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Um passo à frente: apontamentos iniciais – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Ainda criança lembro de ouvir um ditado popular, que não me falhe a memória, dizia: nesta vida somos todos passageiros, menos o cobrador e o motorista. Certamente o dito não é provido de nenhuma genialidade, talvez uma conclusão óbvia, contextualizada às filosofias de botequim.

Aproveito-me deste para concluir, também sem nenhuma genialidade, que discutir o transporte público não é pauta recente, tampouco passível de solução em um apanhado de dias/meses. Por outro sim, a questão que permeia qualquer discurso sobre o transporte coletivo ultrapassa R$ 2,30.

Reconheço a pertinência de se questionar valores, planilhas, meios e entremeios de se apurar custos que correspondam às passagens. Pois bem, o assunto é instigante, o que permite moldá-lo em diversos contextos.

Por favor! Um aceno ao motorista. – Segura o ônibus que vou embarcar neste assunto!

Já fui jovem, ainda penso que sou, creio que ainda seja, certamente já fui mais jovem do que hoje. Isso é certo. Nos primórdios da minha juventude, prematuramente, fui delegado em Santiago-RS (aquele do Boqueirão), aos 13 anos de idade, do movimento estudantil que foi até São Paulo juntar-se à passeata pelo impeachment do ex-presidente Collor.

Confesso, contrário aos sentimentos genéricos da época, hoje tenho compreensão mais apurada do que de fato fui fazer em São Paulo. Por mais, que o Senador José Sarney entenda que o impeachment tenha sido um acidente da história brasileira. Ora, situação essencial, a juventude ter se posto na contramão da pista, e feito o ‘acidente’ acontecer.

Resguardadas as proporções, eis que parte da juventude de Santa Maria, munida de latas e palavras de ordem, parou o trânsito e fez barulho. Falo sobre aqueles, não sejamos ingênuos, nem todos com os mesmos interesses, mas todos aparentemente pela mesma razão, iniciaram os manifestos para que pudéssemos discutir de forma ordeira e técnica o tal do transporte público.

Vamos lá, das latas, agora é preciso bater cabeça, pensar o transporte coletivo. Prerrogativa que não é exclusividade de Santa Maria, pois transporte público não é agenda vazia em qualquer município.

O transporte público de Santa Maria anda a pé, de sapato gasto, perdeu o ônibus que deixou de cumprir horário. Ainda é um ônibus velho, sucateado, superlotado com todos os pretensos responsáveis que o negligenciaram há 30 anos. Não cabe apontar culpados, por que nesta caçamba muitos já foram os motoristas, outros tantos os cobradores. Mas, é prudente, para que não se perca na memória, olhar o retrovisor e ver lá no fim da rua, que são vários os responsáveis pelo transporte público ter se tornado um pneu furado.

Por certo, o caminho agora é mais difícil, não foi tratado em terapia preventiva, agora pagamos o custo. Hora de levarmos o transporte público à oficina.

Vamos aos pontos cruciais! Em primeiro plano tira-se os palpiteiros de plantão, ponho em dúvida se um dia na vida tomaram um ônibus; junto a estes todos aqueles que se alimentam da desgraça, tenho a certeza que preferem o caos à ordem. Agora, façamos os seguintes apontamentos, e façamos bem feito:

– O estado das paradas;

– O fluxo em ruas e avenidas que passam ônibus;

– Qualidade dos ônibus, capacidade e lotação;

– Cumprimento e informação de horários;

– Ônibus reserva em dias de maior movimento;

– Respeito à acessibilidade e aos idosos;

– Informação sobre funcionamento de serviços;

– Estudo de alteração de rotas e tráfego em ruas e avenidas principais;

– Ponto centralizado de embarque e desembarque;

– Linhas diretas aos bairros mais afastados;

– Planilha de custos, preço da passagem e licitação;

– Reorganização do Conselho Municipal de Transporte.

SIM ou NÃO a pauta é vasta, mais que um ônibus lotado é coisa para mais de uma viagem. Continuemos…

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7 Comentários

  1. Bom meus amigos, eu sugeriria um desafio aos nobres responsáveis pela ATU. Uma semana sem carro para eles e suas famílias. Só poderiam andar de ônibus… Assim de forma real e clara entrariam em contato com o dia-a-dia dos milhares de clientes deste serviço. Sim somos clientes, mas de um tipo que não pode optar por uma empresa ou outra já que as regiões são divididas entre elas, excetuando-se o bairro CAMOBI. Essa deveria ser uma das mudanças. Duas empresas em cada região. Aumentariam os horários e creio que não haveria perda de receita já que as empresas explorariam outras regiões. A perda seria no seguinte caso, o cliente poderia escolher a que ele acha melhor utilizar, então a empresa com perda dos clientes teria que melhorar. Claro é apenas uma das sugestões.
    Outra questão que abordo é a respeito das manifestações dos estudantes. Existem muitas pessoas que criticam essas manifestações e utilizam o argumento de que os estudantes pagam meia-passagem (que bom), que são baderneiros (sim generalizam). Afirmam em seus discursos que os estudantes não se preocupam em gastar com bebida e festas. Mas o que seria de de todas essas empresas se não houvessem os milhares de estudante que utilizam o transporte público. Me admira também que as grandes empresas que por obrigação pagam transporte para seus funcionários não reclamem dos aumentos. Pode ser de apenas R$ 0,10, mas com certeza em empresas com muitos funcionários,pesa na planilha. Esse aumento de alguma forma é repassado para todos os consumidores. Enfim, parabéns pelo texto prof. Victor e pode conter comigo nas próximas audiências sobre este tema tão importante que é o transporte público.

