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ESQUECER? JAMAIS. A história de Renan Kurtz, que era contra os golpistas e foi cassado para não ser juiz

Renan Kurtz, líder estudantil, foi vereador e deputado. Cassado e vilipendiado pela ditadura
Renan Kurtz, líder estudantil, foi vereador e deputado. Cassado e vilipendiado pela ditadura

Ouvi, repugnado, o depoimento de um fascista, na manhã de sexta-feira, na rádio Imembuí. Recuso-me a citar o nome. Ele ficou perorando quase 10 minutos negando o óbvio: que a ditadura militar brasielria foi um regime facinoroso, que matou e desapareceu muita gente e que excluiu as mais básicas liberdades democráticas.

Mais tarde, quase como um contraponto, li o excelente material do jornalista Fritz R. Nunes, contando a história de Renan Kurtz, hoje afastado da vida política, mas que foi deputado estadual e candidato a prefeito e que, enfim, tem sua inegável importância na vida santa-mariense.

Pois Renan, expropriado dos mais elementares direitos, como trabalhar para sobreviver, passou num difícil concurso para juiz federal. Impossibilitados de não nomeá-lo, o que fizeram os facínoras? Cassaram seus direitos políticos. A história (e várias outras) também foi contada em depoimento ao programa ‘D Docente’, na TV Santa Maria, em produção da Seção Sindical dos Docentes da UFSM. Vale a pena conferir, inclusive para que esse tipo de coisa nunca mais aconteça. Por isso, também, esquecer é proibido. A imagem é um freime de Rafael Balbueno. A seguir:

Renan Kurtz fala sobre atos da ditadura militar em Santa Maria

No dia 4 de novembro de 1970, o advogado Renan Kurtz estava no sítio da família, em Val de Serra (município de Júlio de Castilhos). Em sua companhia, Tarso Fernando Herz Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul e que na época atuava na advocacia. Sem mais nem menos, o local foi cercado e todos que estavam lá foram presos por militares. Ao chegarem ao quartel do 7º BIB, questionaram o motivo da prisão e a explicação era de que algumas lideranças políticas estavam sendo presas de forma preventiva. É que naquele dia estava se completando um ano da morte do guerrilheiro Carlos Marighela e havia um pensamento do governo militar de que seriam promovidos atentados em todo o país.

Renan Kurtz não tinha qualquer ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual Marighela participara, e muito menos tinha relações com a Aliança Libertadora Nacional (ALN). Entretanto, possuía uma trajetória de militância tanto na UFSM, onde havia sido o primeiro presidente da entidade que seria o embrião do DCE, a Federação de Estudantes Universitários de Santa Maria, como pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1963, Kurtz havia sido o candidato a vereador mais votado em Santa Maria pela legenda trabalhista. E foi através de seu mandato, após o início da ditadura, que foram feitas denúncias de arbitrariedades cometidas pelos militares.

Uma das críticas feitas pelo vereador petebista se referia ao fato de, apesar de estarem em um parlamento, havia periodicamente um servidor militar que gravava as sessões plenárias. Em função das duras críticas à ditadura, Kurtz acabou preso em 1964, durante cinco dias no quartel do Regimento Mallet. Conforme explica ele, em função do endurecimento do regime, a dificuldade de atuar no Direito e a necessidade de sobrevivência financeira o obrigou a tomar uma decisão, que foi de participar de um concurso público para juiz federal, em 1967…”

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2 Comentários

  1. Gostei muito de ler este resgate de recente e dolorosa história de Santa Maria da Boca do Monte
    Acompanhei “de dentro” os fatos de 64 e de longe, pois já morava em São Paulo, os de 1970.
    Em resumo o fato com o Renã foi a poda de uma liderança em plena floração por ato de extrema covardia do sistema vigente!

  2. Claudemir, me fizeste ir ao dicionario pra ver o q de fato quer dizer “perorar”. Achei. Esta história do Renan Kurtz em Val de Serra eu ouvi da Profe Shirley,ex-esposa dele na chácara do seu Rony Floresta q era “lindeira” em Itaara. Ela contou naquela vez o pavor q eles sentiram quado alguem avistou um monte de capacetes verdes por entre as macegas e um barulho de motores perto dos trilhos.
    Então no meio do relato me lembrei q me criei ali perto. O sitio era na verdade a sede da fazenda do Gilberto, irmão do Renan. Bueno o resto vc pesquisa. Só sei dizer q a Dona Shirley foi a melhor professora de inglês q eu já tive e me chamam Serginho porque ela me “apelidou” assim numa sala de aula onde tinha mais dois Sergios. Abraço.

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