Um coração enlutado – por Daniel Arruda Coronel

Desde o dia 27 de janeiro de 2013, a Santa Maria conhecida nacionalmente como cidade universitária, berço ferroviário e cidade que exala e respira cultura, está com um sentimento de luto profundo, pois não bastasse a morte de duzentos e quarenta e dois jovens com sonhos, projetos, objetivos e uma vida radiante pela frente, várias questões para amenizar estas chagas ainda precisam ser resolvidas, dentre elas um atendimento digno aos sobreviventes e a punição para os culpados para este verdadeiro genocídio humano.

Infelizmente, vários dos sobreviventes desta tragédia ainda têm dificuldades de ter um tratamento de saúde eficaz para amenizar as dores físicas e psicológicas dela resultante. Embora nos discursos dos governantes isto seja colocado como prioridade, a realidade não condiz com os belos e pomposos discursos.

Passado mais de um ano, devido à morosidade da justiça, ainda não houve uma punição aos culpados e lamentavelmente um sentimento de impunidade vai tomando conta das famílias. Apesar de saberem que isto não vai trazer seus entes queridos de volta, querem e exigem uma ampla punição a todos os envolvidos com a tragédia, para que isto sirva de exemplo às futuras gerações. Ou seja, desejam que o jeitinho, o patrimonialismo, os vícios públicos e privados e a ganância a qualquer preço que acabaram por ceifar vidas e sonhos tenham, através da lei e somente dentro da lei, punições para que episódios tristes como estes jamais se repitam e para isso é fundamental um poder público honrado e fiscalizador, um sistema judiciário eficiente e, principalmente, cidadãos melhores, mais atuantes e críticos.

Enfim, o dia 27 de janeiro de 2013 jamais será esquecido, mas, para nossa cidade começar a retomar seu curso normal, é fundamental, além de justiça, ações visando a uma melhor prevenção e segurança da população. Neste contexto, mais do que nunca são pertinentes as palavras de Fernando Sabino: “De tudo ficaram três coisas…
A certeza de que estamos começando… A certeza de que é  preciso continuar…
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar… Façamos da interrupção um caminho novo… Da queda, um passo de dança… Do medo, uma escada… Do sonho, uma ponte… Da procura um encontro! Do medo uma escada… Do sonho uma ponte… Da procura um encontro”.