POLÊSINE. Encontrado fóssil de 230 milhões de anos
POR MAIQUEL ROSAURO
Um dinossauro de 230 milhões de anos (período Triássico) foi encontrado em São João do Polêsine, na Quarta Colônia. Descoberta poderá trazer informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a terra. Leia abaixo na matéria de Laura Hartmann (relações-públicas) e Ricardo Bonfanti (jornalista), da assessoria de imprensa da UFSM:
Pesquisadores encontram dinossauro de 230 milhões de anos em São João do Polêsine
Uma equipe de paleontólogos descobriu um dinossauro carnívoro em um afloramento de rochas sedimentares de datação triássica localizado no município de São João do Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. A expedição de busca de fósseis foi formada por pesquisadores do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM) e da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com a participação também de pesquisadores da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra/Canoas) que atuam na região.
O dinossauro foi localizado pelos pesquisadores em rochas de um pequeno afloramento às margens da RST-149, distante apenas 1 km da comunidade na qual se encontra o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica, inaugurado em dezembro último e que tem por objetivo concentrar os trabalhos científicos sobre os fósseis encontrados na região. A equipe estará no local da coleta para uma coletiva de imprensa na quinta-feira (6), às 8h30min.
As constantes descobertas de fósseis nesta região levaram à organização e construção do CAPPA/UFSM, laboratório que pretende potencializar o desenvolvimento da paleontologia, do turismo científico, o desenvolvimento regional e a formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação na UFSM.
A descoberta do dinossauro
A descoberta do dinossauro foi feita pelo paleontólogo Dr. Sergio Furtado Cabreira, pesquisador da Ulbra, que encontrou os primeiros vestígios de ossos fossilizados, que sobressaiam na superfície da rocha de 230 milhões de anos, na manhã do último dia 30 de janeiro. “Quando vi o pequeno fêmur de um dinossauro terópode quase intacto sobre o sedimento, tive certeza que se tratava de uma descoberta importante e prontamente chamei o restante da equipe que se encontrava nas proximidades. Rapidamente, a alegria tomou conta do grupo e todos concentraram esforços em remover os sedimentos e expor mais partes do pequeno esqueleto fossilizado”, relata.
O paleontólogo responsável pela coordenação do CAPPA/UFSM, Dr. Sérgio Dias da Silva, professor da UFSM, acredita que esta é uma descoberta muito importante para a ciência. “Poucos terópodes foram achados nos últimos 100 anos de pesquisas no Triássico do Brasil. Desde a descoberta de Staurikosaurus pricei na cidade de Santa Maria durante a década de 1930 até hoje, apenas um punhado de ossos, geralmente isolados e fragmentários, de dinossauros carnívoros foram encontrados. Assim, além do fêmur com características diagnósticas de dinossauro terópode, esta descoberta inclui também um crânio quase completo (ainda incluso na rocha). O material seguramente poderá trazer importantes informações sobre a origem e evolução dos primeiros dinossauros carnívoros que viveram sobre a terra”, afirma.
O coordenador do projeto acredita que este é um início promissor para o CAPPA/UFSM e atesta mais uma vez que os fósseis são abundantes nas rochas da região. “Em pouco tempo de atividades oficiais o acervo fossilífero do CAPPA/UFSM já tem dois tipos diferentes de dinossauros e diversos outros materiais coletados”, diz.
A coleta do dinossauro
A equipe de paleontólogos e alunos encontrou dificuldades devido ao calor intenso e também pela dureza das rochas sedimentares triássicas da região central do Rio Grande do Sul para a coleta do pequeno dinossauro. Sob sol escaldante, as temperaturas no substrato rochas podem chegar facilmente aos 45ºC e as ferramentas se quebram continuamente na tentativa de penetrar e cortar os sedimentos. O apoio da prefeitura de São João do Polêsine tem sido fundamental para o êxito desta expedição de coleta de vertebrados fósseis.
O dinossauro será coletado junto com um bloco quadrangular de rocha que deverá ter quase uma tonelada de peso, requerendo a utilização de uma máquina pesada para a sua retirada final. O bloco deverá ser levado para o laboratório do CAPPA/UFSM, onde o material deverá ser preparado e estudado, trabalho que deverá levar alguns anos para a sua total realização.
O grupo liderado pelo paleontólogo Sérgio Dias da Silva conta ainda com a colaboração dos paleontólogos da Ulbra, Dr. Sergio Furtado Cabreira, autor da descoberta, e do mestre e doutorando Lúcio Roberto da Silva. Compõe ainda a equipe um grupo de jovens biólogos e alunos da Unipampa e da UFSM: Cristian Pacheco, Anderson de Oliveira Rangel, Eduardo Silva Neves e Gianfrancis Ugalde.
Ufa. Bem longe da Faixa Velha.