EXCLUSIVO. Licença ambiental da Travessia Urbana sairá esta semana, diz Pimenta. Que não ficou só nisso
O deputado federal Paulo Pimenta conseguiu seu quarto mandato como deputado federal. O segundo consecutivo em que é o mais votado de seu partido, o PT, no Rio Grande do Sul. E em todas as eleições para a Câmara ultrapassou os 100 mil votos – o que é um feito histórico, nunca atingido por qualquer outro concorrente que tivesse Santa Maria como base eleitoral.
Nessa condição, e pelo fato de ser o principal nome (internamente) do petismo local, e avalista de uma série de iniciativas com repercussão na boca do monte e arredores, o sítio fez uma entrevista exclusiva com Pimenta. E pretende, aliás, fazer o mesmo com os outros deputados da comuna.
Pela extensão, e disparidade dos temas, a entrevista será publicada em duas partes – a próxima na madrugada desta terça. Mas, nesta, que você confere abaixo, ao lado de questões políticas, como a análise do recente pleito, há uma bem objetiva e atual: a Travessia Urbana, a principal obra viária da cidade, inteiramente possível por conta de recursos federais. Mas há mais, bem mais, inclusive considerações sobre o governo da comuna, seu partido e outras questões politico/econômicas, como você pode conferir a seguir:
Uma avaliação do resultado do pleito, do ponto de vista do desempenho pessoal. Atingiu os objetivos? Que fatores podem ter determinado uma redução no número de votos de uma eleição para outra?
Avalio que o resultado eleitoral foi excelente, especialmente por ter alcançado um dos objetivos que era ser o deputado federal mais votado do PT no Rio Grande do Sul. Em todo o Brasil, ocorreram dois fenômenos. Primeiro, o PT teve um redução na sua representação, perdemos 78 deputados federais, evidentemente que isso também atingiu o PT no estado. Mas o fator principal para a redução no número de votos foi que houve uma redução geral no colégio eleitoral. Nós tivemos um aumento no número de votos em branco, nulos e abstenções, ao ponto de que em Santa Maria nós tivemos cerca de 140 mil votos válidos. Então, percentualmente, praticamente, nós mantivemos a nossa votação no Estado.
Avaliação do pleito estadual, na majoritária. O que teria determinado a derrota de Olívio Dutra, para o Senado, e Tarso Genro, para o Piratini?
A candidatura do Olívio não enfrentou um partido, ela enfrentou uma personalidade da mídia gaúcha, construída ao longo de décadas, no principal veículo de comunicação do Estado, onde claramente o Lasier construiu uma imagem da anti-política, a partir de um discurso que busca trabalhar ao nível do senso comum, um sentimento que esteve muito no cenário eleitoral deste ano. Veja que o deputado mais votado do Rio de Janeiro foi o Jair Bolsonaro. Em São Paulo, foi o Celso Russomano, seguido do Tiririca e em terceiro lugar o pastor Marco Feliciano. Então, existe um discurso conservador, que tem um traço forte de desconstrução da política, que é característico da direita, da grande mídia, que enfraquece a política com objetivo de fortalecer os seus interesses econômicos na sociedade, e o Lasier é a expressão disso. Com relação ao Tarso, considero que ele fez um governo bom. O Rio Grande do Sul é um Estado que tem um problema estrutural, e não é por acaso que nunca reelegeu um governador. Também teve um problema grave, no meu ponto de vista, de comunicação. Fez muita coisa boa, mas não soube mostrar. E pagou o preço das suas limitações.
De que forma será possível conciliar, do ponto de vista do parlamentar e deste em sua relação com Santa Maria, um governo aliado em Brasília e outro adversário no Rio Grande do Sul? Exemplo concreto: a Travessia Urbana estaria dependendo ainda de documentação (liberação) da Fepam, órgão ligado ao Governo do Estado, enquanto que a administração da obra propriamente dita é do DNIT, organismo federal.
Nunca tive dificuldades para trabalhar com prefeitos, governadores de diferentes partidos. Aqui em Santa Maria, tanto como vereador ou deputado, trabalhei com Dr. Farret, Osvaldo Nascimento, Evandro Behr, Cezar Schirmer, e nunca deixei de fazer minhas coisas por conta de quem era o prefeito ou o governador. Então, os projetos principais que eu trabalho vão andar normalmente.
Com relação específica à travessia urbana, meu objetivo é, ainda durante a Feisma, entregar para Santa Maria a licença da Fepam, que permita que a gente possa dar ordem de inicio à obra o mais rapidamente possível. Estou trabalhando direto nisso, e pretendo levar em mãos, quando da minha visita à Feisma, no próximo final de semana, a licença já emitida pela Fepam.
O que se pode esperar, do ponto de vista de Santa Maria e região, do governo de Dilma Rousseff e de que forma o deputado pode interferir nisso.
Santa Maria vive um processo muito intenso de investimentos, especialmente na área de infraestrutura, que iniciou durante o governo do Lula e prosseguem num ritmo bastante intenso no governo Dilma. Eu me orgulho de ter sido deputado durante esses quatro governos e participar diretamente de todas as conquistas. Nós temos a obra da travessia urbana; a duplicação da Uglione até o Castelinho; temos o novo projeto de revitalização da Faixa Nova, temos a BR-392. São investimentos que somados ultrapassam a casa de R$ 2 bilhões, que, em minha opinião, ao longo desse período, vão mudar completamente a realidade da infraestrutura urbana do entorno de Santa Maria.
