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É de pequeno que se aprende a filosofar – por Bianca Zasso

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No último domingo, dia 15, multidões foram para a rua protestar. Uns pelo fim da corrupção, outros pedindo o impeachment da nossa presidenta e ainda teve que foi para a rua com a cara pintada para garantir uma foto nova no Instagram ou em busca de curtidas no Facebook. Cada um na sua. Porém, mesmo acreditando que cada um pede como quer, penso que há outras maneiras de fazer deste nosso país tropical um lugar melhor. O prezado leitor pode estar pensando: mas esta não é uma coluna sobre cinema? É, meu caro. E a Sétima Arte tem mais para ensinar do que você imagina.

A revolução começa dentro de casa. Pais pedem mais investimentos na educação. Mas será que investem um pedacinho do salário com livros e sessões de cinema para seus pequenos? Educação não é responsabilidade apenas dos professores. Acredito que se cada um de nós ensinasse para a nova geração o que é caráter usando métodos que vão além do sermão, muitas coisas seriam diferentes. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço é o refrão de muitos lares, infelizmente.

Crianças aprendem mais com imagens do que com discursos. Tornar a ida ao cinema um aprendizado divertido e não somente um motivo para se empanturrar de pipoca pode ser um bom começo. O documentário Apenas o começo, dos franceses Jean-Pierre Pozzi e Pierre Barougier deveria ser obrigatório para famílias e educadores, quase um preparatório para quem quer criar um bom cidadão. O filme tem como fio condutor um curso preparado por um professor de filosofia para orientar pedagogos a introduzir temas filosóficos nas aulas do jardim de infância.

Sim, meus caros, é de pequeno que se filosofa. As perguntas cabeludas dos filhos e também suas respostas indiscretas parecem apenas charme infantil. Na verdade, as criaturinhas estão desvendando o mundo e refletindo, ao seu modo, sobre as coisas de vivenciam. Amor, liberdade, limites, morte.

Temas complexos para cérebros tão crus? Crianças não são bobas, meu caro. Durante todo o filme, ouvimos diálogos que deixariam muitos adultos que se consideram bem resolvidos de queixo caído. Eles comentam o que escutam nos noticiários, expõe os preconceitos dos pais e apresentam seus medos. A conversa é acompanhada de perto pela professora que emenda uma pergunta atrás da outra e força as cabecinhas a pensarem.

Pensar. Se estimulássemos nossos filhos, sobrinhos, netos e afilhados a pensarem o mundo ao invés de listarmos o que é certo e errado com tom autoritário, com certeza teríamos pessoas mais humanas, críticas e conscientes. Se a maioria dos participantes dos protestos de domingo não tenha nem ideia do que estava fazendo, é porque seguiram o fluxo e embarcaram na mania de reclamação sem conteúdo que parece tomar conta deste país.

Pensem, minha gente. Analisem, escutem todas as versões, pense mais um pouco, repense suas opiniões e nunca seja convicto. Convicções são cárceres, já diria Nietzsche. Crianças com menos de dez anos sabem disso sem precisar consultar os livros. Está na hora de aprender com elas antes de sair por aí gritando palavras de ordem sem significado algum.

Apenas o começo (Ce n’est qu’un début)

Direção: Jean-Pierre Pozzi e Pierre Barougier

Ano: 2010

Disponível em DVD

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