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Mídia e eleições (2). O risco do opinionismo que tomou conta das emissoras de rádio de SM

Dê uma conferida no excelente (opinião claudemiriana, claro) artigo do professor Venício A. de Lima, publicado pelo sítio especializado Observatório da Imprensa. Depois, lá no final, leia o meu próprio comentário. Acompanhe:

 

“COBERTURA POLÍTICA – Entre a imparcialidade e o comprometimento

Resultados de pesquisas realizadas por diferentes instituições ao longo da campanha eleitoral de 2006 revelaram que a cobertura que os principais jornais e revistas ofereceram dos candidatos a presidente da República foi desequilibrada, isto é, favoreceu a um deles. Não foi a primeira vez, certamente, que isso ocorreu, mas nas eleições de 2006 o fato pôde ser fartamente comprovado e a cobertura jornalística acabou por transformar-se, no segundo turno, em tema de debate da própria campanha [cf. V.A. de Lima (org.), A Mídia nas Eleições de 2006, Editora Fundação Perseu Abramo, 2007).

Em 2006, apenas a CartaCapital tomou posição editorial a favor de um dos candidatos. Todas as outras principais revistas e jornais deixaram de manifestar publicamente sua posição. De qualquer maneira, a grande mídia sempre insistiu que sua cobertura é realizada dentro das normas da imparcialidade e da objetividade jornalística, isto é, sem a intenção de favorecer a este ou aquele candidato.

Qualquer estudante de jornalismo sabe (ou deveria saber), no entanto, que imparcialidade e objetividade são princípios irrealizáveis na prática concreta da apuração e da redação de notícias, sejam elas de política ou de outra editoria. O que se busca no jornalismo sério e responsável é minimizar a contaminação da cobertura pelas preferências pessoais do(a) repórter e pelos interesses dos donos dos jornais, expressos nos editoriais e nas colunas de opinião dos respectivos veículos.

Na verdade, uma série de fatores tem tornado a imparcialidade e a objetividade cada vez mais difíceis na prática jornalística. Um desses fatores é a transformação das empresas de mídia em grande conglomerados com interesses amplos e diversificados em vários setores da economia e, portanto, na formulação de inúmeras políticas públicas.

Uma das alternativas sempre lembradas para a ausência da imparcialidade que se manifesta, sobretudo, nas coberturas das campanhas eleitorais seria que os jornais declarassem publicamente sua posição política e assumissem a “contaminação” de sua cobertura jornalística pela posição assumida. O leitor saberia que o jornal X tem tal posição política e apóia tal candidato e o jornal Y tem outra posição e apóia outro candidato…”

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: os jornais diários de Santa Maria têm mostrado, ao longo do tempo, que podem até falhar nas coberturas eleitorais, mas não por comprometimento ou o que seja de suas redações. Não há preocupação, portanto, com a mídia impressa da boca do monte.

 

No entanto, por várias razões, uma delas é que dá audiência e outra, a principal, é que ficou barato e há “mão de obra” sobrando, as emissoras de rádio local, com exceções beeeem localizadas, não fazem mais jornalismo, mas opinionismo. Essa postura embute riscos que, se não forem bem elaborados, levarão a incontáveis problemas. Que vão arder, sobretudo, no principal órgão dos dirigentes da radiofonia local: o bolso.

 

Além de fazer (e me preocupar bastante com a questão legal), ouço muito rádio. E o que tenho escutado me faz crescer (parece impossível, mas acontece) cabelos. Se a Justiça Eleitoral for provocada, não tenho dúvida, as multas vão sobrar. É impressionante como se disfarçam, numa suposta “imparcialidade”, opiniões bastante claras, contra e a favor a A ou B. E os partidos, com absoluta certeza, num pleito acirrado como este que se aproxima, escalarão ouvidores em todos os horários, para conferir como se opina (muuuito mais) e se informa (muuuuuito menos) nas emissoras comerciais do rádio santa-mariense. Pode anotar.

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do artigo “Cobertura Política – Entre a imparcialidade e o comprometimento”, de Venício A. de Lima, no sítio especializado Observatório da Imprensa.

 

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