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Forrobodó. A cizânia petista e o comportamento de Lula para tentar ficar de fora dela

A verdade é a seguinte, como já escrevi aqui: não existe partido que brigue mais do que o dos Trabalhadores. Geeente! É uma coisa fantástica o que discutem os petistas. E isso desde a fundação da legenda, em 1979. Lembro, inclusive, de ter assistido certa vez, como jornalista, uma assembléia em que as correntes (e eram bem mais de meia dúzia) só faltavam ir para as vias de fato, tanta era a convicção de suas idéias. E olha que havia tendências internas que comportavam, se tanto, meia dúzia de militantes – naquele conclave.

 

Resumindo: briga no PT é um ente histórico, que remonta aos primórdios. No entanto, decidido o que foi decidido, às vezes em reuniões absolutamente intermináveis e sem sentido para um ser humano desprovido dessa veia discursiva, todos seguiam na mesma direção. Eventualmente com um olhar torto, mas a bandeira na mão (e levantada). Também esse comportamento é uma verdade factual contada ao longo dos anos e de muitas eleições.

 

Curiosamente, porém, agora não são tantas assim as correntes numericamente relevantes no PT, em qualquer nível. Tomando-se Santa Maria, por exemplo, não há mais que três grupos a dominar a política interna petista. E é fácil até (antes de entrar numa assembléia, claro) saber-se quem é quem e como tudo vai terminar. Basta que dois deles entesem uma posição, a sustentem e pronto: a decisão está tomada.

 

Em nível estadual e nacional não é muito diferente. Há duas ou três correntes que podem tomar as rédeas da agremiação, se unidas. Se unidas. Não estão. E aí se dá o bode. Sei que estou simplificando, antes que alguém mande um e-mail contestando. Mas é para que o cidadão comum consiga entender.

 

O problema todo é que, ao contrário de outras vezes, em que o partido ou estava fora do Poder e tudo ficava mais fácil, ou no Poder, e as crises se mantinham embaixo do tapete, agora há um fato óbvio batendo a porta: dentro de quatro anos haverá eleição para Presidente outra vez. E Luiz Inácio Lula da Silva não estará disponível para concorrer. E aí? Aí a porca entorta o rabo. Com os grupos se torrando um ao outro, como se percebe pela guerra de documentos, e que vai desembocar no congresso partidário em junho, até mesmo o equilíbrio de poder interno vai para as cucuias.

 

Não é por outra razão, aliás, penso aqui (nem tão) humildemente, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no meio do rolo, queira se livrar desse bafafá petista. Como? Dando um pito aqui e outro ali, embora “aqui” tenha o apoio dele. Quem escreve acerca dessa postura do maior militante do PT do País é o comentarista político da TV Bandeirantes, Franklin Martins. Vale a pena ler. E tentar entender. A seguir: 

 

“Um freio de arrumação na luta interna do PT

 

O discurso de Lula no jantar de comemoração aos 27 anos do PT, em Salvador, deve ser visto como um freio de arrumação na luta interna, e não como uma interdição da disputa política em torno dos graves erros cometidos pela cúpula do partido nos últimos anos. Lula conhece o PT como ninguém e sabe que esse debate não só é inevitável como será provavelmente bastante duro. Faz parte do jogo.

Seu receio é outro. É de que a disputa ultrapasse os limites do razoável, abra uma luta fratricida entre as diversas correntes e imobilize o partido justamente no momento em que seu governo criou as condições para avançar..Talvez o trecho mais expressivo de sua fala tenha sido aquele em que disse: “Vamos fazer as nossas disputas internas, mas não vamos perder de vista quem são os inimigos, ou eles nos destruirão”.

O discurso do presidente apenas deu expressão pública àquilo que ele vem dizendo nos bastidores aos líderes de todas as correntes petistas: devagar com o andor. Duas são as preocupações de Lula. A primeira é de que haja limites e responsabilidade na disputa, para que não se jogue a criança fora, junto com a água suja da bacia.

Tanto que, na semana passada, Lula fez uma dura cobrança ao ministro Tarso Genro, que ameaçava avançar o sinal. O recado foi absorvido. Saíram do documento que Tarso estava preparando não só expressões como “refundação do PT” como as vagas acusações de corrupção contra a direção do partido, um coquetel à base de nitroglicerina que prometia mandar pelos ares a delicada convivência interna petista

A segunda preocupação de Lula é evitar que a discussão do 3º congresso do PT, necessariamente centrada no balanço dos erros que levaram à crise do mensalão, acabe ofuscando o bom momento que vive o governo, com o lançamento e a implantação do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Tudo que Lula não quer é que agenda negativa do partido contamine a agenda do governo, fundamentalmente positiva. Tanto que, em Salvador, deixou claro que vai passar ao largo do quebra-pau: “Não me peçam para que o governo entre na briga do PT. Não vai entrar, porque eu tenho de governar para 190 milhões de brasileiros”. Não poderia ter sido mais claro.

Alguns representantes das correntes que se opõem ao Campo Majoritário não gostaram do teor das declarações do presidente. Avaliam que elas tolhem o…
”

 

SE DESEJAR ler a íntegra do artigo de Franklin Martins, pode fazê-lo clicando aqui.

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