Coluna

Pitadas de Oscar – por Bianca Zasso

Nem os mais sonhadores ou os críticos com décadas de Oscar nas costas poderiam imaginar que a cerimônia de 2017 seria tão memorável não pelo talento, mas pela falta de organização. Tal como um filme de começo travado e que engrena do meio para o final, a premiação terminou com sorrisos, algumas decepções e críticas ao presidente Trump, bem menos do que deveriam, aliás. Mas vamos as Pitadas:

– Melhor filme. Estava tudo correndo numa calmaria de dar sono. Faye Dunaway, irreconhecível devido as plásticas, e Warren Beatty, entraram para anunciar o vencedor e também comemorar os 50 anos do clássico Bonnie e Clyde. Não fizeram nem uma coisa nem outra. Uma falta de organização gigante da produção entregou o envelope errado e o título La la land foi dito por Faye. Com parte da equipe já no palco para os agradecimentos, houve a correção. Moonlight era o melhor filme, segundo os votantes da Academia. A vergonha alheia tomou conta, mas houve até tempo para comemorar a escolha surpreendente.

– Justin Timberlake abriu os trabalhos com a dançante música da animação Trolls, que ultrapassou o filme e chegou as paradas de sucesso. Foi, de longe, a melhor interpretação dos concorrentes a melhor canção;

– O primeiro cenário da festa lembrava muito Metrópolis, do diretor Fritz Lang. Ao longo da noite ele mudou, mas continuou com brilho e sem cafonice, para o bem dos nossos olhos e dos diretores de arte;

– Esquadrão Suicida, uma das piores produções do ano passado, levou o prêmio de Melhor Maquiagem e Penteado. Não merecia, ninguém levava fé, mas minha intuição dizia que a Estatueta era dele. Ponto para mim no bolão e um remedinho para a Academia, que parece precisar de óculos novamente nesta categoria;

– Como fã do universo criado pela escritora J.K. Rowling, foi uma alegria ver Animais fantásticos e onde habitam faturar o prêmio de melhor figurino…

-…Em compensação, o manipulador e cansativo O.J – Made in America ser eleito o melhor documentário num ano que tivemos obras-primas como Eu não sou seu negro e 13ª Emenda, foi uma das tristezas da noite.

– Jackie Chan todo faceiro com seu Oscar honorário. Eu curti J ;

– Melhor Mixagem e Melhor Montagem para Até o último homem, de Mel Gibson. Mesmo sendo prêmios técnicos, e este quesito não é dos piores do filme, achei muito destaque para um filme de guerra mediano e com atuações sofríveis. Isso sem contar que a categoria de melhor montagem, que durante um tempo era a pista para o melhor filme, passou longe dos dois principais premiados. Vai entender.

– As piadas chatas, o bullying do apresentador Jimmy Kimmel com Matt Damon e o troféu de melhor ator para Casey Affleck: não precisava. Me julguem.

– O tema da inspiração que o cinema tem na vida das pessoas podia ter rendido mais. Os depoimentos dos atores e cinéfilos foram curtos, mas valeu pelas falas de Lázaro Ramos e Seu Jorge, representando nosso Brasil.

-Viola Davis fez um discurso sobre amor à arte. Lindo, lindo, lindo.

– O apartamento, como melhor filme estrangeiro foi uma das melhores escolhas da noite e ainda teve o poderoso discurso do diretor Asghar Farhadi, que não pode comparecer à festa devido ao decreto de Trump.

– O In Memoriam foi dos mais sofridos de todos os tempos. E lembraram do Hector Babenco, que era o mínimo que se esperava.

– Emma Stone é bonita, tem olhos expressivos e se desdobra para cantar, dançar e atuar em La La Land. Mas, ao lado de Isabelle Huppert, ela é só mais uma estrela jovem americana com muito para aprender. Injusto, mas esperado.

– A distribuição de prêmios foi equilibrada. Nenhum filme saiu de mãos abanando, o que parece ser uma amostra de medo da Academia. E todos perceberam. Vale lembrar que em tempos em que a América é governada por um senhor egocêntrico e com ideias nada humanitárias, a revolução é necessária. Quem quer agradar a todos, no fundo não tem apreço por ninguém.

Beijos da Bia e até o Oscar 2018!

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Um Comentário

  1. Bia, tu é muito jovem, mas o bullying do Jimmy Kimmel com Matt Damon é uma piada antiga, que os americanos entenderam. Sei lá, quantos anos atrás, a produção do Jimmy convidou o Matt para uma entrevista, E, não lembro o motivo, não rolou. Desde então, o Jim, de zoeira, termina o programa dizendo que “Amanhã, teremos Matt Damon”. Ok. Mas daí, o Jimmy namorava uma comediante chamada Sarah Silverman, que, pra zoar o Jimmy, fez um vídeo “I fucked Matt Damon” (com a participação do mesmo). O Jimmy revidou com ” I fucked Ben Affleck (com a participação do mesmo). Espero que tu ache os vídeos… <3

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