Turquia. História rica, futuro nem tanto – por Carlos Costabeber
Sempre que viajo para um local interessante, tenho o hábito de saber o que está acontecendo, sua história e situação politica e econômica. É uma mania acadêmica, mas que enriquece o conteúdo de um simples passeio.
Desta vez, a missão foi mais difícil, pois a Turquia é um país muito diferenciado. Por isso procurei ler muito a respeito, e verifiquei que enfrenta dilemas poderosos: religiosos, políticos, sociais e econômicos. Se o Brasil tem problemas incontáveis, na Turquia eles se multiplicam. Afinal, enquanto somos um país jovem, aquela região do mundo tem uma história milenar de conflitos de toda ordem.
A seguir, uma síntese do que pude observar nessa semana que lá passei:
1) Mustafa Kemal ATATURK (quer dizer, “o Pai dos Turcos”) é o maior lider da história turca, e responsável pela criação da república em 1923. Ele foi um visionário, pois ocidentalizou e modernizou o país, acabou com a religião oficial (islamismo), trocou o alfabeto arábico pelo romano e determinou que todos tivessem um sobrenome.
Pois o atual Primeiro Ministro, Recep Tayyip ERDOGAN está indo em oposição ao legado de Ataturk. É crescente o descontentamento nas grandes cidades com o seu estilo autoritário, da mão de ferro sobre a imprensa, das restrições ao consumo de álcool, do gosto pela construção de grandes obras (e mesquitas), das prisões de dissidentes políticos e, agora, da violência contra as manifestações. As pessoas temem que o legado de Ataturk seja aos poucos destruído por Erdogan.
2) Mas a principal questão turca vem do convivio com os “Curdos”. Eles representam 20% da população (de um total de 74 milhões), e lutam (inclusive com terrorismo) há muito para ser uma nação independente. Mais cedo ou mais tarde, a Turquia terá que abrir mão de mais um pedaço do seu território, para a criação desse novo país. Um problemaço!
3) A dependência energética é outra complicação, pois mesmo estando numa região petrolífera, não tem produção própria. Assim como toda a Europa, depende do gás importado da Rússia (via Ucrânia).
4) A população cresce acima da média europeia, já que o islamismo estimula a geração de filhos; e isso é preocupante;
5) A questão religiosa vai muito além das fronteiras. E aquela região é marcada por fortes diferenças entre sunitas, alauitas, xiitas, curdos, alevitas (a principal minoria do país) e cristãos. O islamismo representa 90% da população turca;
6) A Síria é outra grande preocupação, assim como o Irã e o próprio Iraque. A Turquia tem fronteiras com uma região conflagrada há milênios; e uma vitória do ditador Assad pode complicar o cenário, já que os turcos apoiam os rebeldes;
7) O desemprego é muito preocupante. Oficialmente é de 10%, mas se sabe que é maior do que o anunciado;
8) Mesmo sendo um polo turístico mundial, a entrada de visitantes estrangeiros vem caindo. Os países árabes é que estão enviando cada vez mais turistas – em razão da aproximação do 1º Ministro com o islamismo.
Mas lendo o livro “Porque as Nações Fracassam”, os autores são enfáticos em afirmar que os 600 anos do Império Otomano causaram um forte atraso na modernização das regiões ocupadas, notadamente da Turquia. A preocupação com o extrativismo, privilegiava o Sultão e as elites, em detrimento da liberdade para criar e empreender.
Por fim, um pesadelo que persiste há 100 anos na memória do povo turco: em 1915 eles foram responsáveis pelo genocídio de 1 milhão de armênios, que viviam no território do Império Otomano.
Como vocês podem observar, a Turquia é um sonho para os turistas, mas uma preocupação para os cidadãos do pais.
Me apaixonei pela Turquia adoro as novelas de lá, Imainava a Turquia não apenas um País lindo mais um ótimo lugar para se viver com qualidade de vida, para construir um futuro, não imaginava que ela passava por tantos problemas achava que era um País rico que pudesse nos oferecer bons empregos. fiquei triste em saber que lá pode ser pior que o Brasil.