  2. Esta luta não deve ser bandeira do Partido A ou Partido B, deve ser bandeira dos cidadãos santa-marienses que sofrem com a má qualidade do serviço.
    Devemos unir forças, buscar apoio, discutir ideias e avançar. Ao final, temos que tirar conclusões e colocá-las em prática, pois como se refere o autor, não é de hoje que a população que PRECISA do transporte sofre com os mesmos problemas e já perdemos muito tempo.
    Não cabe apontar culpados, mas é impossível esquecê-los.

  3. Vejamos Senhores, a Pauta realmente é muito boa e com certeza temos problemas em toda a esfera do modal rodoviario urbano de Santa Maria. Com quase 300 automoveis novos todos os meses emplacados na cidade nosso transito esta cada vez mais caótico. E o que isso tem a ver com as passagens Ahhh Pergunto aos entendidos: Será que já esta mais barato ir de carro do que utilizar o Onibus? è mais rapido ir chegar de carro do que enfrentar a demora para o passar no ponto? Só mais algumas divagações a serem pensadas.

  4. O assunto do transportes coletivo de SM me deu o primeiro susto quando tive ciência, la por 2004/5, por fontes avessas(ñ sei da real veracidade), que cada ‘parada’, daquelas que algumas ainda resistem parcialmente até hoje, havia custado para a Administração a bagatela de R$5.000,00 a unidade. Depois disso, quando no pleito de aumento de passagens, as concessionárias exibiam as planilhas com custos de gasolina/diesel nos mesmos moldes que nós, consumidores comuns pagamos… Não precisa ser grande conhecedor do Sistema pra saber que aí já é motivo para ver o sinal como amarelo. Os adotandes da sistematica do ‘SIM’ deixam de cumprir as combinações no tempo que foi estipulado. Parece um contrato unilateral contorcido: o consumidor assume o risco do negócio e banca os eventuais ‘fatos supervenientes’, eqto as empresas vão se acomodando aos poucos… Se não bastasse, nossos milhares de universitários e demais utilizadores recorrentes do transporte coletivo vão pegando trauma daquela voz que seguido nos pede: “um passinho ao fundo por favor!”.

    Boa chamada Ferreira.
    parabéns pelo assunto eleito desta terça.

  5. Parabéns por levantar a discussão do transporte público sob esta perspectiva Vitor. Esta deve ser a tônica! Afinal, este é um dos graves problemas da contemporaneidade, um problema das cidades como um todo, não pode sofrer reducionismos. Abs!!

  6. Concordo com o autor, e começo meu comentário citando-o”…Em primeiro plano tira-se os palpiteiros de plantão, ponho em dúvida se um dia na vida tomaram um ônibus; junto a estes todos aqueles que se alimentam da desgraça, tenho a certeza que preferem o caos à ordem…”è realmente desta maneira que devemos começar o debate aceca do trasporte publico de passageiros, sim, não esqueçam que o transporte é público, e as empresas são concessionárias, portanto, o poder público não pode se excluir de sua obrigação e jogar apenas para as empresas o problema. Mas o mais importante de tudo é a participação de todos no debate e na procura de soluções para o transporte coletivo. Não vou cansar de insistir: quem tem isenção no transporte em santa maria? o que isso representa(percentual de usuários)?a tal de integração realmente serve ao usuário ou é só mais um artifício para aumentar o preço da tarifa?por que as vias dos ônibus não tem prioridade na conservação viária? porque o trânsito em santa maria não oferece agilidade e prioridade ao transporte coletivo? Sim, são tantas as perguntas e não estou aqui apenas `a fazê-las, mas sim a levantar estes questionamentos para o debate, pois tenho minhas posições.

  7. É imprescindível o debate acerca de questão tão polêmica em nossa cidade. Necessita-se de nova postura, como defendido no texto, para que se discuta o assunto de forma racional, sem passionalismos que procurem colocar a culpa em um ou outro. Do contrário, a discussão sobre o tema, como muitas, decai naquela tal “tosa de porco”: muito grito e pouca lã.
    Aos que acreditam nisso, uma boa pedida é comparecer às audiências públicas sobre o transporte, como a que ocorreu na última sexta-feira…
    Debate aberto e transparente: é a oportunidade para alguma mudança positiva.

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