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Economia solidária. Projeto Esperança chega aos 20 anos. E não fez pouca coisa, até aqui

Não há dúvida: o projeto Esperança/Cooesperança, mantido pela Diocese católica de Santa Maria, tem uma história digna de ser contada. Há o que dizer, em benefício da chamada “economia solidária”. E são exatos 20 anos, completados neste 15 de agosto.

 

Até mesmo em homenagem a esse esforço no sentido de desenvolver os pequenos, que também têm o direito de crescer, e a receita é a união, reproduzo, a seguir, com as devidas atualizações, o material enviado aos veículos de comunicação pela assessoria (informal) do projeto, em texto assinado pelo jornalista e professor universitário Gilson Piber. A seguir:

 

“Projeto Esperança/Cooesperança completa 20 anos

Nesta quarta-feira, dia 15 de agosto, o Projeto Esperança/Cooesperança completa 20 anos de trajetória ininterrupta em Santa Maria (RS) e na região central. A proposta foi iniciada pelo bispo emérito da Diocese de Santa Maria, Dom Ivo Lorscheiter, que morreu em março deste ano, e uma equipe de pessoas ligadas à própria Diocese, Cáritas/RS, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Emater. “No total, são 27 anos de reflexão junto à Cáritas/RS, que também apóia empreendimentos de economia solidária no Estado”, destaca a coordenadora do projeto, Irmã Lourdes Dill. Ela enfatiza que muitas experiências, atividades de formação e feiras foram fomentadas e realizadas nos 20 anos do Projeto Esperança/Cooesperança. Para marcar o aniversário, aconteceu o lançamento do documentário “Dom José Ivo Lorscheiter – o Profeta da Esperança”, nesta segunda-feira, dia 13 de agosto, às 19h, na Câmara de Vereadores de Santa Maria. O documentário foi produzido pela equipe da Freedom Produtora.

Para a Irmã Lourdes Dill, “o projeto é ousado e promissor, pois tem, entre as prioridades, fortalecer o cooperativismo, a economia solidária, a agricultura familiar, as formas de organização do comércio justo, ético e solidário, bem como o fomento de políticas públicas e as parcerias de trabalho com os catadores (as), povos indígenas e consumidores (as).

A proposta surgiu do estudo do livro “A pobreza, riqueza dos povos”, do africano Albert Tévoédjerè. Isso começou em 1982 e prosseguiu até o 3º Congresso da Cáritas/RS, em 1984. Na oportunidade, Dom Ivo Lorscheiter, então bispo diocesano de Santa Maria e com base no estudo, desafiava a Cáritas/RS a criar e desenvolver os Projetos Alternativos Comunitários (PACs) como um novo jeito de construir o desenvolvimento solidário e
sustentável. Ele buscava soluções para os grandes problemas sociais, entre eles o desemprego, o êxodo rural, a fome, a miséria e a exclusão social. Assim, houve a difusão do modelo da caridade libertadora, ou seja, a caridade organizada, por meio dos PACs e da economia popular solidária. A dita reinvenção da economia, como enfatiza a Irmã Lourdes
Dill, apontou para a solidariedade, a geração de trabalho e renda, e as diferentes formas de organização associativa, cooperativada e de autogestão.


A partir de 1982, a Diocese de Santa Maria, a UFSM, a Emater Regional e outras organizações iniciaram o estudo do livro e promoveram seminários e jornadas na região centro do Estado. A articulação regional deu origem aos PACs, com o aval da Cáritas/RS. Em 1984, surgiram as primeiras experiências de grupos comunitários e associações. O Projeto Esperança foi criado em 1987 e o funcionamento ocorreu a partir dos grupos
organizados que se integraram no programa.

Em 1986, a Diocese de Santa Maria iniciou o diálogo com a MISEREOR e a  KATHOLISCHE ZENTRALSTELLE FÜR ENTWICKLUNGSHILEFE e.v. – entidades da Alemanha, o que garantiu o apoio inicial para o Projeto Esperança. A MISEREOR financiou o primeiro prédio do Terminal de Comercialização Direta e já renovou cinco convênios consecutivos com a própria Diocese.

A Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos vinculados ao Projeto Esperança (Cooesperança) surgiu em 1989. Trata-se de uma central, que, juntamente com o Projeto Esperança, congrega e articula os grupos organizados e viabiliza a comercialização direta dos produtos produzidos pelos empreendimentos solidários do campo e da cidade. “Todos ficam fortalecidos, proporcionando aos grupos um novo modelo de cooperativismo na proposta alternativa, solidária, transformadora, autogestionária e no desenvolvimento sustentável. Assim, existe a certeza de que um outro cooperativismo é possível”, relata a Irmã Lourdes Dill.

Desde 2005, o Projeto Esperança/Cooesperança participa do Programa Nacional de Feiras. São as Feiras em Rede, que ocorrem anualmente em todos os estados brasileiros. Fazem parte duas feiras internacionais, uma em Santa Maria (RS) e outra no Acre, e a feira nacional, que está prevista para novembro em Belo Horizonte (MG).

O Projeto Esperança/Cooesperança é uma experiência consolidada e faz parte do trabalho do Banco da Esperança, da Diocese de Santa Maria e da Cáritas/RS. Conta com um grande número de parceiros, entre os quais a parceira histórica de 20 anos que é a MISEREOR da Alemanha, Cáritas Brasileira, Prefeitura de Santa Maria, IGK (Instituto Genaro Krebs),
UFSM, UNIFRA, Emater, SAEMA, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Governo Federal, SENAES (Secretaria Nacional Economia Solidária), MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Caixa Econômica Federal, Petrobras, SEBRAE, PALLOTTI, veículos de comunicação, IMS (Instituto Marista Solidariedade), consumidores/as e apoiadores do trabalho de economia solidária, entre outros.

 

NÚMEROS DO PROJETO

· Empreendimentos solidários organizados: 230 em funcionamento.
· Área de atuação: urbana e rural.
· 30 municípios da região central do RS.
· 4,5 mil famílias beneficiadas diretamente.
· 20 mil pessoas beneficiadas indiretamente, incluindo os consumidores (as).
· A Teia Esperança é uma rede do Projeto Esperança/Cooesperança, com
cerca de 40 pontos fixos de comercialização direta na região.
· 20 associações de catadores (as) na região central do RS.
· Participa do Programa da Compra Antecipada dos Alimentos da Agricultura Familiar, com o Programa Fome Zero: 130 famílias de agricultores, 43 organizações, 3 mil famílias beneficiadas. O projeto é uma parceria da Prefeitura de Santa Maria, ASSINTRAF, CONSEA/SM, CONAB, CONSAD e Projeto Esperança/Cooesperança, da Diocese de Santa Maria (RS), entre outras parcerias e organizações da cidade e região central.

Ao longo destes 20 anos, em parceria com outras entidades, promoveu:


– 14 Feiras Estaduais do Cooperativismo.
– 3 Feiras de Economia Solidária do Mercosul.
– 3 Seminários Latino-americanos de Economia Solidária.
– 7 Feiras da Biodiversidade e Feiras de Agricultura Familiar.
– 17 Seminários Regionais de Alternativas à Cultura do Fumo (em parceria com as Dioceses do Interdiocesano-Centro RS e Cáritas/RS).
– 1.040 Feirões Coloniais Semanais aos sábados
– 150 Feirões Temáticos na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria.
– Promoveu 23 Assembléias Gerais do Projeto Esperança/Cooesperança.
– Participou de 20 Feiras da Primavera.
– Participou de centenas de atividades de formação da Cáritas Brasileira, Regional/RS e outras pastorais sociais.
– Participou de inúmeras Feiras de Economia Solidária e Agricultura Familiar em vários estados do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Venezuela.
– Participou efetivamente de cinco Fóruns Sociais Mundiais.
– Acolheu e participou na organização de um Encontro do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano, em 2006, em Santa Maria (RS), com a presença de 21 países da América Latina e Caribe.
– Participou de inúmeros debates, no Brasil e em outros países, sobre a Economia Solidária, Conselho Nacional de Economia Solidária, Agricultura Familiar e Políticas Públicas.
– Acolheu centenas de Caravanas para conhecer a experiência do Projeto Esperança/Cooesperança.
– Participa efetivamente do Fórum Brasileiro e Fórum Gaúcho de Economia Solidária, bem como do Conselho Nacional de Economia Solidária.”

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