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HISTÓRIA. É preciso festejar a democracia brasileira: há 25 anos, o retorno da eleição direta para Presidente

Com pinta de bom moço, Collor venceu, daquele jeito que muitos de nós bem sabemos
Com pinta de bom moço, Collor venceu, daquele jeito que muitos de nós bem sabemos

Como costumamos dizer, o editor e o amigo Antonio Candido Ribeiro, a cada vez que alguém faz um muxoxo diante das inconstâncias do dia-a-dia democrático, o fato é que a nossa democracia é ainda muito jovem, e estamos a aprender todo dia. Estertores dela é o que temos, ao longo de 500 anos. E as gerações mais jovens têm ainda menos: afinal, depois de (mais) um period de trevas, faz apenas 25 anos que os brasileiros reconquistaram o direito de escolher seu Presidente da República.

Parece, cá entre nós, que foi ontem. E, com todas as suas imperfeições foi a própria democracia que proporcionou derrubar, veja só, o primeiro dos novos titulares do Planalto. Lembrar é preciso, ah, é. Por isso, e mais um punhado de razões que você entenderá ao ler, vale reproduzir o alentado material histórico-jornalístico publicado originalmente no portal RBA.  A reportagem é de Vitor Nuzzi, com fotos de Reprodução. Acompanhe, a seguir, um trecho:

Após 1º turno apertado, Lula quase venceu, apoiado por outros candidatos à esquerda
Após 1º turno apertado, Lula quase venceu, apoiado por outros candidatos à esquerda

RETOMADA DEMOCRÁTICA – Há 25 anos, o país voltava a escolher seu presidente e a política estava na rua

Hilton Acioli vai lembrando e cantarola, “rompe a cortina do passado”, “vai lá e vê que a alegria já demorou demais”. O compositor havia recebido “duas palavrinhas” do publicitário Paulo de Tarso Santos e teve a responsabilidade de fazer um jingle. Vê o que dá para fazer, disseram a ele. “Na hora, eu não achei nada”, lembra o compositor potiguar, que completará 65 anos em outubro, na véspera da eleição, e foi componente do Trio Marayá, nos anos 1950 e 1960. “A sorte é que ficou na minha memória.” Para buscar a canção, ele conta que havia a preocupação de aproximar o “tema” do jingle ao que Hilton chama de elite popular, citando Noel Rosa, Ary Barroso, Pixinguinha: “Populares, mas ao mesmo tempo clássicos.”

De Ary veio um mote: “Abre a cortina do passado”, canta de novo. E foi assim que ele compôs um samba, no início de 1989, para apresentar aos “clientes”, no comitê de campanha, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Estavam lá Ricardo Kotscho, Aloizio Mercadante, Vladimir Pomar, entre outros. O “tema” viria de Brasília para escutar, mas não foi. E Hilton cantou o samba: “Eu olhava na cara deles e pensava: a música não é esta”. De lá, saiu para papear com um amigo, o publicitário Osvaldo de Melo, a quem repetiu: acho que não é essa música. E foi para casa. “Quando acordei, me veio a música.”

E ele cantarola mais uma vez um dos jingles políticos mais marcantes de todos os tempos. “Quando você faz uma música nova, que você acredita, fica todo energizado”, diz Hilton, lembrando das origens do Lula lá, feito para a primeira campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 1989. A letra da música faz referência ao “primeiro voto”. A ideia era falar tanto dos jovens como de quem, de fato, iria pela primeira vez à urna para escolher o presidente.

Era a primeira eleição presidencial desde 1960. Nos momentos finais da ditadura, o Brasil voltara a escolher governadores pelo voto direto (1982) e prefeitos de capitais e parte dos municípios (1985). Passara por uma campanha nacional de restabelecimento das eleições presidenciais, o movimento das Diretas Já, em 1984, direito só reconquistado em 1989, quando foram às urnas 70 milhões de pessoas, menos da metade do eleitorado atual. Para o cientista político Paulo d’Avila Filho, a eleição de 1989 “simboliza a retomada da democracia”. Este ano, o Brasil vai para a sétima eleição presidencial seguida, uma sequência inédita no país.

Candidatos: 22

Essa retomada, de certa forma, pode ser medida pela quantidade de candidatos a presidente: 22, número que nunca mais se repetiu. Este ano, por exemplo, são 11. Se hoje há três candidatas, duas disputando o primeiro lugar, em 1989 apareceu a primeira mulher na disputa presidencial: a advogada mineira Lívia Abreu, do Partido Nacionalista (PN), que recebeu 180 mil votos, 0,25% do eleitorado. Ali apareceu pela primeira vez Enéas Carneiro, do nanico Prona (360 mil votos, 0,5%). Lanterna do primeiro turno (4 mil votos, 0,01%), Armando Corrêa, o “candidato dos explorados”, chegou a renunciar em favor do apresentador Silvio Santos, que apareceu 15 dias antes do primeiro turno, mas foi barrado pela Justiça Eleitoral.

Na política brasileira, depois da frustrada campanha das diretas, a maior parte da oposição, ao lado de ex-integrantes do governo, partiu para o voto indireto no colégio eleitoral. O governador de Minas Gerais, Tancredo Neves (PMDB), superou Paulo Maluf (PDS, partido que sucedeu a Arena, que sustentava a ditadura), e foi eleito presidente, com apoio de alguns remanescentes do antigo regime, reunidos sob o título de Nova República, que duraria pouco.

Tancredo não chegou a assumir. Foi internado na véspera da posse, em 15 de março de 1985, e morreu pouco mais de um mês depois, em 21 de abril. Sarney assumiu e, no final de governo, estava praticamente isolado. Mesmo com a esperança democrática, as tensões continuavam e os planos econômicos não davam conta de superar as altas constantes do custo de vida.

Eram tempos de inflação nas nuvens. Quase 40% ao mês, incríveis 758,79% acumulados naquele ano, até outubro (IPC) e 1.303,78% em 12 meses. Havia o dólar no mercado paralelo, ou “black”, com ágio de 100% em relação ao oficial…”

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Um Comentário

  1. "O fato é que a nossa democracia é ainda muito jovem, e estamos a aprender todo dia", com a devida vênia, esta auto-indulgência vai até quando?
    Modernidade incompleta, pós-modernidade, neomedievalismo,etc, não chegaram na aldeia ainda?
    A democracia representativa (nos atuais formatos) não entrou em crise antes de se consolidar no Brasil? Ou as jornadas de junho não significaram algo? Alás a democracia representativa está em crise no mundo todo.

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