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Dança da chuva – por Luciano Ribas

Homem coloca copo em banco alto. A câmera abre e o mesmo homem “dá um impulso”, começando uma dança “primitiva”. Corte.

Mulher balançando-se em frente à tigela, seguindo o ritmo de um som tribal. Corte para pés masculinos dando pulos cadenciados. Corte para homem de meia idade dançando junto ao espelho do banheiro.

Outro corte traz a ação novamente para a mulher da tigela, que continua com seu estranho rito. Corte novamente, desta vez para introduzir outra personagem feminina, que faz a sua “pajelança” junto a uma banheira vazia. Ela para e olha para o “céu”; inicia-se, então, uma sequência de cortes, onde outros personagens também olham para cima, todos esperando que algo “caia”.

Nada vem.

Nova sequência de cortes, onde os mesmos personagens já revelados, ao lado de outros recém-incorporados à história, retomam insistentemente a bizarra dança da chuva pós-moderna.

Último corte. Sobre fundo neutro, entram marca e slogan: “Walloon Water Company – Tap water is irreplaceable”.

Fim.

 

Lido assim, talvez o roteiro do comercial não tenha graça. Aliás, talvez nem o assunto possa ser considerado engraçado, pois a escassez de água é uma tragédia que já assola milhões de seres humanos – talvez bilhões, confesso que não sei o número. Mas visto (caso interesse, eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=e-B–rQ-nK8), garanto que faz rir. E pensar. Afinal, a água da torneira é, de fato, insubstituível…

Faz pensar, por exemplo, na situação de São Paulo, à beira de um colapso no abastecimento de água. Causado por questões climáticas, mas, fundamentalmente, decorrente da gestão ineficiente do abastecimento de água em quase duas décadas de governos tucanos em SP.

Também faz pensar que não é nenhum complexo de perseguição supor que, se tal situação ocorresse após vinte anos de governos do PT, o tratamento da grande imprensa seria bem diferente.

Ao invés de notícias que apenas tangenciam as responsabilidades dos gestores em tamanha imprevidência, enfatizando à exaustão os problemas climáticos, certamente teríamos uma ladainha condenatória sem fim, capaz até de colocar o santo acima citado em alguma lista do dito “mensalão”.

Será que vejo chifre em cabeça de cavalo? Ou, quando observo um copo, só consigo vê-lo meio vazio?

Não sei… mas, se é isso, diante da gravidade da situação que a capital paulista e os municípios que a circundam estão prestes a enfrentar, talvez eu até seja um grande otimista. Talvez.

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