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Convença-me ou te devoro – por Bianca Zasso

É o desejo de todos. Do dono do açougue ao seu chefe. Da sua mãe e da sua filha. Vale tudo: cores fortes, desenhos bem elaborados, perfumes exóticos. Mas nada compensa se não houver um bom papo, daqueles que parecem despreocupados, mas que foram milimetricamente pensados para atingir um único objetivo – convencer você a comprar, usar, ler e muitos outros verbos. Parece que as pessoas querem apenas o seu bem, mas há outros interesses em jogo. Bons argumentos nem sempre são honestos. Obrigado por fumar, de Jason Reitman, se vale deles como ninguém.

A trama não pretende agradar os certinhos. Seu protagonista é Nick Naylor, um lobista da indústria tabagista. Seu trabalho é convencer o mundo de que fumar não faz mal à saúde e deve ser um hábito conservado pela população. Para convencer uma geração que cresceu vendo o cowboy protagonista dos comerciais da famosa marca Marlboro (presente no filme) vegetar devido a um câncer no pulmão e com campanhas anti-fumo por todos os lados, seu segredo é exaltar a liberdade de escolha. Deixe quem quer soltar baforadas de fumaça com prazer em paz. Afinal, os Estados Unidos é um país livre. Pelo menos na teoria.

foto bianca zassoNaylor, interpretado pelo charmoso Aaron Eckhart, mete o dedo na ferida, atinge o calcanhar de Aquiles de seu oponentes, em especial o senador Finistirre, interpretado pelo ótimo William C. Macy, que quer acabar de vez com os cigarros espalhados pelo país. As batalhas travadas pelos dois são únicas. A violência está nas palavras e na capacidade que Naylor tem de convencer até a mais conservadora das mentes.

Porém, nem tudo é manipulação na vida do protagonista. Sua autoconfiança, aparentemente inabalável, se vê na corda bamba diante de seu filho Joey, um esperto garoto de 12 anos. Mesmo aparecendo diante das câmeras com desenvoltura para defender o tabaco e seus investidores, Naylor quer ser um bom exemplo para o filho e fazer apologia a uma das maiores causas de morte no mundo não é a mais correta das estratégias.

Obrigado por fumar é uma comédia que não causa gargalhadas, mas sim aqueles sorrisos discretos ao apresentar situações pelas quais todos nós já passamos, fumantes ou não. A produção de Reitman não pretende ser uma bandeira em favor do cigarro, até porque nenhum personagem aparece fumando em cena, mas sim uma breve e descontraída análise sobre o poder das palavras certas nas horas certas.

Mesmo que o tema central seja polêmico, o clima do longa é leve e, em alguns momentos, chega a flertar com o drama familiar, como nas cenas carinhosas entre Naylor e Joey. A maioria do elenco do filme é jovial, mas uma das melhores cenas é protagonizada por um veterano das telas, Robert Duvall, no papel de um poderoso chefe do ramo do tabaco.

Concordo com a ideia central de Naylor: os cidadãos são livres para escolherem se querem ou não fumar. Os riscos que este hábito traz para a saúde são mais do que conhecidos e a indústria tabagista gera empregos, isto não se pode negar. Mas antes de entrar numa questão política ou ideológica, assista Obrigado por fumar sem pretensões.

Divirta-se, entre na onda dos personagens e não tenha medo de rir de piadas politicamente incorretas. No escurinho do cinema, ninguém vai notar e isso não vai abalar sua reputação, se é que você tem uma. É pra isso que se faz filmes, para convencer você que só a sua vida não basta. É preciso a arte para viver outras.

Convenci, caro leitor?

Obrigado por fumar (Thank you for smoking)

Direção: Jason Reitman

Ano: 2005

Disponível em DVD

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