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Pegadinha do malandro – por Luciana Manica

Pensando melhor, talvez a maior das invenções não tenha sido a tão falada world wide web (www). Refiro-me à rede, à net, à Internet! Tampouco a luz elétrica ou o computador, mas sim o maldito software.

No início dessa era tecnológica reinava o hardware (computador). A máquina na qual roda o programa (software) era cara. A legislação favorecia a reserva de mercado aos fabricantes nacionais, o que elevava o preço dos computadores, dificultando o acesso aos usuários.

A globalização e a consequente abertura econômica fizeram com que tais valores despencassem, aí a galera pegou geral e caiu como pato, passando a ser totalmente dependente do produto. Por óbvio, o malandro, estilo Bill Gates, não poderia perder, e deu o bastão do reinado ao software.

Então, além de terem nos deixado dependentes e viciados na maquineta (hardware), passaram a lançar periodicamente novos softwares, estes cada vez mais caros e com mais tecnologia, causando a mera impressão (ou não) que seu aparelho (tablet/computador de mesa/smartphone e outros bichos mais) podem explodir ao baixar qualquer coisa ilegal.

A inteligência dos criadores é realmente tremenda. A versão mais moderna não tem compatibilidade plena com as antigas. Isso faz com que um documento feito na versão anterior possa ser lido e trabalhado na mais moderna, mas a recíproca não é verdadeira, o que força a aquisição de novos produtos.

Ou ainda, de um dia para o outro você quase humaniza seu celular, pois ele lhe adverte que o carregador que você está usando não é original. Mas como assim? Parecia tudo tão real (e verdadeiro). Por um segundo você sente vergonha (e não alheia, sua mesmo!) diante de um aparelho, ao estilo:  – como é que ele soube? E vai correndo comprar o original (sem mencionar nada ao vendedor, simulando qualquer razão que não atos de pirataria, seus, diga-se de passagem).

Mas pensemos positivo. A concorrência entre as empresas e a corrida contra atos que violam os direitos autorais proporcionam um fantástico avanço tecnológico. Por óbvio, a pegadinha do malando vai estar logo ali, antes de atualizar seu software, pagando a devida licença, não esqueça de adquirir um novo computador, pois esse programa modernoso aí não rodará mais no seu cabeçudo, que já se encontra sem memória para os softwares de ponta.

Daí advém uma reflexão importante. Temos que repensar a necessidade de barrar a abusividade dos titulares de programas de computador, uma vez que se tornaram bens essenciais (com previsão legal – Lei n. 8.009/90). Desenvolver meios para nos proteger contra a obsolescência precoce ou ainda em face da venda casada de utilitários que não se quer adquirir, para assim virar o jogo, e gritar à “companhia de malandros”: – Ráááá, ieiééé, perdeu playboy!

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4 Comentários

  1. Amigo GEF, também vou lhe fazer uma confissão, sou totalmente a favor da propriedade privada, direito de exclusiva por um certo tempo. Vivemos aqui numa sociedade capitalista, essa é a regra do jogo. Claro, mas devo ponderar sempre nas minhas exposições, eis o meu "fracasso". Rsrsrs. Saudações.

  2. Bom revê-lo amigo GEF.
    Imaginemos que eu possa ter usado o sentido genérico do fenômeno internet que é a conexão em rede, e não o software propriamente dito. Assim como usamos expressões lato sensu, em detrimento de especificar stricto sensu. Seria como abordar "Fulano colidiu no carro da Beltrana" e deverá pagar a indenização. Não estamos questionando se agiu com dolo direto ou eventual, ou com negligência, imprudência ou imperícia (estas, culpa stricto sensu).
    No mais, realmente não são TODOS os softwares do mal, rsrsrs. Eles são fundamentais para evolução tecnológica e científica … Mas sem abusos, por favor! 😀

  3. Bueno, o WWW é um software. É uma aplicação que permite o acesso a documentos via internet.
    O Microsoft Office permite salvar documentos de forma compatível com as anteriores, ao menos as mais recentes. E quem não gostar do referido programa pode usar Staroffice ou Openoffice, ambos gratuitos e capazes de exportar em formato compatível com o pacote da Microsoft. Na academia, por exemplo, até recomenda-se a utilização do Latex. Claro que estamos falando de software que seja indispensável, nada a ver com entretenimento.
    E os novos softwares não são necessariamente uma malandragem. É só comparar com um carro. Às vezes o modelo vem só com um friso novo ou com paralama diferente, pura estética. Mas pode ser que venha com um consumo de combústivel melhorado. Ou com itens de segurança diferentes (freio ABS, air bags). Os novos softwares também podem ter maiores funcionalidades, consumir menos recursos e serem mais rápidos. O que o ano de fabricação diz de um carro, o número da versão fala de um software.
    A Europa já saiu na frente e a regulação dos carregadores, por exemplo, deu origem aos carregadores via USB. Qualquer carregador com saída USB carrega o equipamento.
    No Brasil querem regular tudo, com resultados nulos ou simplesmente cosméticos. Parece que está tudo certo, mas na vida real…

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