A análise. Lula tem que olhar a classe média. E a mídia grandona? Arrancar os cabelos?
Vou me poupar. Encontrei alguém que avalia o resultado da pesquisa feita pelo Datafolha (e também do tal movimento Cansei) exatamente do mesmo jeito que eu. E escreve com muito mais talento (olha aquela modéstia a que sempre me refiro, e ninguém acredita).
No caso, a pra lá de insuspeita jornalista Helena Chagas, comentarista do SBT e diretora da sucursal de Brasília da rede de TV do Silvio Santos. E que escreve também no Blog dos Blogs. Que é de onde tirei o texto a seguir que, creia, é o que eu gostaria de ter publicado. Confira:
Quem deve se preocupar com as pesquisas
É claro que o governo deveria estar preocupado com os 8% da população que andam de avião e com a faixa de renda familiar mensal acima de R$ 3.500, onde houve queda de sete pontos em relação a março na popularidade de Lula. Mas sabem quem deveria ficar mais preocupado, tipo arrancando os cabelos mesmo, com os resultados do Datafolha de hoje mostrando que a crise aérea e o acidente da TAM não afetaram a aprovação do governo? A mídia.
Depois do bombardeio de dez meses de crise aérea e de duas semanas do trauma da mais dramática tragédia aérea do país, a cobertura maciça não ter feito nem cosquinha na aprovação do governo é, de fato, um espanto. É, sobretudo, a comprovação de que o tal “efeito pedra no lago” – aquele segundo o qual os formadores de opinião e classes mais altas iriam irradiando suas percepções pelo resto da população em ondas que funcionariam como círculos concêntricos – não está mesmo existindo mais. Já havíamos visto isso na reeleição pós-mensalão e pós-dossiê. A pedra agora afunda sem fazer ondinhas, e isso é um assunto para muitas reflexões.
A economia que vai bem, o bolsa-família, o percentual surpreendentemente pequeno de quem viaja de avião (engraçado, vinha tendo a impressão de que muito mais gente passou a ter acesso ao transporte aéreo nos últimos anos…) podem explicar a situação tranquila de Lula. Mas não justificam a aparente despreocupação do presidente com os setores do alto da pirâmide. Aliás, do alto não. Esses estão bem, como disse o próprio Lula outro dia. Com os setores médios urbanos.
Quando diz que está governando para os pobres e que pode botar gente na rua, Lula parece estar caindo na provocação desses setores que inventaram o “Cansei”, o “Fora Lula”, etc. Bom, o fim de semana, com a pesquisa do Datafolha e a cobertura das manifestações do “Cansei” Brasil a fora mostram o que já se intuía: são um bando de gatos pingados. Se a grande discussão é se havia 2.000 ou 500 caras na av. Paulista – acho que é a primeira vez que vejo um movimento de tal amplitude ter coibertura da grande mídia…- , acho que não dá nem para a saíde, né?
Então, como ia dizendo. Acho que Lula, em vez de cair na provocação dos gatos-pingados e reagir raivosamente, deveria é tentar conquistar e dividir os setores da classe média. Como? Ficando menos raivoso e fazendo coisas para esse setor. Por exemplo: o tal do Pronasci, o PAC da segurança do ministro Tarso Genro. Se receber mesmo os R$ 6 bi que precisa, permitindo o atendimento numa espécie de bolsa-família aos jovens das periferias das grandes cidades, o programa pode muito bem ajudar a combater o tráfico e a violência que apavora a classe média nesses lugares.
Mas tem que fazer, abandonar as bravatas e ignorar os movimentos dos cheirosos e perfumados paulistanos que botam 500 pessoas na rua. Como já dizia minha vó: não é com vinagre que se pegam moscas.
SUGESTÕES DE LEITURA – Clique aqui e confira mais notas publicadas pelo Blog dos Blogs, que tem textos também de Tales Faria, do Jornal do Brasil.
Para saber como foi o protesto (Cansei) contra o Presidente, vale a pena ler também a reportagem São Paulo faz maior “Fora, Lula”; protesto reúne 3 mil pelo país, de Laura Capriglione, da Folha de São Paulo.
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