SENADO. Médico veta Simon e aliança do PMDB vai atrás de alguém que quebre a polarização Lasier/Olívio
No início, Lasier Martins, do PDT, flanava. Seu único oponente, Beto Albuquerque, em pesquisas disponíveis na época, estava no máximo entre os 10% e 15% da preferência do eleitorado, o que garantia ao ex-comentarista da RBS absoluta tranquilidade na disputa da única vaga gaúcha ao Senado.
Depois, surgiu o nome de Olívio Dutra, que detém indiscutível carisma e, sobretudo, galvaniza a militância do PT. E Martins se viu acossado. Aliás, se vê. O empate técnico com o petista já indica que o passeio anunciado pode se transformar num calvário – hipótese que não estava nas contas dele e de seus apoiadores.
Quando o quadro parecia consolidado, com a disputa entre o petista e o pedetista, eis que ressurge o atual dono da vaga e que dela havia abdicado: Pedro Simon. O histórico militante do MDB, com inegável prestígio (ainda que menor do que já ostentou), tem capacidade de enfrentar a campanha e, assim, rivalizar com a dupla estabelecida na dianteira?
Bem, esse era o quadro (e a dúvida) até o meio da tarde passada. Aí, entrou em ação o cardiologista. Embora visivelmente a possibilidade assanhasse a própria Marina Silva, que tem nele o maior defensor dentro do PMDB gaúcho, Simon não concorre, VETADO por seu médico. Ele até poderia suportar um mandato, mas não a campanha com tudo o que ela tem de desgastante para um cidadão comum – imagina para um homem de 85 anos.
O PMDB hoje não é o de ontem. Nem melhor, nem pior – que o caso aqui não é de análise qualitativa. Mas diferente. Para começar, o próprio Simon, acusam seus detratores (sim, ele os têm, e em número nada desprezível, a par das declarações públicas), vetou o nome posto para a disputa, o ex-governador Germano Rigotto. Este, aliás, está fora de qualquer campanha majoritária.
Depois, há nítida divisão no peemedebismo gaúcho entre marinistas (que já são menos do que os campistas de até semana passada), dilmistas e aecistas, em percentual indefinido. E isso é fator que, claro, respinga no candidato ao Senado, mesmo que este fosse o venerando Pedro Simon.
Assim, o que temos? Dúvida, muita dúvida, sobre quem será o candidato da coligação liderada por José Ivo Sartori. É possível que alguma coisa se encaminhe nesta quinta-feira. A pedido do PSB (afinal, o dono da vaga, quando esta era de Beto Albuquerque, agora o vice de Marina) uma reunião dos líderes da aliança acontece no início da tarde, na sede dos socialistas. Ao encontro comparecerão, além de Sartori e de Beto, também José Paulo Cairoli, do PSD, que concorre a vice.
Sairá fumaça branca? Talvez. Talvez. O resto é indefinição, que pode acabar, inclusive, só na próxima terça-feira, quando quem se reúne é o Diretório do PMDB. Se isso ocorrer, mesmo, só de propaganda eletrônica a coligação terá perdido uma semana. Muito, convenhamos.
Carisma indiscutível? Só rindo. O petista interior do editor aflora de quando em vez.