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Lembranças de meu tempo de guri – por Carlos Costabeber

Nesse Dia das Crianças, busquei na memória os meus tempos de guri! Aí tentei fazer uma comparação sobre a vida da gurizada há cinquenta anos, com a de hoje. Uma diferença abismal!

Para os mais novos, lembro que na minha época de criança em Santa Maria não havia geladeira (ou qualquer eletrodoméstico), fogão a gás, ar condicionado ou televisão. Os únicos divertimentos eram o futebol no campinho da rua, bolinha de gude, de subir nos pés de caqui, as leitura de revistas em quadrinhos, e as sessões de matiné no Cinema Imperial (hoje Eny Calçados da Bozano). Aliás, a gente se reunia na frente do cinema, antes e depois de cada “seriado”, para trocar revistas. Cada um levava um monte de exemplares (Super Man, Tarzan, Pato Donald & Cia. Mister X, …), para trocar com os demais.

Comida? Só a feita em casa, com exceção das rapadurinhas no bar da esquina, e dos picolés e sorvetes. Nada de coisa congelada, iogurtes ou de fastfoods. Verduras eram produzidas no quintal das casas, e frutas, só as da estação, exceto as maçãs argentinas e bananas paulistas.

Lembro da chegada da Kibon a Santa Maria, em um bar perto da pracinha dos brinquedos. Achei que bastavam 5 cruzeiros (que era o preço do sorvete mais caro da Sorveteria Nevada). Só que “faltou grana”! A gostosa novidade, o Chicabom, custava 8 cruzeiros.

Lembro da alegria dos “banhos de chuva”, e de deitar na sarjeta para aproveitar bem a água corrente.

E da criação do San Remo Sporting Club, que sob a liderança do Paulo Seffrin, reunia a gurizada da “Rua Nova” (atual Paul Harris) e da Floriano Peixoto. Foi meu primeiro time, com carteirinha e tudo, onde me destaquei como um grande goleiro.

E das peladas na mesma rua, quando apareciam os dois irmãos, o Walter e o Nelson Jobim, fardados de goleiros (o Walter de Grêmio e o Nelson de Internacional).

Ou quando chovia, de andar de bicicleta no barro ali na Rua Olavo Bilac (que era de chão batido).

A maioria estudava alí pertinho, no Colégio Santa Maria (que só aceitava guris), com aulas pela manhã e à tarde.

Ali se vivenciou o auge da Banda Marcial Irmão Leão, dos desfiles estudantis e das brigas com o Maneco.

Agora vejo os filhos e netos!

Mudou quase tudo de lá para cá!

Hoje a alimentação é industrializada, com uma infinidade de opções, “facilitando” a vida dos pais e dos filhos. Só que tantas opções de comidas trazem seus efeitos colaterais para as crianças, que assim têm dificuldades para ingerir mais frutas e verduras.

As opções de lazer de então foram substituídas pela televisão, internet, games, telefone celular.

E os pais procuram dar todo o conforto para os filhos, “mimando-os” com incontáveis brinquedos, ar condicionado no quarto e roupas bonitas.

Sem falar no ensino, que pouco avançou com relação há cinquenta anos. Não fosse o uso da tecnologia, as aulas ainda são semelhantes às de antigamente.

Restaria muito a lembrar e escrever; mas sei que cada um também faz eventualmente, uma viagem no tempo, lembrando os bons tempos de guri (guria).

Acho que éramos mais felizes,… e não sabíamos !

Bons tempos !

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