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Mídia julgadora (2). João Luiz, presidente do TCE, visitou José Fernandes. Onde está o crime?

Por considerar oportuno, reproduzo a seguir, na íntegra, nota que publiquei perto das 3 da tarde de ontem:

 

 

“Operação Rodin. João Luiz Vargas visita o indiciado José Fernandes. E daí? Onde está o crime?

 

Confira, a seguir, nota publicada pelo jornalista André Machado, da Rádio Gaúcha, no blog que mantém na versão online do jornal Zero Hora. Lá no final, o meu comentário. Acompanhe:

 

“João Luiz Vargas erra ao visitar amigo indiciado

. O valor de uma amizade não tem preço. O cuidado na gestão da coisa pública também não.

O presidente do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, João Luiz Vargas, optou pelo amigo ao procurar hoje o professor José Fernandes, sócio da Pensant e indiciado pela Operação Rodin. O cidadão João Luiz certamente poderia visitar um amigo em apuros. Mas o presidente do TCE certamente não poderia fazê-lo. E hoje o cidadão João Luiz e o presidente do TCE são a mesma pessoa.

“Eu nunca abandono meus amigos, especialmente quando estão passando por dificuldades”, disse o presidente do TCE ao deixar o prédio.

O nome de João Luiz Vargas foi citado no inquérito da Polícia Federal. Ele nunca negou a proximidade com o professor Fernandes, com quem trabalhou no tempo em que era deputado estadual. Hoje João Luiz ficou por cerca de uma hora no apartamento do amigo no bairro Bela Vista.

João Luiz Vargas garante que sempre o interesse da região de Santa Maria esteve acima do interesse da Pensant. Ele ainda não vê incompatibilidade entre o seu cargo e a visita.

Erra! Não era momento para fazer a visita. O presidente do Tribunal de Contas do Estado não poderia ter ido à casa do mentor da fraude que é investigada pela Polícia Federal e apurada pela Assembléia Legislativa. Casa da qual João Luiz foi presidente.”

 

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: conheço e tenho respeito pessoal e político por José Antonio Fernandes e João Luiz Vargas. O primeiro, inclusive, foi meu professor, “duzentos anos atrás”, no curso de Direito. Introdução à Economia, ou coisa que o valha, era a disciplina que ministrou. O nome exato não lembro, menos ainda o currículo da época. Mais que isso, votei em Fernandes em 1981, quando houve uma eleição direta para reitor, não reconhecida pelas autoridades da época. E nem faz tanto tempo assim, embora sobrem desmemoriados nos dias atuais.

 

Não posso, de jeito algum, dizer que ambos são meus amigos. Mas poderiam ser. Assim como vários dos indiciados em função da Operação Rodin. Com alguns, relações profissionais, outras pessoais. Exemplo: o professor Ronaldo Morales, presidente da Fatec, e indiciado pela Polícia Federal. Não ponho a mão no fogo por ninguém, mas duvido que Morales tenha obtido, em sua vida inteira, um só tostão ilegítimo.

 

Não visitei nenhum dos indiciados ou meramente citados pela Operação Rodin, da Polícia Federal. Mas, pergunto, aqui do meu cantinho (nem sempre) humilde: seria crime visitar algum deles? Em que Código está tipificado que você não pode conversar, visitar ou até se relacionar com alguém que está sob suspeita de ato ilícito.

 

Vou mais além: olhe ao seu redor. Faça uma volta de 360% na sua vida profissional e pessoal. E responda a seguinte pergunta: não existe ninguém, mas ninguém mesmo, que tenha cometido deslize ou alguma coisa que pudesse significar crime? Fiz isso. E encontrei uma meia dúzia de parentes, um deles até bem próximo, bastante encrencado. Deixarei de visitá-lo? Talvez. Mas não pela encrenca deles.

 

Resumo da ópera: daqui a pouquinho, se é que já não chegamos, os inocentes (e há alguns deles, esteja certo) estarão condenados, bem antes do julgamento. E as práticas (pelo menos eu faço isso) que condenamos na mídia grandona virarão regra pétrea também aqui por perto. Ou alguém vai me convencer que, no caso específico, o “testemunho” da saída de João Luiz Vargas da casa de José Fernandes se deu por obra do acaso? Faça-me o favor… Ah, e queriam que ele dissesse o que, além do óbvio: “não abandono meus amigos”.

 

O respeito que tenho pelo profissional André Machado continua o mesmo. No caso específico, porém, discordo frontalmente. E ponto.

 

EM TEMPO: quem indicia é a polícia, quem denuncia é o Ministério Público, quem julga é o Judiciário. Que eu saiba (embora as evidências em contrário), nenhuma dessas ações é da mídia. Embora pareça.

 

SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui outras notas publicadas pelo jornalista André Machado.

Para mais detalhes sobre a visita, confira também a notícia “Presidente do TCE visita indiciado no caso do Detran”, de Daniel Scola, da Rádio Gaúcha, no portal ZeroHora.Com.

 

 

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