Temos também outros projetos, em parceria com a UFSM, o Hospital Regional, entre outros. Mas, confesso que estou muito preocupado com a situação da Prefeitura, pois temos um volume muito grande de obras contratadas, com recursos federais, que não estão sendo executadas, ou em um processo de execução muito lento. Mas vou continuar fazendo essa aproximação entre a nossa cidade e a nossa região com o Governo Federal que é o que eu mais sei fazer. Acho, inclusive, que é por isso que eu recebo uma votação tão grande em Santa Maria e na região.
Há quem diga que o desempenho do PT em Santa Maria ficou aquém da expectativa, sobretudo pelo desempenho inferior de Valdeci Oliveira, na disputa de vaga pela Assembleia. Há quem diga, porém, que o desempenho do PT ficou dentro da expectativa, na medida em que outros candidatos locais fizeram votação que, somada a de Valdeci, no mínimo igualou o obtido quatro anos antes. Gostaria de um comentário do deputado a respeito.
O Valdeci é uma figura extraordinária. Teve uma atitude corajosa de ser líder do governo Tarso na Assembleia, e acabou também isso, de alguma maneira, tendo uma interferência, no resultado eleitoral dele. Mas eu creio que a votação do PT como um todo foi uma votação dentro daquilo que era esperado.
Como disse, você não pode avaliar a eleição em Santa Maria e do Rio Grande do Sul fora do contexto nacional. O PT tinha 149 deputados estaduais em todo o Brasil e elegeu 109. É evidente que isso se reflete em Santa Maria ou no Rio Grande do Sul. Houve uma grande campanha dos setores conservadores desse País, que enxergam o nosso partido como protagonista desse processo de transformação que o Brasil está vivendo, de ter criado tantas oportunidades para segmentos e setores da sociedade que nunca tiveram vez nem voz.
E esses setores conservadores se articulam e enxergam o PT como alvo, e enxergam nas nossas candidaturas sempre a representação desse projeto. Então, nós nos tornamos, muitas vezes, o alvo preferido desses segmentos. Isso acontece com Valdeci, isso acontece comigo, e evidentemente, o resultado eleitoral que obtivemos é um reflexo disso tudo.
Dentro de dois anos, há eleição municipal. Como o PT deve se comportar diante do evento? Vai sozinho (se houver possibilidade de segundo turno)? Buscará alianças? Com quem? Obviamente, o deputado não é o presidente do PT, mas lidera a corrente majoritária no partido – daí a importância adicional da opinião dele.
O PT de Santa Maria é um partido muito forte. Veja que a nossa votação para deputado federal, por exemplo, chegou a quase 50% dos votos válidos da cidade, no somatório dos candidatos locais a deputado federal do PT. Então, nós sabemos que o futuro de Santa Maria passa também pelo PT. Eu acho que a cidade tem que viver um processo quase de reconstrução. Vai ser muito difícil para Santa Maria enfrentar mais dois anos de um governo que praticamente já acabou. A postura do prefeito Schirmer, do Dr. Farret e da equipe deles é de como se estivéssemos no final de governo.
A sensação que eu tenho é que eles desistiram da tarefa de administrar a cidade. Então, nós vamos pagar um preço muito caro por isso. Temos que fazer um processo muito grande de reconstrução, que envolve a composição de uma aliança política, mas que vá além dos partidos. Eu tenho conversado com diversos segmentos da sociedade, no meio universitário, empresarial, lideranças comunitárias, vereadores, para que a gente construa uma ampla frente política que tenha consistência, que tenha estabilidade, para poder enfrentar as grandes questões que Santa Maria precisa enfrentar. E, certamente, nós vamos estar presente neste processo.
OBSERVAÇÃO: o restante da entrevista, com considerações, por exemplo, acerca do pleito de 2016, você terá na próxima madrugada, aqui mesmo.
O ex-governador Olívio aumentou sim o ICMS dos serviços de TV a cabo, como justificativa de ser utilizado pelas "zelites" nas palavras de um deputado estadual do seu partido, à época.
Como bom petista, Pimenta trabalha o imagético e o simbólico para mascarar a realidade.
Não existe campanha contra o sistema político. O sistema político simplesmente não funciona. Se não fosse assim, não falavam tanto em reforma política. Ele mesmo, quando não trabalha de carimbador de medidas provisórias em BSB, trabalha de despachante para a cidade. Catar licença ambiental estadual e entregar em mãos não é serviço de deputado estadual. Dilma prometeu "modernizar" o processo de licenciamento ambiental. Vamos ver a briga.
As obras não estão atrasadas/paradas só em SM.
Cá para nós, este papo de "quem está contra nós são os conservadores" só funciona nas mentes menos privilegiadas. E o problema não são os programas sociais, o único argumento que os petistas usam para esconder o resultado da falta de gestão/planejamento. Distribuir renda não precisa muito talento, todo o resto precisa. Este é o problema.
Olívio foi um dos piores governadores que o RS já teve. Colocou a mão no Colégio Tiradentes, tentou aumentar o ICMS, etc. Tanto que Tarso, o intelectual, forçou as primárias no partido e não deixou ele concorrer à reeleição.
Valdeci, pelo jeito, é o candidato para 2016. E a solução dos problemas da cidade passa por um pacto federativo e reforma tributária. Coisas que não acontecerão.