Artigos

Dizem que sou louco – por Bianca Zasso

Maluco beleza, lelé da cuca, doido. Nomes não faltam para batizar quem foge dos tão falados padrões. E se de médico e louco todo mundo tem um pouco, esta colunista vai tentar um diagnóstico mesmo tendo sido educada bem longe dos livros de psiquiatria: a loucura no cinema é uma doença sem cura.

E quando digo loucura, não me refiro apenas aos problemas da mente, mas aos problemas da vida, que ganham dimensões gigantescas que nosso corpo não aguenta e explode. Acessos de raiva, a vontade de mudar de lugar, a busca por uma liberdade plena ou o amor verdadeiro. Muitos são os motivos que parecem desligar nossa razão e ligar nossa emoção no último volume.

Existem os filmes de loucos, ou seja, histórias de pessoas que sofreram com a loucura-doença. Camille Claudel: 1915, com direção de Bruno Dummont e interpretação brilhante de Juliette Binoche, apresenta como a escultora francesa enfrentou as três décadas em que esteve internada no manicômio após ser diagnosticada com esquizofrenia. Suas esculturas, tão belas e admiradas até hoje, escondem uma história triste. Esta é apenas um dos muitos exemplos de artistas que ganharam as telas do cinema por terem vidas onde a linha entre o talento e a loucura é tênue.

E o que dizer do cinema de David Lynch? Será loucura? Os amantes do diretor, grupo do qual essa que vos escreve faz parte, dirão que não. Lynch não é louco, apenas leva para as telas o absurdo que nos cerca. Sua linguagem, mais próxima do sonho que do formal começo, meio e fim, depois de absorvida, é capaz de nos fazer incluir suas produções entre as nossas favoritas. Ser compreendido é para os fracos; Lynch prefere ser apreciado. E nos deixar doidos e felizes.

Ingmar Bergman calava plateias com suas personagens que encaram quilômetros, se isolam em ilha afastadas e não se resolvem. Michelangelo Antonioni criou um jornalista que troca de vida e mesmo assim não se encontra. Estar perdido é um tipo de loucura? Talvez, pois assim como na Idade Médio os loucos eram isolados da sociedade, quem foge das regras, ou cria as suas próprias, terá que encarar ser chamado de maluco que seja uma vez na vida.

O amor, ah, o amor. Esse enlouquece nas telas e nas ruas desde sempre. Rende romances, comédias, dramas e o gênero que vier. E até os que fogem dos loucos correm atrás do amor. Afinal, ele é tudo que a gente precisa para não enlouquecer. Ao lado do cinema, é claro.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo