profissional com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) vai orientar quanto aos procedimentos que devem ser adotados para a remoção dos resíduos. Uma empresa especializada deverá elaborar um projeto sobre como deve ser feita a limpeza  e para onde os resíduos serão encaminhados (o destino provável será Canoas, no Rio Grande do Sul). Depois de finalizado, o projeto deverá ser encaminhado para aprovação da FEPAM.

Após ser realizada a limpeza, o local deve ser vistoriado por técnicos da FEPAM. Na visão do engenheiro Mário Kolberg Soares, da Divisão de Controle da Poluição Industrial da FEPAM, o resultado ambiental do incêndio na Boate Kiss não foi diferente em relação a outras ocorrências do mesmo tipo. “Tirando o número de pessoas que morreram, foi um resultado normal para acidentes desse tipo. Qualquer local que tenha plástico, cloro e carbono, se houver uma queima, vai resultar em dioxinas e furanos (substâncias tóxicas resultantes da combustão), em quantidades medidas em nanogramas (1 milionésima parte de um grama)”, afirma Mário.   

O pedido para a limpeza do local foi com base na coleta feita em março, dentro da boate, por profissionais do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), sediado em Santa Maria. Eles recolheram amostras de resíduos do interior da casa noturna e depois enviaram o material para análise da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), vinculada ao governo paulista. Os laudos da Cetesb relataram a presença de 17 produtos químicos no pó residual que está na Kiss.”

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9 Comentários

  1. Que curiosidade… Compactuo com ela.
    Ele deu a licenca, dirigiu a secretaria até detectarem a contaminação e NADA fez enquanto secretario.
    Agora vai limpar.
    Curioso.

  2. Não deixa de ser curioso o que assisti no RBS Noticias na semana passada. Pelo que vi, parece que o ex-secretário de Meio Ambiente de Santa Maria foi um dos técnicos que entrou no prédio da Kiss para realizar uma avaliação. Pelo que entendi, atua agora numa empresa, que por sinal, é (ou foi) fornecedora de serviços da Prefeitura. Posso estar enganado, mas foi o que vi e entendi. Curiosidades. Apenas isso.

  3. O técnico da FEPAM erra feio!… Micrograma é milionésimo
    Nanograma. É menos.
    Ta tudo confuso.O CEREST afirma que esta contaminado, com 17 substancias toxicas e DEIXA um quarteto entra e sair e DAR entrevista?

  4. Bem coisa do judiciário. Determina que um omelete tem que ser feito amanhã, mas não tem óleo, nem frigideira. E as galinhas que botam ovo só chegam semana que vem.
    Não tinham trazido um equipamento de não sei onde e feito um escaneamento a laser da bagaça? Ou era só marketing?

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