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Carrie, a clássica – por Bianca Zasso

foto biancaO escritor Stephen King é um garotão que já passou dos 60 anos. As estações mudaram, o mundo evoluiu mas ele continua escrevendo com a mesma vivacidade e talento da aurora da sua vida. Como já dissemos, é um garotão. Nerd, inteligente, sagaz e que deve ter passado uma boa parte da vida escolar nas classes do fundão.

Quem nunca conheceu alguém assim não frequentou os bancos escolares ou era desatento demais para notar sua existência. Como todo menino “diferente”, King deve ter tido dificuldade para lidar com garotas. Ele não está sozinho pois, dizem por aí, até o mais desinibido e conquistador dos homens tem as suas inseguranças e fragilidades. Só que nós podemos estar enganados. Stephen King parece entender de garotas. Em especial, das “diferentes”.

Carrie, a estranha, primeiro romance publicado por King, já ganhou três adaptações para o cinema. A primeira, lançada em 1976 e dirigida por Brian De Palma, é presença garantida na lista dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Sissy Spacek cativa desde o primeiro minuto em cena, com seu jeito desajeitado, seus olhares estranhos e, ao longo da história, seus poderes telecinéticos.

Foi sucesso de público e crítica e conseguiu, apesar das pequenas mudanças na história, captar todo o suspense do livro e transformar Carrie em um ícone. Garotas excluídas e que sofrem com bulling desde antes dessa palavra ser inventada costumam invejar as atitudes que a moça executa durante seu baile de formatura. Esta colunista está entre elas, diga-se de passagem.

A versão lançada em 2002 não fez alarde e chegou ao Brasil diretamente no mercado de DVD. Também pudera, é uma perda de tempo sem fim. Mesmo que já houvesse sido comprovado que não se deve mexer em filmes perfeitos, a diretora Kimberly Peirce conseguiu uma proeza: destruir Carrie, a estranha até a última gota de sangue. Em 2013, com um forte esquema de divulgação que incluiu uma pegadinha bem produzida e muitos trailers, Carrie, a estranha voltou para a tela grande, dessa vez protagonizada pela jovem Chloë Grace Moretz, mais conhecida por sua participação na comédia Kick-Ass. E, para além do roteiro certinho e chato, é a garotinha o principal problema do filme. Chloë não convence e fez da sua Carrie uma menina como outra qualquer, inclusive esteticamente.

Esqueça o jeitão único que Sissy Spacek imprimiu à personagem. A heroína de King chegou em 2013 mais para uma espécie de Mulher-Maravilha encapetada do que para uma garota com poderes essencialmente femininos. Lembram que King entende de garotas? Pois Carrie ganha sua força após a primeira menstruação, uma metáfora para mostrar que todas nós temos um tempero dos infernos quando nos tornamos mulheres. Chloë deu uma despenteada no cabelo, mas seu beicinho sexy continua, contribuindo para que ela passe longe de ser estranha. A mesma situação de Julianne Moore, caricata no papel da mãe de Carrie. Nem parece a grande atriz que tivemos o prazer de assistir em As horas, de Stephen Daldry e O preço da traição, de Atom Egoyan.

Muitos podem pensar que sou conservadora e que por isso insisto em achar o filme de De Palma superior. Porém, mesmo que eu nunca tivesse conhecimento da primeira versão, minha opinião seria a mesma. Carrie, a estranha de 2013 é um filme de terror ruim, sem surpresas e, mais do que isso, cheio de clichês que há tempos não devíamos ver nas telas. Minha dica é uma só: experimente as duas Carries. Quero ver você resistir ao sabor dos clássicos.

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