“HUSM-UFSM – trajetória de compromissos com o ensino, com a pesquisa e com a saúde pública
Por PAULO BURMANN
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria
Além da sua história original de apoio e participação na saúde pública da região, o HUSM-UFSM, a partir da sua mudança para o campus da UFSM, em 1981, confirma sua vocação e determinação de inserção nas politicas públicas de saúde.
Com o aumento progressivo da demanda e com o advento da lei 8080 (1988), que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), o HUSM-UFSM passou a integrar definitivamente a Rede de Assistência ao SUS.
Em 1996, por ocasião do descredenciamento do HCAA do SUS, o município de Santa Maria e toda a Região Central enfrentaram a situação dramática de não dispor de atendimento emergencial. Diante disto, os gestores municipais acorreram ao HUSM como única alternativa para o “Pronto Socorro Regional”, criando, então, o Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) para contratação de profissionais que atuaram junto ao HUSM até o ano de 2002.
A partir daí, o quadro foi aos poucos sendo recomposto com contratações pela UFSM, sempre com déficit preocupante, levando à crescente sobrecarga de trabalho das equipes, que se revezam na atenção à saúde da população regional, no ensino e na pesquisa, sustentando, assim, o único hospital público da região 100% SUS.
Em 2004, iniciou-se o processo de certificação doS HUs (MEC/MS), cumprindo as exigências técnicas e legais crescentes que levaram o HUSM a se tornar um dos primeiros HUs certificados como hospital de ensino e contratualizados para a assistência, passando a ser avaliado, auditado e a responder por metas de produção de serviços de saúde, bem como de ensino e pesquisa. O HUSM tem conquistado as melhores avaliações de satisfação pela comunidade regional, o que obviamente não nos tranquiliza diante da demanda que não para de crescer.
Em relação ao ensino de graduação, o HUSM é campo de prática e de estágios para 16 cursos de graduação da UFSM (Campus Sede e CESNORS), além de cursos técnicos. Recebe também alunos de inúmeras instituições de ensino do Estado que veem no hospital uma oportunidade única de aprendizado. Dessa forma, mais de mil alunos passam pelo HUSM a cada semestre, envolvendo docentes do CCS e profissionais do próprio hospital. O HUSM é campo para 40 programas de residência médica (190 vagas anuais), para a residência multiprofissional, com 4 linhas de atuação e 65 vagas anuais distribuídas entre Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Enfermagem, Terapia Ocupacional, Assistência Social, Educação Física, Nutrição e Psicologia. É campo, também, para diversos cursos de especialização, mestrado e doutorado da UFSM, na área da saúde e áreas afins, o que, além da qualificação de profissionais, constitui espaço para desenvolvimento da pesquisa com caráter científico, social e tecnológico, a partir de 40 grupos de pesquisa que ali atuam.
Em 2013, o HUSM passou a abrigar também o Centro de Atendimento a Vítimas de Acidentes (CIAVA), criado emergencialmente, para atender às vítimas do trágico incêndio de 2013. Nessa ocasião, novamente, o Hospital Universitário, com toda a sua equipe de profissionais, docentes e estudantes, foi e continua sendo a instituição de referência para mais de 1.500 vítimas diretas e indiretas, que encontram ali continuado suporte terapêutico e atenção para retomar suas vidas.
Ainda na assistência, em 2013, o HUSM ofertou 150.669 consultas especializadas; realizou 13.107 internações; mais de 5.036 cirurgias em centro cirúrgico e 19.350 ambulatoriais; 44.541 atendimentos no PS e 1.062.073 exames.
Assim, afirmar que o HUSM-UFSM não dá respostas às necessidades da população e que somos bons apenas para ensino e pesquisa, traduz a desinformação. Vejamos os fatos: fato 1: somos bons em ensino e pesquisa; fato 2: atendemos às necessidades das pessoas; fato 3: temos consciência de que isto não é suficiente, que podemos melhorar e estamos melhorando cada dia, na medida em que conquistamos as condições adequadas para fazê-lo.
Nesse contexto e diante das declarações apressadas sobre o papel do HUSM-UFSM para a saúde pública regional, é justo que as opiniões sejam fundamentadas no interesse coletivo e em dados reais, que reflitam o grau de satisfação e importância do HUSM-UFSM para a população que encontra ali seu principal suporte à saúde e para a comunidade acadêmica, que ali também encontra imprescindível campo de formação para contribuir para a consolidação do grande e complexo sistema público de saúde. Não vamos esquecer que a formação e a pesquisa são fundamentais para que esse sistema público funcione adequadamente.
A solução de entregar estruturas públicas, como a do Hospital Regional, para instituições privadas (que reconhecidamente têm seu papel diante do sistema), além de comprometer o caráter 100% SUS do hospital público, carece, inclusive, de legalidade e pode estar comprometendo o único interesse que deve ser preservado – o da população, que depende do sistema de saúde 100% público.
A manifestação do Reitor da UFSM deixa claro o compromisso da Universidade PÚBLICA com um sistema de saúde TAMBÉM PÚBLICO, o SUS. Além disso projeta o que a sociedade atual espera da UFSM: comprometimento com a consolidação do SUS e ampliação do acesso, tanto para a formação de profissionais para o próprio Sistema, quanto de usuários naquilo que é papel de um Hospital Universitário. Parabéns Reitor Burmann!
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. E vice-versa. A população quando tem problema de saúde quer entrar num estabelecimento e ser atendida de forma rápida e eficiente. Gratuitamente, até porque paga muito imposto. Se é um estabelecimento 100% SUS ou não, não interessa. Isto é um problema ideológico que a população não tem.
Ensino, pesquisa e extensão é um problema dos estudantes e professores. Faz diferença no futuro? Sim, mas misturar benefícios futuros com problemas presentes para minimizá-los é uma tática muito apreciada pelos políticos. Só que no ramo da saúde a população precisa permanecer viva para desfrutar do futuro brilhante.
E o SUS, bueno, o SUS é uma boa idéia que nunca funcionou direito. O dia que o SUS funcionar direito ninguém irá precisar de um seguro saúde privado. Subfinanciamento, falta de pessoal, etc.
O HU é 100% SUS e existem reclamações. As estatísticas só mostram que é investido dinheiro na instituição e ela presta os serviços (bem ou mal) para que recebe. Nenhum favor. Só no orçamento são 145 milhões para 2014.