IMPUNIDADE. O que une o assassinato de Kennedy e, especialmente, os 242 jovens mortos na Boate Kiss
O jornal Zero Hora publica, neste domingo, mais um excepcional artigo do veterano jornalista Flávio Tavares. E ele, de uma certa maneira, sintetiza a sensação que vivemos em Santa Maria. Bem, pelo menos aqueles que buscam, sem qualquer restrição, algo conhecido singelamente como “Justiça”. Confira um trecho, a seguir:
“De Dallas a Santa Maria
O assassinato de John Kennedy completa meio século, sem que se saiba quem o matou e a mando de quem ou do quê. A grande conspiração que, com dois tiros disparados a mais de 30 metros, estourou os miolos do presidente dos Estados Unidos a 23 de novembro de 1963, em Dallas, não é apenas um complicado caso policial que passe à História como “insolúvel”, se dissolva nos anos e no esquecimento. Matar o presidente da maior potência militar, econômica e financeira do planeta em seu automóvel em plena rua e, passados 50 anos, não desvendar o crime (nem saber explicá-lo) é ainda mais vergonhoso e absurdo do que o próprio crime.
Sim, pois o encobrimento é mais ultrajante do que o delito em si. Qualquer crime contra a vida e a dignidade humana _ a começar pela tortura _ é perverso na essência, mas pode até ter explicação racional. Encobri-lo, porém, é perversão abjeta e irracional, pois cometido pela própria Justiça. É um crime dentro do crime. Só a mesquinhez do interesse subalterno (chame-se corrupção, desídia, peculato, suborno, alienação, ânsia de lucro ou o que for) pode explicá-lo…
… A lista dos grandes encobrimentos ocuparia páginas do jornal. Por isto, limito-me ao mais trágico dos acontecimentos e que (mesmo bem próximo) se encaminha para a mais infamante impunidade _ a matança de janeiro na boate de Santa Maria.
O minucioso inquérito policial e a amplitude da carnificina de 242 pessoas não foram suficientes para sensibilizar os promotores de Justiça por lá. Foi preciso reabrir agora a investigação, quase recomeçar tudo de novo, para evitar que se encubra o crime abjeto. E para que Santa Maria não seja a Dallas brasileira…”
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@GEF
Tenha,no minimo à responsabilidade, de falar POR VOCE, Que sabemos, voce não tem procuração para falar sobre o “pensar” das pessoas.
Pensar, palavra dificel, para voce entender.
Passarão anos, decadas, não esquecerei.
Tive filho, que escapou por um triz e perdeu um grande amigo, na noite de carnificina, como citou Flavio Tavares, ontem em ZH.
Justiça é uma palavra muito grande. Justo é o que as leis e as instituições determinarem. Ninguém vai se declarar culpado de um crime que se acha inocente para apaziguar a consciência de outras pessoas.
O segundo aspecto: é preciso ter provas do que se afirma. Quem, quando, como. Corre-se o risco de um oficial de justiça bater na porta com um pedido de explicações na mão. O que já é incomodação.
E uma previsão: quando tudo acabar, daqui uns anos, ninguém vai achar que foi feita justiça. Inocentados, culpados, vítimas e familiares, terceiros. Ninguém.